Distribuição

Wal-Mart pressiona Sonae

Por a 19 de Setembro de 2005 as 12:29

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Os processos de concentração empresarial continuam a ser uma realidade no sector da Distribuição, à medida que os grandes grupos tentam adquirir activos e diversificar mercados.

Segundo notícias vindas a público, a Wal-Mart estará interessada em adquirir os activos da Sonae no Brasil. O “gigante americano” conseguiria assim expandir a sua operação no país ao Sul, estando disposto a desembolsar cerca de 800 milhões de euros pelo parque de 161 lojas, valor que é considerado o dobro da avaliação feita pelos analistas. Recorde-se que a Sonae já negociou recentemente dez hipermercados no estado de S. Paulo ao grupo Carrefour, o que pode indicar a predisposição dos portugueses para vender, desde que a oferta seja suficientemente tentadora. A investida do líder mundial é um aspecto a considerar pela Sonae, na medida em que o projecto de expansão da Wal-Mart está precisamente direccionado para as regiões onde o grupo de Belmiro de Azevedo concentra as suas forças, sendo líder nos estados de Rio Grande do Sul e Paraná e ocupando o segundo posto em Santa Catarina, o que faz da empresa nacional o quarto operador ao nível do mercado global brasileiro.

Ao todo, o mercado brasileiro está estimado em cerca de 31,5 mil milhões de euros, o que aguça o apetite dos principais grupos mundiais de distribuição. Neste momento, o principal operador é o grupo brasileiro Pão de Açúcar (mas com 50% do capital nas mãos dos franceses da Casino), seguido dos franceses do Carrefour e da norte-americana Wal-Mart, que desta forma reforçaria a terceira posição mas não conseguiria, ainda, subir no ranking. A concretizar-se o negócio, a Wal-Mart prossegue a sua política de expansão baseada em aquisições, como já tinha acontecido quando compraram a rede Bom Preço à Ahold, o que permitiu sedimentar uma posição de destaque.

A venda de operações nacionais em território brasileiro, aliás, não constituiria novidade, pois o grupo Jerónimo Martins, no quadro de um plano de reorganização de activos, já havia cedido ao grupo Pão de Açúcar a cadeia de supermercados Sé, que contribuía negativamente para os resultados operacionais dos portugueses. Na altura (meados de 2002) o negócio rendeu 143 milhões de euros, a que se juntam os 105 milhões de euros celebrados em contrato entre a Sonae e o Carrefour. Nesta fase, contudo, tudo não passa ainda de pura especulação, apesar do facto de a Sonae ainda não ter retirado resultados líquidos do investimento de quase mil milhões de euros já realizado no retalho brasileiro.