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Orgulho na Marca

Por a 1 de Junho de 2006 as 14:00

Orgulho na Marca

A Congelados Moreira tem em plena fase de implementação um projecto de reestruturação da sua capacidade produtiva e logística com vista a dar resposta às crescentes necessidades dos seus clientes. Também conhecida por Congelados da Bóia, a empresa é o exemplo de como uma estrutura familiar pode encontrar alternativas válidas no mercado para desenvolver o negócio.

Neste momento, a fábrica apresenta uma capacidade para 15 toneladas/dia, volume que, concluída a intervenção na zona fabril e de armazenagem, irá duplicar. Paralelamente, será criada uma nova área logística com 5.000 m2 equipada com câmaras de última geração e prateleiras amovíveis, o que na prática representa ganhos ao nível da eficiência e rentabilidade na rede de frio e stockagem. Refira-se, a este propósito, que as câmaras terão capacidade para duas mil paletes, facto especialmente importante atendendo às condicionantes deste negócio, nomeadamente a escassez de pescado. Desta forma, a Congelados Moreira garante que não haja rupturas de stock nos seus clientes.

Este investimento na manutenção e melhoramento da cadeia de frio é extensível a toda a frota de distribuição, a qual tem precisamente capacidade para manter o frio ao longo de todo o processo de fornecimento. Em acrescento, a empresa tem vindo também a colocar equipamentos nos estabelecimentos, mais uma vez assegurando o frio e, como tal, a qualidade do produto final apresentado ao consumidor.

Novas soluções

Através do aumento da capacidade produtiva, abrem-se novas portas ao nível do desenvolvimento de produto, num mercado que pede qualidade crescente mas também conveniência, sofisticação e capacidade de surpreender. “Uma das grandes preocupações que temos tido perante o mercado é a inovação. Consideramo-nos uma empresa com know how a esse nível. Temos vindo a criar parceria estratégicas que nos permite desenvolver o produto, deixando aos nossos parceiros a produção. Temos um departamento de ID que vai aferir no mercado o que este precisa, incluindo degustação no consumidor, e desenvolvemos os formatos a produzir industrialmente. Sempre com marca Moreira, pois o desenvolvimento de marca, assumidamente, é a nossa filosofia”, revela Osvaldo Moreira, administrador.

Certo é que as gamas de produto têm vindo sucessivamente a ser aumentadas. A empresa dispõe de uma base de oferta bastante interessante e que se consegue diferenciar em termos de posicionamento no mercado. Ao pescado natural congelado, junta-se o leque de produtos de pescado preparado, como panados (feitos com ovos), posta à sevilhana, douraditos, etc. Por outro lado, comercializa ainda vegetais, batata e uma linha de refeições à base de bacalhau na lógica das refeições tradicionais portuguesas.

Merece ainda especial referência a gama skin pack de postas congeladas que, para além de ter uma apresentação especialmente cuidada e atractiva, constitui uma vertente de mercado que, neste momento, apenas é disponibilizada por três fabricantes no nosso pais. A administração considera que esta proposta é actualmente uma das grandes mais-valias do portfólio Moreira.

Food service em perspectiva

Outra das vertentes que tem vindo a ser incrementada é a área de food service, que a empresa considera estratégica. A lógica de colocar no segmento produtos de conveniência, aliás, foi algo que ficou plenamente demonstrado na última edição da Horexpo, onde os Congelados da Bóia marcaram presença. Osvaldo Moreira explica a opção da seguinte forma: “Dentro do desenvolvimento da nossa empresa, e considerando que o mercado de food service será o futuro, uma vez que na distribuição as grandes empresas e os grandes grupos estão a tomar o mercado, nós criámos uma linha que tem por lema cozinha 24 horas. Temos toda a gama de necessidades sem precisar de cozinheiro. O conceito é termos embalagem à dose, a pessoa não sabe nada de cozinha, mas sabe funcionar com o microondas e rapidamente apresenta o produto ao cliente”.

A gama food service é gerida de forma perfeitamente independente dos restantes produtos, mas inspira-se igualmente na lógica transversal à actuação de mercado da empresa: “Ao longo de 30 anos de existência temos investido muito na marca”. Neste contexto, Osvaldo Moreira tem uma visão pragmática num mercado cada vez mais competitivo e onde as grandes empresas espanholas constituem uma concorrência particularmente agressiva e poderosa. Segundo assinalou, “é lógico que todas aquelas empresas que ao longo destes anos não investiram na marca e pura e simplesmente apenas comercializaram produtos estão sujeitas a que os gigantes espanhóis aproveitem o que os portugueses, inadvertidamente, andaram a fazer. Colocaram as marcas deles no mercado e agora eles vendem directamente, com a marca já construída”. Certo é que, de acordo com o administrador, “está a haver uma grande redefinição do negócio, mesmo ao nível das exigências legais e também na gestão das empresas. Vão desaparecer operadores e ninguém sabe muito bem como as coisas vão evoluir.

O futuro

Naturalmente, as perspectivas de crescimento futuro são uma preocupação permanente, desde logo assegurando que não falta matéria-prima. “Cada vez mais, vamos à origem buscar o produto. Deixámos de ser uma empresa que comprava exclusivamente no mercado ibérico para passarmos a comprar directamente nos países produtores, como Índia, Chile, Argentina, África do Sul, Malásia, etc. Assim sendo, temos total garantia de controlo sobre o produto”, explica Osvaldo Moreira.

Com o fornecimento garantido, é então altura de aproveitar o potencial de desenvolvimento, o que passa nesta fase por uma aposta consistente na exportação. A marca Moreira já está presente em 12 países europeus e também no Canadá e em África. Seguramente, este será um dos principais pólos de desenvolvimento da empresa, a qual se tem caracterizado por um crescimento sustentado ao longo dos anos, sem grandes quebras na regularidade da evolução.

Em acrescento, e porque falamos de uma estrutura de cariz familiar, Osvaldo Moreira lembra que a empresa “vai na segunda geração e a terceira já está introduzida na companhia. Portanto, incontestavelmente vamos crescer, ainda que obviamente não a ritmos exagerados. E de facto temos evoluído habitualmente a dois dígitos por ano. O que posso dizer é que temos por objectivo muito concreto sermos um player de referência no mercado, tanto a nível nacional como internacional. Mas sempre com um foco muito grande na rentabilidade”.

Filosofia que tem levado a empresa a optar por um esquema de fornecimento ao pequeno comércio em detrimento das grandes cadeias, onde existem outros tipo de exigências no que diz respeito à entrada em linha. Osvaldo Moreira reconhece essa realidade e as dificuldades inerentes a todo o processo, mas não fecha as portas a tal possibilidade, uma vez que o leque de produtos comercializados enquadra-se perfeitamente nas necessidades de abastecimento dos maiores formatos de loja. “É uma possibilidade, mas somos uma empresa que gosta de ganhar dinheiro”, finaliza, de forma sugestiva.