Outras Opiniões

Um novo ‘actor’ no mundo dos vinhos

Por a 7 de Março de 2008 as 9:30

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Basta um olhar mais atento e centralizado sobre o panorama dos vinhos, no âmbito nacional, para nos apercebermos da evolução e mudanças que este tem sofrido, particularmente a partir da década de 90. Foi com mais evidência, por volta de 95 que apareceu em força um novo agente económico que veio revolucionar este mercado: os chamados produtores engarrafadores ou, se preferir, empresas de pequenos produtores que começaram a produzir a sua própria marca.

Com objectivos bem claros e definidos, esta nova força surge e afirma-se tendo como principais metas a rentabilização do seu produto e a criação de um projecto próprio em termos de marca.

O seu aparecimento veio, indiscutivelmente, alterar o mercado e toda a sua dinâmica. Maior qualidade nos vinhos, devido a uma melhor e mais eficaz condução na vinha, o que originou, no final, na qualidade em que a uva chega às adegas próprias, tecnicamente bem equipadas, e onde começa a haver maior preocupação de higiene e utilização do uso do frio, na produção do vinho. são algumas das consequências que a meu ver se destacam do aparecimento destes novos “actores”.

Na verdade, nos últimos dez anos podemos verificar um grande salto em termos qualitativos neste sector. Deu-se um aumento substancial de novos vinhos no mercado e novos vinhos, bem elaborados, macios, aveludados, frutados, harmoniosos e bons! Começou a ser prática corrente o uso de madeira no estágio do vinho, começando os produtores a ter acesso a excelentes tanoarias, nacionais e estrangeiras. Por outro lado, pode afirmar-se, que Portugal tem excelentes enólogos, com notáveis formações, começando a ser corrente, desde essa época, o estágio destes técnicos no estrangeiro, o que melhorou a qualidade dos mesmos,

E quando falamos no aumento da qualidade, falamos igualmente no aumento da concorrência, visto estarmos num mercado cada vez mais difícil e competitivo, onde a palavra internacionalização começa a ser incontornável. Aliás, os vinhos portugueses estão cada vez mais a “entrar na moda” e a ganhar popularidade junto dos consumidores estrangeiros, o que se traduz numa excelente oportunidade para se apostar além fronteiras. A sua variedade e tipicidade são claras vantagens perante o mercado externo, logo há que ir por este caminho… até porque o próprio mercado nacional não tem capacidade para absorver toda a produção nacional. Porém a meu ver, no campo da exportação dos vinhos nacionais um dos pontos fulcrais assenta precisamente no planeamento de uma boa estratégia, dando especial relevo às áreas de marketing e de design de forma a conseguir-se uma eficaz penetração nesses mercados.

Para concluir, gostaria de reforçar a ideia de que o surgimento dos produtores engarrafadores veio enriquecer o mercado, dar-lhe mais qualidade, o que só mostra que quando há trabalho, empenho e envolvimento no que se faz… o produto final acaba por ser o espelho de tudo isso.

Franklim Ferro Jorge, Produtor de Vinhos

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