Outras Opiniões

Os desafios da Distribuição

Por a 29 de Setembro de 2006 as 15:41

carlos maia

A palavra “Distribuição”, hoje mais do que nunca, não deve ser considerada apenas como um sector de actividade, é também um processo e uma função, assume um papel relevante na criação de valor acrescentado através da disponibilização de bens e serviços aos consumidores.

Vou centrar-me exclusivamente nos desafios do sector da Distribuição, contudo muitos desses desafios passados mas sobretudo os do futuro, entroncam no processo e na função. Só “en passan”, a implementação de uma gestão da cadeia de abastecimento integrada (Supply Chain Management) não é já um, senão o maior desafio da Distribuição Moderna numa competição cada vez mais globalizada?

O sector é muito dinâmico e complexo, logo os desafios foram e continuarão a ser inúmeros. A envolvente em permanente mudança obrigou o sector a adaptar-se e a inovar continuamente. As mudanças não ocorreram por mero acaso, pelo contrário, foram impostas. Por um cliente cada vez mais exigente e informado, uma concorrência mais intensa e relações fornecedor-retalhista cada vez mais complexas.

No decurso dos últimos anos a paisagem do comércio a retalho em Portugal mudou profundamente, tanto no sector alimentar como no não alimentar. O aparecimento das grandes superfícies no alimentar e a introdução de cadeias estrangeiras especializadas no não alimentar, através da entrada de multinacionais, acordos de franchising, etc… diversificaram os aprovisionamentos e aproximaram-nos dos “Hábitos de Consumo Globalizados”.

Hoje, coabitam pacificamente diversos tipos de formatos, cuja estrutura reflecte as características culturais da sociedade em que se insere, a evolução económica, sociológica e tecnológica. Estamos em pleno advento do “think globally, act locally “

A Staples Office Centre é um bom exemplo desta tendência, nasceu nos Estados Unidos da América em 1986, mas hoje já conta com cerca de 1.700 lojas não só no Continente Americano como na Europa e Ásia, emprega mais de 65.000 colaboradores em todo o mundo. Para dar uma ideia do volume de que estou a falar: apenas as 22 lojas em Portugal vendem anualmente mais de 8,5 milhões de CD’s, 2 milhões de pastas de arquivo, 750 mil tinteiros, 100 mil cadeiras, 18.000 PC’s e 9.700 leitores de DVD.

À semelhança do que se passa no mercado em geral, também nós apostamos na marca própria, hoje disponibilizamos ao mercado mais de 1.000 referências de papelaria, tecnologia, material de escritório e mobiliário da nossa marca. Não o fizemos por ser apenas uma tendência de mercado – preços baixos com toda a qualidade continua a ser a nossa obsessão – fizemo-lo porque o mercado procurava qualidade a preço justo, e nós temos uma estrutura organizacional e de custos capaz de lhe proporcionar o melhor binómio qualidade/preço.

Numa tendência que só irá crescer, as pessoas estão a fazer as suas compras ‘online’, a verdade é que esta tendência tem beneficiado muito as empresas ‘brick and mortar’, ou seja, as empresas que têm já lojas montadas. Em Portugal, neste momento, o ‘website’ da Staples Office Centre, apenas com 3 anos, recebe em média mensalmente cerca de 200.000 visitantes, representando já 3% do total das vendas, que é significativo num país como o nosso.

Sempre que visito as lojas (e faço-o frequentemente) relembro sempre aos meus colaboradores: – Não vendemos produtos e serviços, proporcionámos experiências gratificantes de consumo. O atendimento personalizado faz toda a diferença no retalho especializado: é com orgulho que refiro que na Staples fazemos mais de 30.000 horas de acções de formação por ano, uma média de 7 acções por cada um dos nossos colaboradores.

No meio destas tendências de mudança tão fortes, sem dúvidas o maior beneficiado, foi o cliente. Mais qualidade, preços baixos, espaços comerciais que articulam comércio e lazer num único espaço/ambiente.

Como cliente mas também como profissional vivi e participei em grandes desafios no sector da Distribuição em Portugal,

…a autonomia da distribuição…

…da loja à cadeia…

…do produto ao cliente…

…dos dados à informação….

…do produto/serviço às soluções…

…do fluxo simples às redes complexas…

…do contrato à parceria e partilha de informação…

outras tendências e desafios se avizinham, haverá menos marcas, mais qualidade e mais inovação. Pela simples razão que o consumidor de amanhã será mais exigente, informado e selectivo!

Carlos Maia, Country Manager da Staples Office Centre Portugal