Outras Opiniões

A sua empresa está bem preparada para enfrentar a crise económica global?

Por a 4 de Abril de 2008 as 12:00

rui ferreira

Após longos meses de escalada dos preços do petróleo, atingindo nos últimos dias máximos históricos acima dos cem dólares por barril, e do surgimento de uma crise financeira mundial com origem no rebentamento da bolha especulativa do mercado imobiliário subprime nos Estados Unidos, a conjuntura económica global é tudo menos favorável para as empresas, nomeadamente para as de uma pequena economia aberta como a portuguesa.

Se a valorização do euro face ao dólar, embora prejudicando a competitividade das exportações europeias e portuguesas no mercado global, vem disfarçando a subida do preço do petróleo, mitigando o seu impacto nos custos de funcionamento das empresas, já a crise financeira com a consequente subida das taxas de juro e o apertar das condições de concessão de crédito tem funcionado como verdadeiro garrote para as ambições empresariais, quer pela via da limitação do investimento quer pela redução do consumo privado e consequente impacto nas vendas internas.

Não podendo os gestores das empresas influenciar esta conjuntura, resta-lhes encontrar formas de lhe resistir e, se possível, oportunidades para rentabilizar a sua estrutura, procurando novos mercados, novos produtos, novos negócios, novas parcerias.

Tal como os governos devem ter políticas expansionistas em tempos de crise, reduzindo impostos, dinamizando o investimento público e criando incentivos ao investimento privado, também as empresas devem fazer o mesmo, investindo em contra-ciclo de modo a aproveitar as muitas oportunidades que surgem neste contexto, deixadas pelos menos preparados. Para tal, é obviamente necessário ter feito o “trabalho de casa”, evitando o desperdício em tempos mais favoráveis para poder investir agora… Como sabemos, tal não foi feito por sucessivos governos, tal como não foi feito pela esmagadora maioria das empresas nacionais. Não sendo, no entanto, o momento para abordar esta questão, concentremo-nos no que podem fazer aqueles que se prepararam melhor.

A crise como oportunidade
Em contexto empresarial, uma fase de crescimento sustentado de vendas e resultados origina muitas vezes o encobrimento de ineficiências que podem, se deixadas ao abandono, crescer como ervas daninhas e minar o sucesso futuro da empresa, podendo mesmo virem a revelar-se fatais a médio prazo.

Neste sentido, um momento de crise é muitas vezes necessário e útil para fazer um ponto da situação, repensar processos e estratégias, descobrir meios de tornar a empresa mais eficiente. Em linguagem corrente, trata-se de dar um passo atrás para poder dar dois em frente.

A estrutura da sua empresa está rentabilizada? Não se trata da solução evidente dos despedimentos, que sendo por vezes inevitáveis, são um desinvestimento num recurso (as pessoas) que é cada vez mais fundamental, não se tratando de uma estratégia em contra-ciclo como aqui se defende. Antes, é altura para pensar se não há processos internos que possam ser alterados ou melhorados, e cujo custo possa ser reduzido, de modo a tornar a oferta da empresa mais competitiva. A automatização e a subcontratação de actividades como a logística e a distribuição a empresas especialistas, aproveitando o seu know-how são soluções a explorar.

Está preparado para a aventura em novos mercados? As economias europeias e americana estão a arrefecer, mas as economias dos países emergentes crescem a dois dígitos, lideradas pela China, a Índia, o Brasil e a Rússia. Para as empresas portuguesas, os PALOP são também zonas de expansão natural, onde o fim das guerras civis abriram um mundo de oportunidades.

Tem investido em inovação? Os mercados podem não viver o melhor momento, mas há sempre espaço para produtos inovadores que vão ao encontro das necessidades de consumidores ávidos de novidades. A este nível, o primeiro a chegar recolhe normalmente os frutos mais “sumarentos”, sendo fundamental estar atento e ser empreendedor.

A experiência da sua empresa pode ser aplicada em novos negócios? Uma estratégia de sucesso pode muitas vezes ser replicada em novas oportunidades. Diversificar é sempre um bom caminho para reduzir o risco.

Já explorou parcerias? Se tem ideias mas lhe falta o financiamento, procure parceiros que complementem a sua oferta ou acrescentem dimensão. A união faz a força.

As oportunidades estão aí, mesmo quando o pessimismo é geral. O momento é para aproveitar.

Rui Ferreira, Director Financeiro da Rangel/FedEx

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