Outras Opiniões

G7 pede à China que valorize yuan

Por a 14 de Novembro de 2007 as 9:30

alexandre mota

No dia 19 de Outubro teve lugar uma reunião do G7 (grupo das sete nações mais industrializadas do mundo – EUA, Japão, Alemanha, Canadá, Itália, França e Reino Unido). Os mercados financeiros aguardavam as conclusões desta reunião, particularmente ao nível do impacto da actual crise do crédito na economia mundial e também no que diz respeito à situação do mercado cambial, designadamente a fraqueza do dólar.

No que diz respeito à crise de crédito, o G7 concluiu que é previsível um impacto negativo na actividade económica, o que não é uma grande novidade mesmo que os mercados tenham encarado com algum nervosismo a confirmação oficial da crise.

Já no que diz respeito à situação do mercado cambial, o G7 declarou apenas aquilo que era unânime, ou seja, que as autoridades chinesas deverão flexibilizar ainda mais a taxa de câmbio do yuan chinês, permitindo uma apreciação mais significativa.

Se pensarmos nas posições oficiais dos principais blocos económicos em confronto no G7 era difícil ir mais além em termos de acordos:

Os EUA afirmam que é do seu interesse um dólar forte (afirmação que sobrevive há mais de uma década e sobreveio a várias administrações de partidos diferentes), mas isso não significa que tenham uma política activa nessa matéria. Portanto, na prática, os EUA deixarão o mercado funcionar mesmo que o dólar desvalorize e só actuarão em casos extremos e provavelmente de forma concertada com outros bancos centrais e governos. Um dólar fraco face ao euro e outras divisas promove os sectores expostos à concorrência internacional, o que compensa parcialmente o facto da divisa americana não ter caído o que devia face ao yuan chinês.

A União Europeia (zona euro) não está unida sobre a questão do euro. O “lobby” francês tem liderado o desconforto relativamente à força do euro, mas os alemães (maior exportador da zona euro) parecem menos preocupados. Sem um “statement” comum, parece-nos óbvio que será difícil convencer os americanos sobre a necessidade de conter a queda do dólar até porque um dólar fraco ajuda a amortecer a factura petrolífera.

O Japão ainda não sarou as feridas de uma recessão e sente que um iene fraco pode ajudar a assegurar uma expansão económica mais sólida dinamizada pelas exportações. Por isso, pressionar o G7 no sentido de uma intervenção concertada para valorizar o iene seria despropositado.

Aquilo em que todos os membros do G7 estão de acordo diz respeito ao yuan chinês que está artificialmente baixo contra qualquer uma das principais divisas, num contexto em que os deficits comerciais bilaterais aumentam de forma galopante. Mas nem isso seria possível declarar, se a China fizesse parte desta organização, pois os chineses têm mostrado ter um timing muito próprio para resolver estes problemas. Podemos assim concluir que o equilíbrio de forças é muito complicado neste momento e que as hipóteses de concertação são muito difíceis, facto que poderá conduzir os mercados a mais e maiores desequilíbrios.

No que diz respeito ao dólar e muito particularmente, ao eur-usd, é provável vermos níveis próximos de 1.4500 ou mesmo acima. Pensamos que só valores muito próximos de 1.50 poderão significar algum tipo de intervenção por parte do Banco Central Europeu, embora pensemos que o principal problema da Europa (e do Mundo) nesta matéria é claramente a inflexibilidade cambial da China e não propriamente a taxa de câmbio do euro face ao dólar. A situação do dólar face ao euro acaba por justificar-se em certa medida se pensarmos que o mercado espera que as taxas de juro do dólar desçam e as do euro não e também pelo aumento de peso das reservas em euros por parte dos bancos centrais a nível mundial.

Jim Rogers, ex-sócio de George Soros e autor do best seller “hot commodies” onde previu o recente “bull market” das principais matérias-primas, afirmou que irá trocar todos os seus activos em dólares e converte-los em activos em yuans. Rogers pensa que a divisa chinesa é uma aposta em que “só pode ganhar”, talvez 100..200 ou 300%.

Interessante…

Alexandre Mota, Analista da Golden Assets

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