Bebidas

Quebra nos lucros

Por a 10 de Outubro de 2005 as 14:51

ed 162 txt 2

A Diageo, líder mundial no sector das bebidas alcoólicas, apresentou lucros na ordem dos 2,01 mil milhões de euros no final do presente ano fiscal. Estes resultados representam uma descida de quatro por cento face aos números apresentados no exercício de 2004. Ao nível do volume global de vendas, a boa prestação do mercado norte-americano compensou a quebra do consumo registada na Europa.

O maior distribuidor de bebidas a nível mundial apresentou recentemente os seus resultados anuais, revelando uma quebra de quatro pontos percentuais nos resultados líquidos face ao exercício fiscal homólogo. Os 2,01 mil milhões de euros de lucro alcançados em 2005 representam uma descida de 30 milhões de euros em relação ao ano transacto, apontando Paul Walsh, director-executivo da Diageo, «a quebra no consumo de bebidas alcoólicas por parte do consumidores europeus e o facto de a empresa ter deixado de contar com a participação na cerealífera General Mills» como causas principais. Apesar da empresa ter apresentado uma quebra nos lucros, as vendas em volume aumentaram três por cento, passando de 122,1 para 125,6 mil milhões de unidades/garrafas nos mais de 180 países onde a Diageo está presente. O relatório de contas do líder mundial no sector das bebidas alcoólicas (detentora de marcas tão diversas como a Smirnoff, Guinness, Budweiser, Johnnie Walker, J&B, Bell ‘s, Gordon’s, Cacique, Baileys, Captain Morgan ou Cuervo) vem ainda revelar que as vendas líquidas (após dedução de impostos) passaram de 9,797 para 9,860 mil milhões de euros, representando assim um crescimento de um ponto percentual.

Entre as marcas mais comercializadas pela Diageo encontra-se a vodka Smirnoff com 25,2 mil milhões de garrafas, em 2005, correspondendo a um aumento de três por cento face a 2004, embora nas vendas líquidas a marca tenha registado crescimento zero. Johnnie Walker e Guinness seguem a marca de vodka, com 12,3 e 11,4 mil milhões de unidades vendidas, respectivamente, não perfazendo a soma de ambas, o volume total da marca mais vendida pela Diageo. Também em termos de evolução estas duas últimas referências apresentaram comportamentos antagónicos, com a marca de whisky a crescer cinco por cento em volume, aumentando 12 pontos percentuais nas vendas líquidas. A marca de cerveja Guinness, por sua vez, apresentou uma quebra de dois por cento no volume de vendas, aumentando, contudo, as vendas líquidas em cinco pontos.

De referir ainda que em termos das marcas prioritárias, a Diageo aumentou o seu volume de vendas em três por cento e as vendas líquidas em quatro pontos, correspondendo a 74,4 mil milhões de unidades. Quanto às marcas prioritárias locais, o volume de vendas rondou as 23 mil milhões de unidades, correspondente a um aumento nas vendas líquidas de um por cento.

Paul Walsh revelou ainda na apresentação da relatório anual da Diageo que, «o portfólio da empresa, no que diz respeito às marcas de bebidas premium, aliado ao posicionamento e alcance geográfico, permite-nos obter de forma consistente lucros e um elevado cash-flow. Conseguimos atingir este objectivo no final deste ano e continuamos a apostar forte nas nossas marcas, com um investimento superior a 1,4 mil milhões de euros em marketing para o próximo ano». Esta situação foi aliás comprovada pelo recente acordo com a equipa de Formula1 McLaren-Mercedes que devido às restrições à publicidade ao tabaco, em vigor desde de Agosto passado, colocou a marca Johnnie Walker nos bólides da equipa anglo-germânica. O acordo rondou os 21,9 milhões de euros, faltando ainda saber se estas negociações se limitarão à marca de whisky mais vendida pela Diageo ou se os “flecha de prata” serão um veículo de promoção de outras bebidas alcoólicas da empresa britânica.

EUA em alta

Para a estabilidade das contas finais da Diageo, muito contribuiu a prestação no mercado dos Estados Unidos da América. O volume de vendas da empresa cresceu quatro por cento, apresentando um crescimento, em volume, superior aos 3,5 pontos percentuais registados pela globalidade do mercado. Isto permitiu à empresa ganhar quota de mercado em todos os segmentos – espirituosas, vinho e cerveja. Também no Consumo Imediato, a Diageo ganhou quota, embora este canal não tivesse registado qualquer evolução em relação ao exercício transacto.

Segundo os responsáveis da Diageo, os resultados obtidos na maior economia do mundo deveram-se fundamentalmente à melhoria dos canais de distribuição, bem como a um aumento na aposta feita na vodka, de modo a compensar o decréscimo do consumo verificado na Europa. No Velho Continente, os lucros operacionais cresceram três por cento, apesar das condições de mercado difíceis e à continuada contracção do canal Horeca, justificada pela proibição do tabaco em pubs e bares. O volume e as vendas líquidas (após dedução dos impostos) registaram uma quebra de um e dois por centos, respectivamente.

No restante mercado internacional, a Diageo registou um aumento de quatro pontos percentuais nos seus lucros, ao mesmo tempo que aumentou os investimentos em marketing em 15 por cento, apostando fortemente no mercado chinês. O crescimento significativo no volume de vendas verificado na América Latina e nalguns mercados asiáticos, aliado a uma estratégia de aumento de preços, permitiram as vendas líquidas do líder mundial subir nove por cento, salientando os responsáveis que «as marcas prioritárias continuam a ser o motor para o crescimento global da empresa», com o volume e as vendas líquidas (excluindo o Consumo Imediato) a registar subidas de três e seis por cento, respectivamente.

Crescimento em 2006

Para o próximo exercício os responsáveis da Diageo apontam para um crescimento no volume de vendas na ordem dos três por cento e nas vendas líquidas de quatro pontos percentuais. Melhores preços e a definição de tendências no canal do Consumo Imediato poderão, de acordo com as análises efectuadas pela Diageo, aumentar as vendas líquidas. Os últimos números do líder mundial no sector das bebidas alcoólicas apontam para lucros na ordem dos 739,4 milhões de euros no primeiro semestre de 2005, o que corresponde a um crescimento de um por cento face aos 732,1 milhões de euros registado no período homólogo.

Com o aumento da concorrência, mercê da recente aquisição da Allied Domecq pela Pernod Ricard, a Diageo preparou-se para as futuras “batalhas” que se avizinham, adquirindo a marca de whisky Bushmills à Pernod Ricard por 295 milhões de euros. Com a marca a não ser alvo de um investimento continuado em publicidade above-the-line nos últimos anos, a Diageo pretende modificar esta situação, salientando Paul Walsh que «a Bushmills tem um grande potencial de crescimento e vamos utilizar a nossa experiência em marketing e capacidade de distribuição para levar esta marca para o mercado global de whisky».