Distribuição

AdC autoriza compra do Carrefour por parte da Sonae

Por a 11 de Dezembro de 2007 as 2:00

sonae2.jpg«Estamos satisfeitos e o balanço é positivo». Foi desta forma que Nuno Jordão, CEO da Sonae Distribuição, comentou a decisão da Autoridade da Concorrência (AdC) em não se opor à compra do Carrefour por parte da Sonae.

Quatro meses depois do grupo liderado por Nuno Jordão ter anunciado a compra da operação do Carrefour em Portugal – 12 hipermercados em funcionamento, mais 13 projectos e 8 postos de combustível – por 662 milhões de euros, a AdC decidiu-se a favor deste negócio, colocando, contudo, algumas condições/remédios.

Assim, a Sonae Distribuição terá, nos próximos três anos, limitar o crescimento projectado na Margem Sul do Tejo (Montijo, Barreiro e Seixal), ficando impedida de aumentar a área de vendas em mais de 14.000 m2, mantendo a totalidade desta mesma área abaixo dos 50.000 m2.

No Grande Porto, a AdC colocou como condições a redução da área de vendas, em funcionamento ou com instalação autorizada para a actividade de retalho alimentar, num total de 8.600 m2, implicando, obrigatoriamente, a diminuição da área de vendas de um projecto de hipermercado no centro do Porto em, em pelo menos, 1.500 m2 e mais 2.000 m2 num supermercado Modelo em funcionamento em Valongo.

Já em Paços de Ferreira e Penafiel, a Sonae Distribuição deverá reduzir a área de vendas em 2.000 m2.

No que diz respeito a desinvestimentos, a AdC impôs à Sonae Distribuição a venda do projecto de hipermercado com área de vendas de 6.000 m2 a um concorrente, salientando que, caso não venha a haver interessados na compra do referido projecto, a Sonae não poderá fazer uso da autorização da instalação nos próximos 5 anos.

Em Portimão, o grupo liderado por Nuno Jordão deverá alienar a um concorrente uma das seguintes unidades: o actual Continente, Carrefour ou Modelo de Lagoa. No caso de a Sonae Distribuição decidir-se pela alienação do Modelo de Lagoa, terá de conceder ao comprador uma opção para ocupar igualmente uma área de vendas contígua de 1.000 m2, actualmente afectar à Modalfa e Worten.

No centro do País, mais concretamente em Coimbra, a situação de Portimão repete-se: vende o Continente de Coimbra, o Carrefour de Coimbra ou o Modelo de Coimbra e o projecto para uma unidade de base alimentar em Condeixa com 2.000 m2. Também aqui, a Sonae terá de conceder ao comprador, caso este opte pela compra do Modelo de Coimbra e o projecto de Condeixa, uma opção para ocupar uma área de vendas contígua de 1.000 m2.

A par desta condições impostas pela AdC, a Sonae Distribuição não poderá solicitar, em nenhuns destes mercados, nenhuma nova licença para instalação de lojas alimentares ou para modificação das lojas existentes que implique aumento da área de venda, no prazo de um ano após decisão da AdC.

Em resumo, a Sonae Distribuição terá de efectuar um sacrifício global de 32.000 m2 de venda, sendo que 15.000 m2 terão de ser vendidos a concorrentes, ficando os restantes 17.000 m2 sujeitos a redução de área de venda.

No final da conferência de imprensa, Nuno Jordão congratulou-se pelo facto da decisão da AdC, embora ainda seja um “projecto de decisão”, ter sido tomada ainda em 2007, «facto que nos permite entrar em 2008 com o projecto todo delineado».

Quanto a possíveis compradores, o responsável máximo pela Sonae Distribuição não adiantou quaisquer nomes, «até porque o “projecto de decisão” da AdC só foi conhecido hoje [ontem]», admitindo, no entanto, «que se tratam de activos de qualidade, muito atractivos e com inquestionável valor de mercado. Teremos, com toda a certeza, mais do que um ou dois interessados nestas unidades», embora tenha assumido que «preferíamos não ter sido obrigados a estes desinvestimentos, mas vamos tentar ser expeditos na resolução de todo este processo». Certa ficou, também, a preferência por parte da Sonae Distribuição quanto às unidades sujeitas a desinvestimento, revelando o responsável pela operação do retalho da Sonae que «a preferência, em caso de venda, vai para o Modelo».

No que diz respeito à conversão de unidades, Jordão admitiu que a insígnia Não Alimentar Maxmat «possa vir a ser a mais beneficiada», dando como certa a conversão do actual Modelo deValongo em Maxmat.

No final da conferência de imprensa, Nuno Jordão garantiu que, caso este “projecto de decisão” se torne em decisão, «os trabalhadores do Carrefour não terão de recear pelos postos de trabalho», salientando que, com as actuais licenças em aberto, «os actuais funcionários vão ser poucos».

Certa ficou, igualmente, a não influência da decisão da AdC no que concerne os investimentos já anunciados até 2009, concluindo Nuno Jordão que «o valor mantêm-se nos 900 milhões de euros».

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