Outras Opiniões

“Culturas na empresa”

Por a 14 de Dezembro de 2007 as 9:00

salomé

Numa abordagem organizacional é fundamental o conhecimento aprofundado dos contextos interno e externo na qual esta se insere, sendo que, independentemente dos contextos, o seu elemento base de análise é o indivíduo. Este, por sua vez, “acarreta” um passado psicológico, social e cultural que determina directamente a sua forma de reagir e interagir com a envolvente organizacional. Conhecer quem participa na organização, quais os seus valores, sob que padrões culturais se rege e que percepção partilha da sua empresa releva um tema fundamental das práticas de gestão: a cultura.
Segundo alguns autores, a cultura é definida por um conjunto partilhado e constante de significados e crenças que caracterizam grupos étnicos e nacionais, orientando os seus comportamentos. Transpondo este conceito para o nível da empresa, a cultura resulta da percepção comum e partilhada dos membros da organização acerca dos seus valores e regras. Por lhes ser particular, esta percepção distingue-os dos membros de outras organizações numa relação proporcional entre o grau de interiorização, coesão do grupo e lealdade para com a empresa. A dificuldade em distinguir estas culturas é natural já que ambas se fundamentam nos mesmos constructos base.

Estudos verificaram empiricamente o forte impacto da cultura nacional na construção de valores e nos comportamentos dos indivíduos na sua vida quotidiana. Pode pressupor-se, portanto, que a cunha dos padrões culturais dominantes numa sociedade venham a ter um impacto significativo na percepção dos indivíduos acerca dos valores e regras inerentes às organizações em que colaboram.

Seguindo esta orientação, não serão apenas as práticas de selecção dos colaboradores, mas também as políticas de distribuição de poder, do cumprimento de normas, de organização de metas e sistemas de comunicação (entre muitos outras) que deverão ser pensadas e elaboradas pelos gestores internacionais, segundo um quadro conceptual que lhes sirva de referência e os leve a perceber como indivíduos de culturas distintas (munidos de valores e crenças) são condicionados a lidar com o mesmo referencial de valores que é a sua organização.

Em suma, e sem querer fazer passar despercebido o fenómeno da globalização, resultado da circulação de informação em tempo real, de pessoas e empresas, mas também de valores culturais que, eventualmente, possam começar a generalizar-se, é essencial considerar o impacto que a cultura nacional tem ao nível da percepção da cultura da organização.

Salomé Couto, Responsável de Selecção da Allbecon Portugal

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