Outras Opiniões

35 anos, e agora? O dilema do Middle Management

Por a 30 de Novembro de 2007 as 9:30

nuno troni

Um dilema que cada vez mais se coloca aos profissionais em geral, e que tem grande enfoque no mercado dos produtos de bens de consumo, prende-se com o futuro profissional daqueles que assumem funções de middle management. Para este tipo de mercado, destaco duas áreas de grande preponderância: Comercial e Marketing.

Tendo provas dadas a nível de mercado e revelando-se, de facto, de grande sucesso, a política de contratação de recém-licenciados (regra geral de Gestão ou Economia) é hoje muito adoptada pelas empresas de Fast Moving Consumer Goods. Reforçando-se anualmente de trainees / juniores, estas empresas angariam pools de talentos que constituirão, mais tarde, os futuros decisores. “Rodando” entre os vários departamentos das empresas, estes profissionais, dependendo das suas ambições e casando estas com as necessidades da empresa, vão estabelecer-se e encontrar o seu lugar quer no departamento Comercial, quer no de Marketing.

Tendo tudo para provar e, munidos de uma ferramenta “mágica” chamada motivação, o agora Key Account ou Product Manager, assumindo que não houve qualquer erro de casting aquando do seu recrutamento, vai ter à sua frente um período tipicamente ascensional e profissionalmente favorável. Para isto contribui o facto de estarmos a falar de uma faixa etária que não tem ainda grandes encargos familiares, pelo que a vida profissional assume uma clara posição prioritária.

Por outro lado, tratando-se de ambientes multinacionais, a concorrência, tanto interna como externa, é elevada, a pressão é grande e as exigências são muitas. Assim, e independente do facto de se tratar do sector Alimentar, DPH ou Electrónica de Consumo, até porque os trainees de umas são, entretanto, os National Account Managers ou Group Marketing Managers de outras, os então recém-licenciados são hoje key elements nas empresas.

Surge, nesta fase, uma questão relacionada com o futuro profissional à qual deve ser dada muita importância: que próximos passos dar?

Tendo, por um lado, a pirâmide hierárquica a estreitar e por outro, variáveis como família e encargos a entrar na equação, este é um momento profissional decisivo, em que as decisões não se tomam com o ânimo leve de outrora.

A evolução do mercado do Grande Consumo, consequência também das constantes alterações do próprio mercado da Distribuição, faz com que as políticas de recrutamento das multinacionais comecem a mudar, como também se verifica uma alteração de mentalidade por parte dos profissionais com a maturidade referida. Passando a explicar, por um lado, cada vez mais as empresas promovem mudanças internas laterais, como estão hoje cada vez mais permeáveis a absorver nas suas estruturas profissionais de outros sectores de mercado. É hoje comum a Michael Page, num processo de recrutamento de um Senior Product Manager para o sector Alimentar, considerar para o processo candidatos oriundos das I.T., Telecomunicações ou mesmo Sector Automóvel. Por outro lado, por parte dos profissionais, distinguem-se, nesta fase, os que pretendem dar continuidade à ascensão que têm tido, ambicionando cada vez mais altos vôos, dos que, assumindo funções de decisão e participação nas estratégias comerciais ou de marketing, não querendo ver reduzidas as suas funções, assumem-se como menos carreiristas colocando, nesta fase, a constante evolução num plano mais secundário.

Num período em que, no que respeita ao mercado das Fast Moving Consumer Goods, a dança das cadeiras toca a um ritmo elevado, há espaço para ambas as ambições.

Os primeiros irão, mais tarde ou mais cedo, ter de procurar uma experiência internacional, onde se possam aproximar dos centros de decisão estratégicos das estruturas que defendem, para que um eventual regresso seja então para uma função de top management.

Os mais caseiros, poderão manter as funções que têm ou mesmo, e este é um movimento cada vez mais visto, assumir cargos de direcção em estruturas mais pequenas. Como exemplo ilustrativo, em Maio de 2007, a Michael Page recrutou a função de Marketing Director para um representante de marcas de luxo no sector Cosmético. O candidato seleccionado foi um Group Marketing Manager de um gigante mundial do mesmo sector. O candidato seleccionado considera hoje a sua decisão vencedora, afirmando que «o proveito e crescimento que retiro hoje da minha função, e até a capacidade de decisão que hoje tenho, só daqui a 10 anos poderia vir a ter na antiga estrutura».
Nuno Troni, Manager Commercial&Marketing da Michael Page International Portugal

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