FMCG Marcas

Sabores em lata

Por a 18 de Maio de 2007 as 8:00

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Os portugueses renderam-se definitivamente às conservas de peixe. Atum, o rei à mesa, sardinha ou paté, são presenças habituais na lista de compras dos consumidores

A aproximação ao conceito gourmet tem sido a estratégia de alguns fabricantes dos sectores alimentar e bebidas para conquistar novos consumidores e aumentar a notoriedade dos produtos. No mercado de conservas e enlatados esta aposta também encontra lugar. Prova disso, é a fábrica de conservas La Gôndola, uma empresa que trabalha sobretudo com o mercado externo mas que encontrou no País o local ideal para abraçar o mercado gourmet. «O mercado estava carenciado de uma marca com elevado padrão de qualidade e decidimos impor a nossa marca junto de lojas gourmet. Esta é a estratégia que delineámos para o primeiro ano de actividade no mercado nacional», explica Paulo Dias, administrador da empresa. Apesar de estar a dar os primeiros passos em Portugal, La Gondôla já tem experiência nos mercados internacionais onde factura mais de 2 milhões de euros.

No sector do atum, maior do mercado de conservas, La Gondôla é, segundo Paulo Dias, a única marca portuguesa que se dedica exclusivamente a este segmento que refere ter um potencial de crescimento enorme. Talvez por isso, o administrador prevê que a facturação da empresa atinja um crescimento de 5% este ano, impulsionada pela forte aposta no mercado nacional. O produto estratégico são as conservas de atum «de grande qualidade», até porque a tendência é «consumir produtos processados por métodos artesanais em azeite de oliveira», sublinha.

Pates em destaque
O peixe está nas preferências dos portugueses, especialmente o atum que movimenta cerca de 59 milhões de euros na Moderna Distribuição e registou 7% de crescimento entre Dezembro 2006 e Janeiro 2007 face ao período homólogo do ano anterior (ver quadro).

Se o atum assume honras de liderança, a rainha na mesa dos consumidores, essa, é sardinha, apesar de as vendas terem estagnado no mesmo período.

Na lista de compra dos consumidores, os pates de peixe continuam a ter lugar de destaque. No mercado de conservas de pescado este é o segmento que registou maior crescimento em volume (13%).

Os vegetais em conserva representam o segundo maior mercado e registam subidas de duplo digito quer em volume quer em valor. O feijão e os cogumelos são os mais procurados e, no conjunto, representam vendas superiores a 30 milhões de euros.

Manter estes ritmos de crescimento não é tarefa fácil, mas também não é impossível. No Reino Unido, a guerra entre as duas principais marcas não tem fim à vista. A Heinz lançou novas variantes de feijões com sabor. Em jeito de resposta, a Braston, marca da Premier Foods, lançou uma edição limitada de feijões “gigantes” preparados, ou seja com o dobro do tamanho standard.

Apostar no biológico
A venda de frutas em conserva, por sua vez, apresenta descidas significativas, sobretudo em valor. «Há grande pressão nos preços e quebras de margem, apesar da dificuldade no abastecimento de matéria–prima», explica Mário Alves, director comercial da Confeitaria Nova Lisboa, quer comercializa a marca Aikebom.

Para contrariar a tendência de depreciação, a estratégia da empresa é apostar em nichos de mercado como o «saudável ou o biológico». Em termos de inovação, melhorar a tecnologia de forma a aproximar ao máximo a conserva do fresco é a ambição da indústria.
A Confeitaria Nova Lisboa factura 5 milhões de euros. Um total de 10% do volume de negócios provém da exportação. Este ano, a empresa não espera grandes crescimentos, «uma vez que o ano não está a correr bem em termos de abastecimento de matéria-prima».

A empresa tem duas fábricas, uma em Portugal e outra em Espanha, e para rentabilizar as linhas de produção fabrica marca própria para os grupos de distribuição. «Cada vez mais o ciclo do produto com a marca do fabricante se torna mais curto. As marcas próprias e os primeiros preços esmagam as margens», remata.
Açores têm marca protegida
“Conservas de Atum dos Açores” conquistaram o estatuto de Indicação Geográfica Protegida (IGP) graças ao facto de serem trabalhadas a partir de peixe fresco, capturado através de pesca artesanal. A menção foi atribuída pela União Europeia, a pedido da Associação dos Industriais de Conservas de Peixe dos Açores, que pela primeira vez atribui o título de marca protegida a um produto de pesca.

Isco vivo, pesca de vara e pesca de salto, são os métodos tradicionais de pesca de atum no arquipélago. Para atuns de pequeno e médio porte, é utilizado o método do lançamento das canas (de vara, feitas de bambu). Para pescar atuns de grandes dimensões é utilizada a cana do salto (feita de madeira).

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