Pierre Delpierre, Director do Jumbo de Alfragide
«Um dia todos os espaços vão ser assim»
Equipou-se com tecnologia de ponta. O novo layout privilegia a fácil e rápida identificação das secções. Aumentou o espaço entre os corredores. Apostou forte na área de frescos. A meta é ser o hipermercado número um em vendas. É o “novo” Jumbo de Alfragide, como explica Pierre Delpierre, em discurso directo.
Só as quatro paredes e os pilares que sustentam o Jumbo de Alfragide edificado em 1988 se mantêm no novo projecto do grupo Auchan. Foi uma verdadeira lufada de ar fresco. Entre os novos serviços, destacam-se o «primeiro posto de abastecimento de combustível discount em Lisboa» e a criação de um gabinete de estética no espaço “Saúde e Bem-Estar”.
Hipersuper (H): 19 anos depois o Jumbo renasce no interior do Alegro. Como nasceu este projecto?
Pierre Delpierre (P.D.): Enquanto director do hipermercado há cinco anos acompanhei o projecto desde o início. O Jumbo nasceu em 1988 e desenvolveu um pólo comercial muito forte. Alfragide é uma zona com muita população e elevado poder de compra, como o concelho de Oeiras e toda a zona envolvente. Com o crescimento dos escritórios surgiu a necessidade de reforçar a oferta nas áreas de lazer e restauração.
O hipermercado de Alfragide é emblemático para a empresa. E os clientes do Jumbo, em particular de Alfragide, pediam mais restauração e mais oferta de lojas à volta. E assim nasceu este projecto, em parceria com uma empresa do grupo Auchan.
H: Duas palavras para definir o novo Jumbo.
P.D: Moderno e confortável.
H: Que diferenças existem entre o Jumbo de 1988, ou de há cinco anos, e o de hoje?
P.D.: Há um ponto em comum: a inovação. Quando abriu o Jumbo de Alfragide em 88 assumiu-se como o hipermercado mais moderno de Portugal. E o Jumbo de Alfragide 2007 é o hipermercado mais moderno do País. Em 88, foi o primeiro hiper a ter leitura de código de barras nas caixas e queríamos uma grande inovação para marcar também a abertura desta nova loja. Somos o primeiro hipermercado a oferecer um serviço totalmente inovador, o self-scanning. Neste sistema, o cliente regista os produtos durante as compras e na caixa só tem de efectuar o pagamento. Há um ganho de tempo enorme. É o hipermercado do futuro.
H: E as diferenças?
P.D: O projecto foi concebido a pensar nos clientes e tem três eixos principais: conforto, modernidade e serviços. A loja tem muito espaço de circulação, quase duplicamos o espaço entre os corredores. Ampliámos a loja em 2.000 m2 e quase metade da área foi disponibilizada para aumentar o espaço de circulação. Além disso, facilitámos a orientação do cliente. A partir do meio da loja é possível ver todas as secções. Comprámos carrinhos de compra de plástico, com metade do peso dos antigos, que facilitam a circulação. Recrutámos colaboradores, mais de 150 nos últimos seis meses, para nos diferenciarmos a nível do atendimento.
Há pouco falou em renascimento mas eu quase diria novo Jumbo.
H: Quantos leitores portáteis existem?
P.D: Arrancámos com 150 terminais de leitura e três caixas de pagamento. A adesão é fabulosa. Há um posto junto à entrada da loja onde o cliente faz o registo para utilizar o serviço.
Além disso, temos 10 caixas Quiq, para as compras de cesto, e o Instore vision, um sistema de senhas que permite fazer as compras e ir acompanhado a evolução do atendimento nos balcões.
Nos serviços destaco a abertura da gasolineira, primeiro posto de combustível discount em Lisboa. Criámos uma clínica de estética no espaço saúde e bem-estar, onde estão disponíveis vários tratamentos.
H: Qual a oferta da área de medicamentos de venda livre?
