FMCG Marcas

Maria no top das preferências

Por a 11 de Maio de 2006 as 18:15

Bolachas

O mercado das bolachas registou uma ligeira evolução, tanto em volume como em valor, comprovando assim a maturidade demonstrada pelo sector ao longo dos últimos anos. Detendo mais de 20 por cento da quota de mercado, em volume, a bolacha Maria continua, de acordo com os dados da AC Nielsen, a estar no topo das preferências dos consumidores portugueses.

Segundo o Índice Alimentar Nielsen (INA), o mercado das bolachas apresentou no Ano Móvel Dezembro/Janeiro 2006 evoluções, tanto em valor como em volume. Na realidade a maturidade deste mercado está espelhada na subida que o segmento das bolachas tem vindo a registar nos últimos cinco anos, verificando-se evoluções nas duas variações em análise. Se em volume o mercado das bolachas apresentou evoluções de cinco (2000), três (2001 e 2003) e dois por cento (2002 e 2004), já em valor as subidas foram ligeiramente superiores mostrando variações positivas na ordem dos nove (2000 e 2002), cinco (2003), quatro (2001) e três (2004) pontos percentuais.

No Ano Móvel agora analisado pela consultora, verifica-se uma subida de três pontos em volume, fixando a quantidade vendida nos 38,7 milhões de quilos, enquanto em valor a subida de 1,7 por cento coloca as vendas acima dos 147 milhões de euros.

A estas subidas não deixa de ser estranho o facto de muitas das bolachas comercializadas na Moderna Distribuição em Portugal serem de marca própria. Esta presença tem vindo a notar-se cada vez mais nas lojas de discount, embora no restante retalho alimentar as diversas insígnias a operar em território nacional já tenham optado por esta política, levando a que, devido ao baixo poder de compra dos consumidores portugueses, estes prefiram comprar produtos mais barato.

Tradição Maria

Analisando em pormenor os dados da AC Nielsen constata-se que a bolacha Maria continua a dar cartas neste segmento. De facto, a posição da “Maria” foi reforçada em 1,5 por cento, em volume, embora em valor os números da consultora mostrem uma redução de 3,5 pontos. Estes dados vêm contestar o crescimento que este segmento de mercado registou em período homólogo, verificando-se no Ano Móvel Dezembro/Janeiro 2005, subidas de 3,5 em volume e 6,9 por cento em valor. Além da tradição ainda manter a bolacha Maria no topo das preferências dos portugueses, é também verdade que o preço destas bolachas está mais barato, tendo sido comercializadas mais de 8,6 milhões de quilos, correspondendo a aproximadamente 13,8 milhões de euros.

Se em volume são as bolachas Maria que dominam o mercado com perto de 22 por cento de quota de mercado, já em valor são as bolachas cobertas que mostram a sua força, detendo cerca de 16 por cento de quota, isto é mais seis pontos que a Maria. O resultado das bolachas cobertas no exercício em análise não é, contudo, positivo, dados as descidas verificadas, tanto em volume como em valor. Se em volume a perda de 4,5 por cento significa a redução de 140 mil quilos, fixando a quantidade comercializada nas 3,1 mil toneladas, já em valor o decréscimo de 5,5 pontos fez com que as bolachas cobertas perdessem mais de 1,25 milhões de euros, permanecendo, mesmo assim, acima da fasquia dos 23 milhões de euros.

Com resultados bem diferentes das cobertas, aparecem as bolachas recheadas, apresentando subidas, tanto em volume como em valor. Curioso não deixa de ser, no entanto, o facto de, apesar de o volume de vendas ser superior ao das cobertas, as bolachas recheadas perdem em valor de vendas. A subida de seis pontos levou a que fossem comercializadas perto de 4,9 milhões de quilos, significando a evolução de 6,4 verificada em valor a passagem da fasquia dos 22 milhões de euros.

Significativos são igualmente os resultados apresentados pelas bolachas cream cracker e com pedaços. Se no primeiro caso as subidas foram de 8,7 e 4,2 em volume e valor, respectivamente, as bolachas com pedaços cresceram 16,6 pontos em quantidade e 14,3 pontos de valor. Estes números fazem com que, no caso das cream crackers tivessem sido comercializadas 3,3 milhões de quilos num valor total de 9,8 milhões de euros, enquanto nas “homólogas” com pedaços, a quantidade vendida se fixasse nas 1,7 mil toneladas e, pela primeira vez, se passasse a fasquia dos onze milhões de euros.

