Segurança Alimentar

A Segurança Alimentar

Por a 7 de Março de 2008 as 9:30

joaquim dias

Ao colocar-se a pergunta: defina o que é a segurança alimentar, a primeira resposta que provavelmente virá à cabeça das pessoas é que, são alimentos que fazem bem à saúde. No entanto, os factores nutritivos ou funcionais dos alimentos estão mais relacionados com a qualidade, uma mais-valia que, pode ser apresentada ao consumidor, e que depois é reflectida no seu preço final.

A segurança alimentar propriamente dita, é definida como a garantia de que o alimento não sofreu qualquer contaminação que possa por em risco a saúde do consumidor ou causar algum tipo de mal-estar. Portanto, quando alguém adoece ou fica indisposto por ingerir alimentos ou água, está-se perante um problema de segurança alimentar.

O tema da segurança alimentar tem vindo a ganhar cada vez mais importância, em especial, devido ao facto de ser actualmente uma das maiores prioridades das políticas europeias e, obviamente, da política nacional. A própria ASAE, cujo um dos principais vectores de actuação é a garantia da segurança alimentar e a sua forma de agir, muitas vezes envolta num excessivo mediatismo, suscitou grande interesse por parte dos meios de comunicação social relativamente a este tema, muito embora, o assunto seja abordado por vários fazedores de opinião que, nada percebem sobre este assunto e, cujo único objectivo é tentarem auto promover-se ou denegrir determinadas instituições.

A grande questão que se coloca, é saber se é necessário adoptar medidas e normas tão rigorosas relativamente à segurança alimentar, numa altura em que a evolução tecnológica é tão grande e o problema parece controlado. A resposta é claramente sim e por várias razões. A principal está relacionada com as próprias pessoas, a sua susceptibilidade e o crescimento demográfico. Actualmente assiste-se a um envelhecimento progressivo da população, prevendo-se que, nos países mais desenvolvidos, o número de pessoas com mais de 60 anos passe dos actuais 17% do total da população para os 25% no ano 2025. Isto significa um aumento do numero de pessoas nos chamados grupos de risco, mais susceptíveis a doenças e às mazelas que daí resultam. O próprio modo de vida actual, em que se vive num ambiente quase estéril e excessivamente dependente de medicação, torna as defesas das pessoas pouco eficazes, e como tal, também mais susceptíveis.

O crescimento demográfico da população mundial envolve outro grande problema. Hoje, habitam no planeta cerca de 6,5 mil milhões de seres humanos, começando a ser difícil produzir alimentos que satisfaçam as necessidades de todos. Isto significa que a produção e consumo de OGM´s (organismos geneticamente modificados) irá ser, no futuro, inevitável mesmo que haja uma grande desconfiança à sua volta. As cadeias de distribuição irão alongar-se cada vez mais e serão mais complexas, tornando o caminho dos alimentos mais extenso desde o local de produção até ao prato, envolvendo mais manipulação e mais operações de transporte e armazenagem. Por cada novo estágio que os alimentos passarem, maior é a probabilidade de ficarem expostos a riscos e tornarem-se impróprios para consumo.

Os novos hábitos alimentares também levantam novos receios relativamente à segurança alimentar. O tempo que as pessoas dispõem para preparar uma refeição é cada vez mais reduzido, optando-se pelas refeições rápidas e já confeccionadas, sem se saber o modo de como são cozinhadas, nem de onde provêm os ingredientes. A também cada vez maior exigência dos consumidores por alimentos mais frescos e isentos de aditivos leva a novos problemas, pois este tipo de alimentos apresentam uma qualidade superior em detrimento de mecanismos artificialmente criados para a sua preservação e protecção contra contaminações, em especial os de origem biológica.

O aparecimento de novos tipos de contaminantes microbiológicos que utilizam os alimentos como veículo para causar doença, é outro factor que realça a necessidade de reforçar a segurança alimentar. Estes novos patogénicos, como é o caso da Salmonella typhi e a E. coli O157:H7, são mais resistentes a condições adversas e detêm uma virulência muito maior ao serem capazes, com um número reduzido de infectantes, causar infecções que põem em risco, não só a saúde como a própria vida das pessoas. Estes patogénicos emergentes de origem alimentar começam a causar bastante preocupação na comunidade cientifica e industrial, tornando-se imperativo reforçar as medidas de controlo.

Mais razões se poderiam evocar para justificar a crescente preocupação sobre a segurança alimentar. Cabe às entidades oficiais seguir um caminho quase inexistente em Portugal, a divulgação de procedimentos relativos a este tema e ajuda na forma de os implementar, em especial naqueles que dispõem de poucos meios, como é caso do retalho e da restauração.

Joaquim Dias, Engenheiro Alimentar

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