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Acordo na ronda de Doha difícil de alcançar

Por a 13 de Dezembro de 2005 as 18:04

Depois dos dois fracassos vividos em Seatlle e Cancun, estabelecer um acordo até Sábado nas negociações sobre o comércio internacional na conferência da OMC (Organização Mundial do Comércio) é, segundo os membros ministeriais, carta fora do baralho. Desde tarifas comerciais, subsídios à exportação e entraves ao investimento, são vários os interesses contraditórios dos diversos países. Entre os mais optimistas, acredita-se que possa sair da conferência de Hong Kong, pelo menos, uma base de acordo que permita manter o esforço negocial até ao final de 2006.

O confronto tradicional entre países desenvolvidos e países em vias de desenvolvimento repete-se. Os mais ricos pretendem proteger o sector agrícola e explorar novos mercados na indústria e nos serviços. Os países mais pobres lutam para aumentar as exportações para as economias mais ricas tentam prevenir os riscos que correm ao abrir o mercado às grandes multinacionais.

As propostas apresentadas pela UE e EUA no que diz respeito à redução de tarifas agrícolas e subsídios à exportação divergem. Por um lado, os americanos afirmam que a Europa está protegida pela Política Agrícola Comum (PAC), por outros os europeus aconselham os EUA a adoptarem a política de tarifas zero para os países menos desenvolvidos.

Os interesses dos países em vias de desenvolvimento emergentes, como a Índia, o Brasil ou a África do Sul entram em contradição com as conveniências das nações mais pobres. Sobretudo os países da África Subsahariana, que têm condições especiais de acesso ao mercado europeu e receiam que a liberalização geral lhes ofereça uma concorrência demasiado forte dos países emergentes, como é exemplo o sector têxtil na China.

Por outro lado, o Brasil, a Índia e outras economias com elevados índices de produção agrícola solicitam à Europa que reduza as tarifas à entrada dos seus produtos. Embora os países do Velho Continente afirmarem que, para isso, os países emergentes precisam dar garantias de uma maior abertura nos mercados para os segmentos industrial e serviços. Apesar de o comissário europeu, Peter Mandelson ter repetido que «a OMC não pode falhar em Hong Kong», a verdade é que o acordo entre os 148 membros na Ronda de Doha está longe do consenso.

Sector agrícola sem nova proposta

A Europa não vai apresentar nova proposta para as negociações agrícolas de Hong Kong, afirmou ontem o comissário europeu do Comércio. «Venho a Hong Kong para discutir seriamente com os meus parceiros e espero outros tenham vindo para discutir seriamente comigo. Isto não quer dizer que vá propor uma nova oferta sobre a agricultura», esclarece Peter Mandelson, em conferência de imprensa.

Por sua vez, o Brasil afirmou ontem que as negociações não chegarão a bom porto caso não exista uma proposta melhorada da União Europeia (UE). «A agricultura é o motor deste ciclo e o acesso ao mercado é neste momento o seu motor de arranque», frisou Celso Amorim, ministro brasileiro dos negócios Estrangeiros. E acrescenta, «a menos que a UE melhore a sua oferta sobre os produtos agrícolas não haverá ciclo de Doha».