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Companhia das Lezírias com nova estratégia

Por a 1 de Setembro de 2006 as 15:46

Companhia das Lezírias

A nova estratégia de gestão da Companhia das Lezírias foi apresentada, na passada terça-feira, pelo ministro da Agricultura, Jaime Silva, no complexo da empresa em Samora Correia. Visando a criação de valor acrescentado através da aposta em novos desafios, o modelo apresentado pelo ministro representa uma viragem face ao anterior, que apontava para a redução de riscos, e vem contrariar o relatório do Tribunal de Contas que, no início do ano, criticava a falta de estratégia da CL.

As grandes novidades são a criação de uma fundação para preservar o cavalo da raça lusitana – Fundação Alter Real – e de um centro de interpretação ambiental, com a retoma do funcionamento da quinta pedagógica e a criação de um observatório de aves. O aumento da área de vinha e olival e a produção de carne de bovino de alta qualidade e vitelão biológico são considerados prioritários; além disso, conforme noticiado na passada semana, será iniciado um novo plano de ordenamento florestal e a produção de arroz carolino de alta qualidade.

51% da estrutura da futura fundação Alter Real pertencerá à CL. Embora ainda não haja investidores, os restantes 49% estarão abertos à participação de diversas entidades, como a Associação Nacional de Criadores de Puro Sangue Lusitano, autarquias, o Centro de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo, Instituo Nacional de Investigação de Recursos Biológicos e mecenas. A gestão da nova fundação ficará a cargo da Coudelaria de Alter do Chão, que tinha sido integrada no Serviço Nacional Coudélico (SNC), agora unido à CL de forma a «fomentar, melhorar e divulgar a equinicultura nacional e promover os valores histórico-culturais relacionados com o cavalo» – quer dizer, «desenvolver a raça lusitana também do ponto de vista comercial», referiu o ministro. Para compensar o custo adicional que representa a incorporação do SNC na estrutura da CL, a administração de Vítor Barros propõe que os terrenos do SNC – 1100 hectares, totalizando os de Alter do Chão e Assomar – sejam utilizados para a criação de gado.

Com a saída do SNC da tutela do Estado, ficam também desafectadas as verbas que lhe estavam consignadas no Orçamento de Estado. «Terá agora de ser encontrada uma nova solução de financiamento», salienta Vítor Barros. Além disso, serão renegociados os termos do contrato de gestão com a Parpública, participada do Estado na empresa, com a possibilidade de introdução de prémios de gestão em função dos resultados, embora, por enquanto, o Governo não tenha traçado quaisquer metas de crescimento. Segundo o ministro Jaime Silva, «a nova estratégia da CL deve constituir um exemplo de gestão com uma lógica empresarial privada, tendo como elemento fundamental a vertente ambiental». Em declarações ao Diário de Notícias, Vítor Barros sublinhou a necessidade de a CL encontrar forma de «obter as receitas necessárias para viver e cumprir os seus compromissos», de modo a preparar-se para a diminuição dos subsídios da Política Agrícola Comum. Neste âmbito, sublinhou, o objectivo prioritário da gestão é a «consolidação do conceito de herdade-modelo».