Distribuição

Unicre custa 50 milhões à Distribuição

Por a 14 de Setembro de 2005 as 11:40

ed 160 dist txt 2A Unicre, empresa que domina a gestão e emissão de cartões de pagamento em Portugal, recebeu, em 2004, 50 milhões de euros das empresas de distribuição, refere a associação sectorial APED, que contesta a posição monopolista daquela empresa. A queixa por abuso de posição dominante apresentada pela instituição presidida por Luís Vieira e Silva à Autoridade da Concorrência (AC) mantém-se e deverá ter desenvolvimentos em Setembro.

Em conversa com os jornalistas, Luís Vieira e Silva, presidente da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), afirmou que «sobre o EBITD do universo APED, dez por cento é pago em comissões bancárias, o que dá um valor aproximado de 50 milhões de euros por ano». Na opinião de Vieira e Silva, este contexto constitui «uma transferência directa de riqueza da Distribuição para a Banca». O mesmo responsável adiantou ainda que as empresas de distribuição atingiram um volume de negócios na ordem dos dez mil milhões de euros, no ano passado, o que representa um crescimento de três por cento face a 2003.

Recorde-se que as taxas aplicadas nas transacções realizadas nos cerca de 53 mil estabelecimentos servidos pela Redunicre – unidade da Unicre responsável pela gestão da rede de pagamentos electrónicos por cartão – baixaram, em média, 15 por cento, no passado mês de Abril. No caso dos cartões de crédito, a descida foi de 18 por cento, enquanto que nos de débito se situou nos dez por cento. Simultaneamente, foi realizada uma reformulação das tabelas e dos respectivos escalões. Amadeu Paiva, administrador da empresa, considerou que estas modificações vão permitir uma maior homogeneidade no tratamento dos clientes, salientando que a descida das comissões foi possível dado ter sido «atingido um certo patamar de actividade», fruto da maturidade do mercado. Do lado dos comerciantes, a reacção foi pouco entusiástica, nomeadamente da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição.

Num encontro com os media para divulgação das actividades da APED planeadas para 2005, Vieira e Silva sublinhou que a queixa apresentada em 2002 à Autoridade da Concorrência segue o seu curso regular, sendo esperado um parecer da AC para o mês de Agosto ou Setembro, embora este último seja a data mais provável para a instituição liderada por Abel Mateus se pronunciar. O protesto da APED, que defende a redução das comissões da Unicre, é semelhante a outros apresentados na Europa e que foram alvo de condenação, caso, referiu o presidente da APED, da situação em Espanha. «A situação em Portugal ainda é mais complicada porque não há concorrência à Unicre», sublinhou. A associação está ainda a estudar «uma alternativa credível» à actual Redunicre, mas Vieira e Silva não quis concretizar que ideias estão em jogo, preferindo dizer apenas que «existem vários modelos que podem ser seguidos».