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Soluções prontas continuam a crescer

Por a 5 de Abril de 2006 as 10:29

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Os portugueses estão cada vez mais adeptos das refeições pré-preparadas e dos congelados. As pizzas são uma das soluções prontas mais procuradas embora a grande maioria dos produtos que constituem esta área alimentar revelem desempenho positivo. A crescer a duplo dígito, quer em volume quer em valor, destacam-se os hambúrgueres, o marisco embalado, os bróculos e as couves de Bruxelas.

O mercado das refeições prontas e dos congelados continua a revelar elevado dinamismo, em Portugal, embora em menor grau face ao desempenho registado nos exercícios anteriores. Segundo a consultora Nielsen, o segmento das refeições preparadas cresceu 9,4% em volume, para 6,5 milhões de quilos, no ano móvel Dezembro/Janeiro de 2006, contra os 13% registados em Outubro/Novembro de 2004. Em valor, subiu quatro por cento, contra os 10% verificados em Outubro/Novembro de 2004, registando vendas na ordem dos 41 milhões de euros.

Esta descida de seis pontos percentuais em valor permite concluir que a marca própria está a ganhar terreno nas refeições prontas congeladas. «O sucesso deste fenómeno passa pelos elevados critérios de selecção de fornecedores e produtos que se tem vindo a assistir nos últimos anos. As marcas da Distribuição garantem o binómio preço/qualidade que supera, na maioria das vezes, os líderes de mercado», justifica a responsável de marketing da Geldouro, Mónica Carvalhido.

Ainda de acordo com a consultora Nielsen, os componentes, ou seja os congelados sem acompanhamento, registaram uma subida de 11% em quantidade e seis em valor. Isto significa que passaram pelas caixas automáticas portuguesas perto de dez milhões de quilos destes produtos, o que representa vendas em valor de 62 milhões de euros.

Os componentes congelados são, assim, o maior segmento em valor na área dos produtos congelados, embora o mesmo não se verifique no índice volume. Já em quantidade, o maior segmento é o dos vegetais. Este cresceu oito por cento em volume, para quase 16 milhões de quilos, e dois por cento em valor, com vendas próximas dos 40 milhões de euros.

Tendências de mercado

O preconceito do consumidor em relação aos produtos congelados está «praticamente ultrapassado», o que leva os consumidores a «experimentarem as novidades do mercado e substituírem, em muitos casos, os produtos frescos pelos congelados, como são exemplo o peixe e os vegetais», explica o director de marketing da área dos ultracongelados da Iglo, Daniel Fonseca.

«O cliente está mais informado e sabe que as marcas seguem critérios de controlo e qualidade exigentes», embora na área das refeições ainda se «verifiquem retracções no consumo por ser um segmento mais recente no mercado». No mercado das refeições prontas, a Iglo detém uma «quota superior a 40%», acrescenta.

Quanto às tendências de consumo, o responsável esclarece que «o desenvolvimento de produtos para cozinhar no forno, que permitem um método de preparação mais saudável», foi um passo importante neste sector, sobretudo na alimentação infantil. Trata-se de uma área com crescimentos significativos, «devido à preocupação dos pais em encontrar produtos saudáveis para os filhos, muito em parte devido ao problema da obesidade infantil que atinge números recorde no País.

A responsável de marketing da Bonduelle, Martine Cerqueira, sugere o facto de os consumidores «procurarem cada vez mais soluções imediatas, que não exijam muito tempo de preparação». Rapidez, funcionalidade e facilidade de preparação, são «pontos fundamentais para o consumidor final», acrescenta.

Por outro lado, Mónica Carvalhido destaca ainda «as transferências de consumo, cada vez mais aceleradas, dos tradicionais canais de venda para os mais recentes formatos de distribuição, como são exemplo os hard-discount».

O facto de o consumo estar a aumentar no sector das refeições pré-preparadas, explica a mesma fonte, deve-se «às alterações dos hábitos alimentares dos portugueses causados pela mudança de estilos de vida. Em paralelo, a procura de alimentos com gorduras saudáveis é cada vez maior, o que justifica a forte aposta da indústria em produtos diet e light».

Mais pizzas

No conjunto das refeições congeladas, os portugueses preferem pizzas. Este segmento cresceu 6,5 por cento em quantidade, contra a subida de 15% registada no ano móvel Outubro/Novembro 2004, para 2,8 milhões de quilos. Em valor, a variação face ao ano móvel anterior aqui analisado é mais significativa, a provar que a marca própria também está a conquistar os consumidores de pizzas. Este produto apresentou vendas em valor de 19 milhões de euros, o que significa uma variação negativa de 0,2% contra a subida de 13 pontos percentuais que o segmento registou no ano móvel Outubro/Novembro 2004.

Logo de seguida, destaca-se a lasanha que subiu em 11% a quantidade comercializada e em seis pontos percentuais o valor de mercado, para mais de 2,5 milhões de euros. Os cannellonis registaram variações semelhantes nos dois índices. O segmento vendeu 514 mil quilos, o que significa vendas de 2,6 milhões euros.

A crescer a duplo dígito, em quantidade (15%) e em valor (10%), estão as refeições tradicionais portuguesas, segmento a que a consultora denomina outras. Passaram pelas caixas portuguesas 1,5 milhões de quilos destes produtos, o que representa vendas em valor próximas dos 12 milhões de euros. O segmento das refeições étnicas, leia-se exóticas, está a crescer de forma significativa, apresentando uma variação de nove por cento. Os portugueses levaram para casa 12 mil quilos deste produto no período em análise. Em valor, desceu 14%, o que, mais uma vez, vem confirmar a crescente importância da marca própria na área das refeições congeladas.

