Outras Opiniões

Os Vinhos no Canal Alimentar, Presente e Futuro

Por a 24 de Novembro de 2006 as 17:11

antónio jorge

A importância do canal alimentar na categoria de vinhos é crescente, representando já um peso relevante quer em vendas quer em valor no negócio.

O consumidor de vinhos em Portugal escolhe os vinhos que compra e consome tendo em atenção a região donde é originário, a ocasião a que se destina, com que tipo de comida vai ser servido e o preço.

No que respeita aos locais de compra/consumo o Mercado de vinhos vê o canal alimentar pesar cerca de 70% do seu volume, facto revelador da preferência dos consumidores pelo consumo em casa e também do condicionamento ao consumo, provocado pelos altos preços praticados, nos hotéis, restaurantes e cafés.

É nas preferências e comportamentos dos consumidores que residem as oportunidades de negócio para toda a cadeia de valor envolvida na categoria, e esta reflecte um modelo de negócio, acções, marcas, produtos e serviços que permitem formular uma proposta de valor capaz de satisfazer as necessidades dos consumidores.

Verifica-se que, no passado recente, têm existido alterações nas propostas de valor da categoria, com o óbvio objectivo de maximizar o aproveitamento das oportunidades. Para uma melhor compreensão do fenómeno, convém ainda referir que o vinho embora esteja cada vez mais, e bem na minha opinião, associado aos FMCG (fast moving consuming goods), tem uma especificidade originada pela complexidade do próprio produto que cria dificuldades na satisfação do consumidor. O consumidor não consegue, de forma imediata, usufruir de todas as características do produto (aromas e paladares), pois é necessário um processo de aprendizagem, realidade que não se verifica com a grande maioria dos alimentos e bebidas.

Assim, para garantir que o consumidor maximiza a utilização do bem comprado, que tem uma experiência positiva e quer repeti-la; produtores e distribuidores têm desenvolvido acções conducentes a uma maior compreensão do produto e do acto de consumo.

Cada vez mais os produtores procuram desenvolver um trabalho consistente de trade-marketing que permita aumentar a experimentação/compreensão, notoriedade e valores associados às suas marcas.

As empresas de distribuição têm desenvolvido serviços de aconselhamento e formação aos seus consumidores (presença de colaboradores nos lineares e/ou da criação de clubes de vinhos), melhorado as condições dos lineares através de criação de um espaço distintivo, da utilização de luz indirecta e, em alguns casos, para vinhos de topo, o controlo da temperatura do espaço de exposição. Algumas destas acções são também utilizadas para segmentar o processo de venda, isto é, um produto mais complexo e, por inerência, mais caro, requer diferentes condições de armazenagem, diferentes necessidades de informação e um contacto com o cliente mais pró – activo e personalizado; sendo os clubes de vinhos disso exemplo.

Quanto ao futuro é expectável que se observe:

• Aumento do nível de exigência por parte dos consumidores, quer ao nível do produto quer ao nível da informação, reconhecendo, às marcas quer de produto quer de empresa distribuidora, a capacidade de cumprir esta satisfação;

• Maior segmentação de todo o processo de distribuição, exposição/comunicação e venda, por forma a optimizar o aproveitamento de oportunidades;

• Investimento na construção de marca através do aumento da experimentação, notoriedade e valores associados;

• Desenvolvimento de acções de divulgação e esclarecimento centradas na explicação do produto, desmistificando a complexidade do mesmo.

António Jorge, Director

Adjunto de Marketing da Unicer