Outras Opiniões

Importar? Que seguranças posso ter?

Por a 16 de Maio de 2008 as 9:30

joaquim loureiro

Numa altura em que os produtos portugueses estão a tornar-se menos competitivos e o mercado europeu parece ser invadido por importações provenientes do Extremo Oriente (essencialmente China, Vietname, Índia, Paquistão e Bangladesh), este é um tema que preocupa empresários e comerciantes. A polémica instalou-se e, quer sejamos a favor ou contra a liberalização dos mercados, uma certeza deve permanecer: os produtos postos à disposição do consumidor final têm de oferecer um nível mínimo garantido de Qualidade.

No entanto, um conjunto de factores contribui para um estado de incertezas e dúvidas por parte dos Importadores. Até que ponto se pode confiar num produto cujo preço é tão baixo? Qual o nível da Qualidade oferecido por estes produtores tão longínquos?

De facto, a distância física e as diferenças linguísticas e culturais podem tornar-se grandes obstáculos, numa negociação que se quer, acima de tudo, com confiança. Mas como é possível reduzir os riscos implícitos à negociação internacional, prevenindo prejuízos desnecessários? Para as Empresas Inspectoras Independentes, a resposta reside em mecanismos de controlo da qualidade e da quantidade, no âmbito das trocas internacionais.

É sempre difícil reclamar e recuperar o dinheiro investido junto das autoridades chinesas ou de outro país situado no Extremo Oriente, mais uma vez devido às grandes diferenças linguísticas, e até mesmo legislativas e administrativas. Portanto, é sempre melhor apostar e investir na prevenção, criando condições contratuais bem definidas entre o Importador, as Entidades Bancárias e o Fornecedor. Para tal, deve-se recorrer a Empresas Inspectoras Independentes, completamente isentas relativamente a todas as partes e de mérito reconhecido no mercado.

O Importador pode e deve negociar com o Fornecedor, exigindo que a sua mercadoria seja inspeccionada por uma empresa que é considerada idónea, isenta e reconhecida mundialmente (condição essencial para a credibilidade das inspecções internacionais).

Para tal, todos os negócios devem ser efectuados com pagamento por carta de crédito. Esta deve mencionar uma exigência documental de um Certificado de Inspecção passado por uma Empresa Inspectora Independente, para pagamento da mercadoria.

É recomendado ao Importador que adjudique o serviço a uma Empresa Inspectora Independente do seu próprio país, pois consegue-se uma maior optimização da comunicação e da gestão dos processos. Sem dúvida que uma vantagem competitiva neste serviço consiste numa presença também no país do Exportador.

Neste momento, as Empresas Inspectoras Independentes têm um largo leque de serviços que podem ser prestados ao importador, tais como:

  •  Prospecção de Fornecedores;
  •  Qualificação de Fornecedores;
  •  Testes Laboratoriais;
  •  Inspecção Inicial e/ou Inspecção durante a Produção;
  •  Inspecção final por Amostragem;
  •  Assistência ao carregamento do contentor.

Se no final das inspecções efectuadas, tudo estiver conforme os requisitos contratados entre o Fornecedor e o Importador, este ultimo dá ordens à Empresa Inspectora Independente para emitir o certificado de inspecção ao Fornecedor, para que este possa receber o seu pagamento por parte da Entidade Bancária e, assim, concluir o negócio.

Se for detectada alguma não conformidade, o Importador dá instruções à Empresa Inspectora Independente para não emitir o certificado. Desta forma, o Importador tem a possibilidade de renegociar com o Fornecedor, exigindo as condições que lhe sejam mais favoráveis:

  •  reparação da mercadoria e nova inspecção, alocando os custos adicionais ao Fornecedor;
  •  cancelamento do negócio e não pagando mercadoria, com base no não cumprimento dos requisitos contratuais;
  •  aceitando a mercadoria, mas negociando um desconto com o fornecedor.

Para assegurar a sua reputação e desempenho comercial, as empresas têm de oferecer produtos que correspondam ao nível de Qualidade exigido pelos seus clientes. E embora a liberalização dos mercados mundiais não agrade a muitas empresas ela é uma realidade à qual nenhuma empresa nacional se pode alhear. Mas, e como vimos, actualmente os Importadores têm a possibilidade de controlar todo o processo de negociação, garantindo assim a Qualidade dos produtos com custos e riscos mais reduzidos.

Joaquim Loureiro, Coordenador do Departamento de Inspecções Consumer Testing Services Non-Food, SGS Portugal

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