Quanto às sopas, os consumidores nacionais continuam a preferir as caseiras. As preparadas desceram mais de 25% quer em volume quer em valor, para 321 mil euros. As refeições enlatadas, sem variação em valor, cifraram as vendas em 6,3 milhões de euros, o que representa quase dois milhões de quilos vendidos. Por último, as refeições desidratadas subiram sete pontos em volume face à variação negativa registada no ano móvel Outubro/Novembro 2004 (1,6%), com 2,4 milhões de unidades comercializadas. Em valor, subiu 1,5% para mais 3 milhões de euros.

Salgados a crescer

No que diz respeito aos componentes congelados, a preferência dos consumidores vai para os hambúrgueres. Foram comercializados dois milhões de quilos, o que representa uma variação positiva de 20%. Em valor, cresceu 15% para vendas próximas dos 14 milhões de euros.

Se a pizza é a refeição congelada preferida dos portugueses, este facto só se verifica se esta estiver pronta a consumir. A confirmar as quebras registadas no ano móvel Outubro/Novembro 2004, as bases para pizza apresentaram no período em análise quedas de 18% em quantidade e 28% em valor.

Os rissóis, pastéis de bacalhau e outros componentes preparados com carne, subiram nove por cento em quantidade. No conjunto destes três salgados, o maior segmento é o dos rissóis com 1,6 milhões de quilos comercializados, logo de seguida, os pastéis de bacalhau com 923 mil e, por último, os outros componentes que atingiram 850 mil quilos vendidos.

Os rissóis subiram o valor de mercado em sei por cento para oito milhões de euros. Os pastéis de bacalhau cresceram cinco pontos para seis milhões de euros e os outros componentes apresentaram uma variação positiva de sete por cento para quase 6,5 milhões de euros.

Por último, os restantes salgados, segmento que a consultora denomina de outros snacks (crepes, chamuças, empadas e enrolados, folhados e rolinhos), cresceram 11% em quantidade e seis em valor, cifrando as vendas em valor em quatro milhões de euros.

Peixe em alta

A crescer a duplo dígito (15%) no índice volume estão os filetes de peixe. Este produto aumentou em quatro por cento o valor de mercado para 1,8 milhões de euros. O marisco embalado também apresentou bons resultados. Os portugueses levaram para casa 52 milhões de quilos, uma subida de 14% face ao exercício homólogo. Em valor, cresceu 24% para cinco milhões de euros. O marisco a granel subiu 17% em valor para quase quatro milhões de euros. Em quantidade, cresceu 7%, o que representa 32 milhões de quilos comercializados.

O segmento peixe preparado sofre uma reviravolta face aos resultados registados no ano móvel Outubro/Novembro 2004. Segundo a consultora, este desceu 11% em volume contra a subida de 39% verificada no ano móvel Outubro/Novembro 2004 e 26% em valor face ao crescimento de 28% registado no período anterior.

O peixe a granel apresenta descidas superiores a um por cento quer em volume quer em valor. Foram comercializados 70 mil quilos deste produto, o que representa 14 milhões de euros. No que diz respeito às lulas, estas registaram uma subida de seis pontos percentuais em quantidade e 1,5% em valor, cifrando as vendas em quase seis milhões de euros.

Ervilhas nas preferências

Quanto aos vegetais, estes cresceram oito por cento em quantidade, o que significa que foram comercializados 16 milhões de quilos destes produtos. No entanto, os vegetais subiram apenas dois pontos em valor, o que corresponde a quase 39 milhões de euros. Da panóplia de vegetais, os portugueses preferem ervilhas. Este segmento aumentou o volume de mercado em seis pontos percentuais, o que significa que passaram pelas caixas de saída das lojas mais de oito milhões de quilos deste vegetal. Em valor, registou vendas de 16 milhões de euros.

Os bróculos e as couves de Bruxelas cresceram a um ritmo superior a 20 por cento nos dois índices. Trata-se de mais uma reviravolta nas vendas, uma vez que no ano móvel Outubro/Novembro 2004 as couves registaram variações negativas de 14% em volume e 12 em valor. A descer em valor estão os espinafres e o milho, com uma variação de oito e quatro por cento, respectivamente.

Por sua vez, as misturas de vegetais continuam a conquistar os portugueses. Este segmento subiu 11% em quantidade e três em valor. Foram comercializados 2,5 quilos deste produto, o que representa mais de seis milhões de euros. Quanto às favas, se em Outubro/Novembro 2004 desciam a ritmo de duplo dígito, em Dezembro/Janeiro 2006 verifica-se uma subida de dois por cento em volume, o que representa 800 mil euros. Em valor, desceu quase três pontos para 2,5 milhões de euros. No que diz respeito ao feijão verde, este revelou um desempenho positivo nos dois índices. Em volume, cresceu oito por cento para mais de 500 mil quilos e em valor subiu três pontos, o que significa um milhão de euros.

Quanto à batata, este legume registou vendas de quase 14 milhões de quilos, o que significa uma subida de sete pontos percentuais face ao exercício homólogo. Já em valor, desceu 0,2%, para 16 milhões de euros. Por último, os frutos congelados subiram em 53% a quantidade e em 43% o valor de mercado. No ano móvel Outubro/Novembro de 2004, este segmento tinha registado uma variação negativa de 28% em volume e 21% em valor.