No capítulo das subidas, destaque ainda para as waffers, registando uma evolução de 5,8 pontos em volume e 6,2 em valor e para as bolachas de fibra com 7,8 e 6,6 em volume e valor, respectivamente. Os maiores crescimentos verificaram-se, no entanto, em segmentos ainda com pouca expressão no mercado nacional. Assim, o maior crescimento foi registado pelas bolachas aperitivas, apresentando uma evolução de 26,6 por cento em volume e 35 em valor, ficando a segunda maior subida para as bolachas digestivas com 31,5 pontos em volume e 18,4 em valor.

Por último, e ainda no campo das subidas, as bolachas de manteiga registaram uma evolução de 19,7 por cento em volume para, em valor, subirem 22 pontos percentuais, fixando as vendas nos 3,6 milhões de euros. Um apontamento ainda para as bolachas classificadas pela AC Nielsen como de “outro tipo” que registaram igualmente uma subida, mantendo posição discreta no campo da quantidade, mas valendo cerca de oito por cento do mercado total. Assim, os 1,7 pontos de evolução fixaram as vendas em volume nos 2,7 milhões de quilo, enquanto em valor foi ultrapassada a fasquia dos 11,2 milhões de euros.

Os dados divulgados pela AC Nielsen relativamente ao Ano Móvel Dezembro/Janeiro 2006 vêm apresentar uma evolução nos segmentos das bolachas sofisticadas – recheadas, com pedaços, fibra e aperitiva -, embora no caso do segmento das cobertas tenha existido uma retracção, tanto em quantidade como em valor face ao período homólogo.

As perdedoras

No capítulo das descidas, o destaque vai, como já mencionado, para as bolachas cobertas que revelaram um decréscimo de 4,5 e 5,5 em volume e valor, respectivamente. Além deste segmento que lidera as vendas em valor no INA, também as bolachas de água e sal registaram uma forte descida, apresentando uma redução de 7,3 por cento em volume e 11,4 em valor. Estas variações negativas fixaram a quantidade vendida no canal alimentar em pouco mais de um milhão de quilos, enquanto em valor, as vendas baixaram a fasquia dos quatro milhões de euros. Forte descida conheceram também as bolachas sortidas que mercê dos 8,4 por cento em volume e dos 9,3 pontos em valor vão perdendo a sua importância nos lineares da Distribuição Moderna.

Também as tradicionais línguas de gato, apesar do seu peso relativo neste mercado, avaliado em 147 milhões de euros, registaram uma quebra significativa. A descida de 7,7 pontos em volume de vendas fez com que este segmento de mercado baixasse a fasquia dos 500 mil euros, enquanto nas vendas em valor, os 5,2 de variação negativa ficasse aquém dos dois milhões de euros. À semelhança das anteriores, o segmento das bolachas short cake registaram uma diminuição insignificante em quantidade, mas de algum vulto no capítulo do valor, dado que os 6,5 negativos fixaram a sua comercialização em pouco mais de 3,5 milhões de euros.

Uma palavra ainda para os últimos três segmentos de bolachas em análise no Índice Nielsen Alimentar, com o maior destaque a ir para as bolachas integrais, uma vez que registaram uma descida em volume (-2,3%), enquanto as vendas em valor mostram uma subida de 3,5 pontos, significando isto que se vendem menos bolachas, mas a preços mais elevados. Também as bolachas torradas apresentam números antagónicos no índice em análise, já que sobem em volume (+4,6%) e descem em valor (-4,3%), tal como as bolachas de aveia que crescem na primeira variação (+1,2%), sofrendo uma ligeira queda em valor (-0,8%).

Concluindo, os dados da AC Nielsen vêm mostrar que o mercado das bolachas atingiu a sua maturidade, com os maiores crescimentos a verificarem-se nos segmentos mais inovadores, isto é, com maior conveniência e de índole mais saudável. Por outro lado, e caso no próximo Ano Móvel se mantenham estas tendências, seja possível ver as bolachas recheadas no topo das vendas em valor, trocando posições com as bolachas cobertas, não sendo de prever uma ocupação do primeiro posto no que concerne as bolachas Maria, bem implantadas no top das preferências do consumidor português.