Sumolis e CGD compram Compal

O consórcio constituído pelos grupos Caixa Geral de Depósitos e Sumolis adquiriu, ontem, a totalidade do capital social da Compal e da Nutricafés, empresas até à data na esfera da Nutrinveste, holding agro-alimentar de Manuel Alfredo de Mello. O negócio ficou concluído com uma oferta final de 426 milhões de euros (20 a 30% acima das restantes ofertas), assumindo o banco estatal a liderança do consórcio através de uma participação maioritária de 80% na sociedade a constituir, ficando os restantes 20% de capital nas mãos do grupo controlado pela família Sérgio Eusébio. No entanto, este acordo está ainda, nos termos legais, sujeito à apreciação da Autoridade da Concorrência.

Ao que tudo indica, a participação da entidade bancária nesta acção será enquadrada no investimento de “private equity”, isto é, de modo a ser alienado mais tarde e com mais-valias. Neste contexto, esta operação não deverá ficar por aqui, até porque não se afigura que a CGD queira abrir uma nova área de negócios (neste caso, as bebidas), pelo que a sua participação nesta sociedade será para alienar num determinado espaço de tempo, restando agora saber se a Sumolis ficará sozinha ou se procurará um novo parceiro de negócio.

Aos interesses da CGD opõem-se os da Sumolis, isto porque é precisamente nas áreas de produção e comercialização de bebidas que o grupo possui todos os seus activos. Recorde-se que, além de um alargado portfólio de sumos abrangido pela Sumol, a empresa é responsável pela água Serra da Estrela, distribuindo, ainda, as marcas da Nestlé Waters, casos da Perrier, Campilho e Castello, o refrigerante Seven Up e a cerveja Tagus.

Com esta alienação, Manuel Alfredo de Mello, presidente da Nutrinveste, consegue reunir capital suficiente para financiar a expansão internacional do grupo, baseada agora no sector das gorduras alimentares, onde surge entre os principais “players” mundiais. Em comunicado, a holding justifica a alienação dos activos com o facto de «o desenvolvimento estratégico do grupo» assentar «no reforço da sua presença internacional, onde já é um operador de significativa dimensão no mercado de óleos alimentares e azeites, através das empresas Sovena, Sovena Ibérica, Simão e C.ª, East Coast Olive Oil e Tagol». Em Portugal, o Grupo Nutrinveste é líder no segmento de óleos alimentares e sub-líder no azeite, onde possui marcas fortes como o óleo Fula e o azeite Oliveira da Serra, respectivamente.

Assinale-se, ainda, que, de fora da corrida à aquisição da marca nacional ficaram a CentralCer, a Coca-Cola, além da parceria entre Pires de Lima e Contrim Figueiredo, respectivamente presidente e vice-presidente da comissão executiva da Compal – que em conjunto com a 3i, capital de risco britânica, preparavam uma acção de Management Buy Out (MBO). A Unicer, que também chegou a ser veiculada como interessada no negócio, resumiu o seu interesse à unidade de cafés, situação que também não se chegou a concretizar. É de esperar, igualmente, que a Autoridade da Concorrência não levante obstáculos à concretização do negócio, cenário que em caso de compra por parte da Unicer ou CentralCer seria manifestamente diferente.