FMCG Marcas

Diversificação e internacionalização

Por a 19 de Setembro de 2005 as 10:31

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Não obstante o contexto económico difícil, o franchising de índole alimentar continua a apresentar boas perspectivas de crescimento. Acima de tudo, é hora de consolidar projectos, diversificar conceitos e internacionalizar insígnias, na esperança que a anunciada retoma permita recuperar a dinâmica já evidenciada em anos anteriores.

A aposta na qualidade e inovação parecem ser os dois eixos centrais para um sector que dá sinais de alguma saturação face ao número de unidades de venda e à reduzida dimensão do mercado nacional, contrariada agora por uma maior apetência para caminhar para pólos habitacionais mais pequenos e, essencialmente, pela possibilidade de internacionalização de diversos projectos.

De facto, a introdução de novos conceitos tem sido uma preocupação, quer ao nível de loja quer em relação à própria oferta. A insígnia líder McDonalds, por exemplo, criou as “Saladas Plus” para responder aos modernos hábitos de consumo, mais preocupados com a saúde. Com isto, a empresa conseguiu definitivamente abandonar o “fantasma” do quarto trimestre de 2002, quando pela primeira vez viu decrescer o seu volume de negócios. E a Telepizza, por sua vez, irá prosseguir o projecto de renovação de imagem que vem implementando.

Estes são dois exemplos da resposta que os franchisadores estão a dar perante as dificuldades de mercado, com uma conjuntura particularmente delicada em Portugal e perante um sector que evidencia alguma saturação. Por isso mesmo, a estratégia do maior grupo de fast food, a Ibersol, passa agora por um ritmo de expansão forte mas mais selectivo, ou seja, tendo em atenção o ambiente conjuntural envolvente. Isto significa, em traços gerais, alguma prudência na localização dos espaços comerciais e no desenvolvimento das cadeias.

Já ao nível da alimentação especializada, onde se reconhece mais espaço de crescimento, é de referir que a tendência aponta claramente no sentido da especialização, sendo crescente o número de estabelecimentos temáticos a explorarem nichos e especialidades de negócio. Estes são conceitos que têm a internacionalização no horizonte, para além de se começar a pensar em estratégias mais consistentes ao nível da cobertura nacional, nomeadamente fugindo dos saturados grandes centros urbanos e localizando espaços mais junto do Interior.

A prioridade, naturalmente, continua a ser Lisboa, Porto e as capitais de distrito, mas sente-se uma nítida tendência para alargar o raio de acção. Por outro lado, o mercado espanhol é encarado como uma extensão natural para desenvolvimento de negócio, como acontece por exemplo com a Mundo do Café, projecto da Delta que está já presente em Badajoz, aproveitando a proximidade com a casa-mãe, sediada em Campo Maior, e também em Madrid.

A Il Caffé di Roma, conceito nascido em Barcelona, iniciou a sua expansão internacional precisamente em Portugal, mas entretanto já avançou para Itália e França, concretamente Turim e Paris. Também a Cup & Cino, confirmando o dinamismo do conceito coffe shop, pretende abrir um parque entre 30 a 40 unidades no mercado espanhol durante o ano em curso.

Rankings com poucas alterações

De acordo com o Instituto de Informação em Franchising, houve poucas alterações no ranking da restauração/fast food, com a McDonalds a continuar na liderança. As 113 lojas, das quais 94 eram franchisadas, mantinham uma distância considerável face ao segundo classificado, a Pizza Hut, com 83 espaços, todos eles em regime de franchising. Na realidade, não houve qualquer alteração nos quatro primeiros lugares, pois a Telepizza manteve o 3º posto (66 unidades, 27 sob franchising) e a Pans & Company a quarta posição, com 31 lojas sob regime de franchising. A partir daqui começam as alterações, com a Loja das Sopas a subir da 6ª para a 5ª posição, trocando com a Joshua’s Shoarma Grill. Ao longo de 2004, o número de aberturas não foi particularmente significativo, destacando-se a inauguração de sete espaços Pizza Hut, número interessante face à contracção de mercado, três unidades Telepizza, duas Pans & Company e apenas uma McDonalds.

Na alimentação especializada é que já houve alterações mais radicais, pois a Délifrance desceu do segundo para o quinto posto, trocando de lugar com a Il Caffé di Roma, que no período inaugurou 10 lojas, mostrando ser a insígnia mais dinâmica no momento. A liderança continua a pertencer à Mundo do Café, que com a inauguração de seis espaços ascendeu a 43 unidades, mais 17 que o segundo classificado. Para o mau desempenho da Délifrance, recorde-se, contribuiu o encerramento de sete espaços. O segmento tem vindo a ser alvo da introdução de novos conceitos, mas é claramente liderado pelas coffe shop e gelatarias.

Em termos de cadeias de franchising a nível global, a alimentação tem naturalmente um papel importante mas está longe de constituir um conceito líder neste modelo de negócio. De facto, a tabela das 50 maiores cadeias é liderada pela 5 à Sec, com 254 unidades, seguida da Optivisão, com 234, da Império-Bonança, com 183, e da Multiópticas, com 167 pontos de venda.

A primeira insígnia do ramo alimentar apenas aparece na sexta posição, nomeadamente a McDonalds, isto porque o quinto posto é ocupado pelo Intermarché, que no entanto subtraímos deste conjunto, apesar de ser uma loja do ramo alimentar, só que na área da distribuição e não do retalho. A Pizza Hut assume a 10ª posição, surgindo depois a Telepizza (13º lugar), a Mundo do Café, no 24º posto, a Pans & Company (40), Loja das Sopas (42), Joshua’s Shoarma Grill (47) e Il Caffé di Roma (no 49º lugar).