Outras Opiniões

Enogastronomia: Em busca da ligação perfeita

Por a 21 de Março de 2008 as 9:30

denis

O casamento perfeito é uma raridade que devemos tentar sempre alcançar, mesmo se falamos da mera ligação entre vinho e comida. E se nem sempre é muito fácil escolher os vinhos ou spirits ideais para acompanhar cada refeição, a boa notícia é a existência de um crescente interesse na busca dessa relação harmoniosa à mesa, havendo já mesmo excelentes “conselheiros matrimoniais”, também denominados enogastrónomos, verdadeiros especialistas na associação das bebidas mais apropriadas aos respectivos pitéus.

E os portugueses podem considerar-se uns felizardos: possuem uma gastronomia riquíssima e produzem bebidas capazes de enaltecer o valor culinário dos pratos mais tradicionais ou sofisticados. Resta saber encontrar o par ideal para o copo, objectivo que, importa dizê-lo, escapa a regras rígidas, quanto mais não seja porque gostos não se discutem.

Mesmo sem as tais regras universais, existem orientações básicas que ajudam ao sucesso de uma refeição: desde logo a que propõe conjugar a comida ligeira com vinhos suaves ou espumantes e casar a comida mais pesada com vinhos fortes e poderosos; mas também aquela que nos ensina a servir o vinho branco antes do tinto, o vinho seco antes do doce, o vinho ligeiro antes do poderoso, os licorosos com o café, sendo que até neste simples alinhamento há múltiplas excepções, bastando que seja servido um foie gras como entrada para que um vinho doce ou até um cognac gelado possam e devam marcar presença logo a abrir o repasto.

Também a ideia mais difundida de que os vinhos brancos são para acompanhar os pratos de peixe e os tintos para a carne tem muito que se lhe diga. Importa perceber que é totalmente diferente a escolha de um vinho branco para um robalo ou sargo grelhados, que pedem brancos jovens, verdes, frutados e ácidos, ou para os pratos de peixes gordos ou cozinhados de forma mais elaborada, que reclamam brancos mais encorpados e intensos, quando não tintos ligeiros, como acontece, por exemplo, com uma sardinhada.

Até os queijos, tidos como parceiros de eleição para os tintos, pedem tipos de néctares muito diferentes, consoante o nível de cura ou o índice de gordura que ostentem. Um “chèvre”, por exemplo, vai bem melhor com um branco frutado ou até com um rosé. E há também quem sonhe com um amanteigado da Estrela regado com Porto.

Conscientes desta dificuldade na escolha certeira, que se complica nas gastronomias mais exóticas, como a indiana e a japonesa, ou com as modas, como a dos whisky dinners, os produtores e distribuidores de bebidas têm investido de forma crescente na informação ao consumidor, nomeadamente através de acções de formação junto da restauração. Daí, também, a forte aposta na promoção da venda de vinho de qualidade a copo, abrindo ao consumidor a hipótese de apreciar, a preços razoáveis, os diferentes pratos com a companhia adequada. Porque assim o prazer aumenta…

Denis Coubronne, Director-Geral da PrimeDrinks

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