Distribuição

Metro reforça internacionalização

Por a 17 de Abril de 2006 as 16:11

Os alemães da Metro, segundo maior grupo de distribuição a nível europeu, obtiveram performance positiva em 2005 devido ao reforço da operação internacional, cujo comportamento contrastou com as dificuldades registadas no mercado doméstico.

A performance internacional do grupo Metro, que em Portugal detém a Makro e também a Media Markt, foi particularmente positiva, apesar das dificuldades sentidas no mercado doméstico, onde os hipermercados Real e as lojas Extra caíram 7,5% nas vendas. Não obstante, o exercício caracterizou-se pelo incremento da expansão internacional do grupo, o que levou a uma performance global que viu as vendas aumentarem 4,2%, para um total de 56 ml milhões de euros. O crescimento fora do país de origem ultrapassou os 10%, tendo constituído a principal alavanca financeira para a operação dos alemães. Inversamente, o mercado interno sofreu com o contributo negativo das unidades Real e Extra, tendo acabado por evoluir negativamente em 2,2% pois mesmo assim os outros formatos explorados permitiram contrabalançar a má performance das lojas de retalho alimentar.

Os principais motores de desenvolvimento, mesmo no mercado doméstico, foram os cash & carry e as divisões de duráveis, como a nossa conhecida Media Markt, que cresceu vendas em nove pontos percentuais. Quanto à operação grossista, que recebe uma contribuição dos mercados internacionais estimada em 80% do total de vendas, aumentou 6,2%, para um total de 28 mil milhões de euros. Esta tem sido, aliás, a estratégia dos alemães para entrada em novos mercados, razão pela qual se compreende o crescimento sustentado da divisão de cash & carry.

E os resultados estão à vista: pela primeira vez as vendas externas representaram mais de 50% do total facturado pelo grupo durante um ano fiscal. Ainda mais importante, a operação externa representa cerca de dois terços do lucro operacional, elemento que mostra de forma clara a rentabilidade dos negócios. Este facto é tão mais importante quanto se sabe que muitos dos grandes retalhistas europeus têm sentido algumas dificuldades para manter níveis de rentabilidade elevados nas suas operações externas.

A Metro beneficia da forte presença em mercados emergentes como a Europa de Leste ou Ásia, onde se assiste a crescimentos de duplo dígito. Para 2006, conta crescer entre cinco a oito por cento nas vendas, mas o acréscimo deverá ficar a dever-se ao crescimento orgânico em mercados onde a companhia já opera. De facto, e de acordo com os planos estratégicos definidos, a Suécia será o único país que irá receber os alemães durante o corrente ano, uma vez que estes pretendem concentrar-se no crescimento de quota nos mercado já trabalhados.

Recorde de aberturas

Durante o exercício de 2005, o grupo Metro abriu 43 novos cash & carry, o que constitui um recorde histórico, bem como 56 unidades das insígnias Media Markt e Saturn, especializadas em electrónica de consumo. Estas são as principais marcas do grupo, até porque têm sido as “pontas de lança” ‘para o desenvolvimento das operações internacionais. Geralmente, a entrada é feita através do formato grossista, ao que se segue a entrada “em linha” das insígnia de retalho não alimentar, onde as margens praticadas são claramente mais altas do que no ramo alimentar.

Os mercados de maior sucesso durante o ano transacto foram a Rússia e a Ucrânia, onde o desenvolvimento da operação correu particularmente bem. Os níveis de crescimento registados na China e na Índia foram também considerados bastante satisfatórios e estes dois países deverão ser alvo dos principais investimentos nos próximos tempos. A Metro pretende abrir seis a oito unidades cash na China durante 2006 e entre seis a dez lojas em cada um dos exercícios subsequentes, tendo por objectivo primário atingir um parque de 40 espaços comerciais.

A aposta na Ásia é clara, uma vez que em 2007 o grupo entrará igualmente no Paquistão, para onde tem planos de estabelecer 20 unidades grossistas. Este será o 31º país em que o grupo estará activo e a quinta localização ao nível asiático, depois das entradas na China, Japão, Vietname e Índia. Quanto ao retalho especializado, será alvo de forte desenvolvimento na Europa Ocidental, esperando-se 70 novas unidades por ano e um novo mercado também por cada exercício. O início do ambicioso plano, como se disse, acontecerá na Suécia.

Aproximação ao líder

No que diz respeito às insígnias Real, Extra e Kaufhof, bastante concentradas no mercado doméstico, viveram as dificuldades sentidas na Alemanha, concretamente em relação ao consumo privado. De qualquer forma, o grupo continua interessado em desenvolver todas as suas marcas, colocando de lado a hipótese de alguma alienação de activos com menores níveis de rentabilidade ou mesmo contribuição negativa.

Por outro lado, estas insígnias deverão continuar a ser exportadas, como aconteceu recentemente com a Real, desta feita na Roménia. Espera-se que em 2008 o grupo tenha já coberto com hipermercados todas as principais cidades situadas no leste europeu. Ou seja, entre a tentativa de equilíbrio interna e o reforço da expansão internacional, que ganha cada vez mais importância no contexto do grupo Metro, os alemães deverão continuar a desenvolver a sua actividade ganhando crescente quota de mercado e até aproximando-se do líder europeu do retalho, os franceses do Carrefour. Neste momento, recorde-se, o grupo Metro ocupa a segunda posição em termos europeus, mas o crescimento externo está a fazer com que a diferença face ao líder seja reduzida de ano para ano.