P.D: Cerca de 700 referências e têm tido grande adesão desde de que abriu, em Abril. O segredo do sucesso do espaço “saúde e bem-estar” é oferecer os preços mais baixos do mercado e promoções que estão a dar bons resultados.
H: Investiram 13 milhões de euros na modernização. Onde foi aplicada a restante verba?
P.D: As únicas zonas que ficam do antigo Jumbo são as paredes exteriores e os pilares no interior. Fizemos um grande investimento nos produtos frescos. Além da loja, modernizámos os armazéns e a área de confecção na padaria, a zona de corte no talho, a área de preparação da peixaria e espaço de confecção da área dos produtos gastronómicos. Formámos ainda 650 colaboradores com um novo módulo.
H: Qual?
P.D: Focado no atendimento. Na prática, as formadoras acompanham os colaboradores durante o atendimento e depois dão um feed-back personalizado baseado nas boas práticas.
H: “Um dia todos os espaços vão ser assim”, é uma frase sua. Assim como?
P.D: O novo Jumbo é inovador, moderno e focado no conforto e bem-estar do cliente. Todos os hipers vão pensar assim um dia assim. É uma visão do futuro.
H: Quantos clientes consegue o hipermercado atender em média numa hora?
P.D: Não sei. Duplicámos a área dos corredores, criámos meios para a compra ser mais rápida. A minha ambição é ser o hipermercado que mais vende em Portugal.
H: Qual é hiper que mais vende actualmente?
P.D: Hoje não sei, mas amanhã sei qual vai ser (risos).
H: A área de armazenagem (3.523 m2) garante stock suficiente?
P.D: O grupo tem um serviço logístico fortemente desenvolvido que permite receber os produtos frescos diariamente ou várias vezes ao dia, assim como a restante mercadoria. Em armazém, temos as promoções e as apostas comerciais.
H: Que perfil deve ter um líder de um hipermercado?
P.D: A minha única prioridade é a satisfação do cliente. A proximidade com o cliente, conhecê-lo e perceber o que querem de nós.
H: Como é que isso se faz?
P.D: Com uma presença forte em loja. Logo de manhã dou uma volta à loja e vou falando com os clientes. Enviei uma carta a todos os clientes a explicar a remodelação, com os meus contactos, para que possam fazer sugestões e denunciar problemas. Muitas das remodelações feitas na loja resultaram do contacto com o cliente no dia-a-dia.
H: Como por exemplo?
P.D: Os carrinhos de compra de plástico mais leves, os carrinhos com dois cestos e a aquisição de uma cadeira de rodas.
H: A ASAE encerrou durante três dias a loja por “falta de condições funcionais decorrentes das obras de construção do novo centro comercial”. Não previram esta situação?
P.D: Isso já é passado. Nos últimos três dias preparámos a loja para uma grande abertura. Assumimos o compromisso de abrir a 14 de Novembro e cumprimos. Havia clientes à porta da loja às 5 horas à espera de descobrir o novo Jumbo. Até recebi e-mails que acharam injusto o que aconteceu.
H: É injusto para si?
P.D: O grupo Auchan sempre respeitou a legislação. Mas, o importante é o futuro.
H: Ser accionista da empresa motiva-o a desempenhar com mais empenho as suas tarefas?
P.D: Claramente. Cada um de nós é proprietário do hipermercado Jumbo de Alfragide. Cada um trabalha para si e para a empresa e isso motiva os colaboradores no dia-a-dia.
H: Em que medida a época natalícia teve influência na data escolhida para a abertura?
P.D: Boa pergunta. Novembro e Dezembro são os meses mais fortes para o comércio. Além disso, os clientes queriam aproveitar o Jumbo para fazer as compras de Natal.
H: Quantos visitantes esperam receber até ao final do ano?
P.D: Mais uma pergunta difícil. Muitos. Cada dia que passa a minha ambição aumenta. Não só em termos de vendas. Queremos ser o hipermercado de referência.