Distribuição

Caro vs barato

Por a 5 de Setembro de 2005 as 18:13

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A Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco) efectuou recentemente um estudo em que analisa os preços praticados na Distribuição nacional. De acordo com a análise feita a 550 estabelecimentos, optando pelo local certo, pode-se poupar quase mil euros por ano. Por outras palavras: na “procura” é que está o ganho.

Se fizermos as contas ao que as famílias portuguesas gastaram em compras durante o ano de 2004, verificamos que um quinto dos seus rendimentos é canalizado para alimentos e outros produtos para a casa. Atenta a esta situação, a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO) foi às compras e comparou – para o seu estudo publicado na revista Proteste N.º 258, de Abril de 2005 – mais de 63 mil preços. Foram visitados 550 hiper e supermercados, cooperativas, lojas de conveniência e de desconto, repartidas por 111 localidades do Minho ao Algarve, sem esquecer as ilhas. Com o último inquérito realizado em Abril de 2003 (Proteste N.º 235), cerca de metade dos leitores da revista revelaram que este estudo influenciou, alterou ou confirmou a escolha do local onde efectuar as compras. Para melhor informar o consumidor, e dado que este compra diversos tipos de produtos, a Deco formou dois cabazes de compras (ver caixa) e foi à procura dos melhores preços.

Norte mais barato

Dos 18 distritos e das duas regiões autónomas visitadas, a Deco concluiu que o campeão dos preços baixos (índice 100) está localizado em Guimarães, cabendo ao Intermarché da cidade de Afonso Henriques o respectivo título. De facto, é no Norte que se encontram os supermercados mais baratos (tendo em conta o cabaz 1), com a segunda posição a ser ocupada, ex-aequo, pelo Minipreço de Barcelos, Continente de Guimarães e Modelo do Barreiro. No lugar mais baixo do pódio, ficaram o Minipreço de Aveiro e Ílhavo, Modelo do Porto Alto e Setúbal, Jumbo de Vila Nova de Gaia e Continente de Viana do Castelo.

O estudo efectuado pela Deco refere ainda que dos dez supermercados mais baratos para encher o cabaz, três estão localizados no distrito de Braga, dois no de Aveiro, dois em Setúbal, um no Porto, um em Viana do Castelo e outro no distrito de Lisboa. Para reforçar esta ideia de que no Norte se compra mais barato que no Sul, o inquérito revela que 30 dos estabelecimentos que ocupam as primeiras posições, apenas seis estão situados a Sul de Aveiro. Por contraponto e se os melhores preços estão a Norte, os mais elevados situam-se a Sul. Assim, dos 100 estabelecimentos considerados mais caros, apenas oito estão localizados a Norte de Aveiro, com o pódio dos mais caros a ser ocupado pelos supermercados Novo Mundo, Super G (em Lisboa) e o Sipel, em Albufeira, mantendo-se este último como o mais careiro nos últimos dois estudos efectuados pela Deco. Quanto às regiões autónomas, o estudo conclui que os preços dos cabazes diferem dos Açores para a Madeira, assim como dos preços praticados em Portugal Continental, dado que os cabazes das ilhas foram evidentemente adaptados às marcas e produtos aí vendidos. Também os índices foram calculados e ponderados em função do consumo existente na ilha da Madeira e arquipélago dos Açores. Assim, para quem procura o local mais barato para fazer as suas compras em Ponta Delgada, o estudo revela que o supermercado Manteiga lidera o ranking no que diz respeito ao cabaz 1, acontecendo o mesmo para as opções drogaria e sem carne, fruta e legumes e cabaz 2. Já para as compras de mercearia, o Modelo da Ribeira Grande é o mais barato. Viajando para a ilha da Madeira, é a cadeia de supermercados Modelo a bater todos os concorrentes para qualquer dos cabazes.

Combate entre grandes

Entre os gigantes existentes em Portugal, a cadeia de hipermercados Continente arrebatou o primeiro lugar, constituindo-se como a melhor opção para encher o cabaz 1. O segundo lugar volta a ser ocupado pelo Minipreço, enquanto a cadeia Modelo ficou com o último lugar no pódio das cadeias mais baratas.

No que diz respeito às compras de mercearia, o Continente volta a praticar os preços mais convidativos, ficando o Minipreço novamente em segundo, seguido desta vez pelo Carrefour. Para as compras de drogaria os papéis invertem-se, com o Minipreço a conquistar o primeiro lugar aos hipermercados Continente, aparecendo em terceiro lugar o Jumbo, situação que se repete no cabaz 1 (sem carne, fruta e legumes) com os primeiros dois lugares a manterem-se iguais, substituindo o Carrefour o Jumbo no terceiro posto. Já no cabaz 2, os “alemães” das lojas de desconto da Plus mantiveram o primeiro lugar, arrebatado ao Lidl no estudo do ano passado. Nesta categoria, o primeiro hipermercado surge, assim, no terceiro posto, mantendo o Carrefour o Continente e Jumbo a uma distância de oito e dez por cento, respectivamente. Já nas ilhas, é o Modelo a conquistar os louros de cadeia mais barata, com excepção no cabaz 1 (sem carne, fruta e legumes) trocando com a Solmar que em todas as outras categorias se coloca em segundo lugar. Na Madeira, mais concretamente no Funchal, é o Modelo a arrasar a concorrência, ficando com o primeiro lugar em todas as categorias, com o segundo posto a ser alternado entre a Sá e o Pingo Doce.

Poupar na net

Também as compras efectuadas pela Internet parecem ser mais baratas nalguns sites, com a Deco a visitar as lojas www.continente.pt e www.elcorteingles.pt. As poupanças verificam-se, essencialmente, para quem vive perto das lojas físicas com preços mais elevados, com destaque para o El Corte Inglês. Comparando os preços praticados pela loja virtual do Continente com a cadeia física, conclui-se que o consumidor fica prejudicado com as compras realizadas no site da cadeia pertencente a Belmiro de Azevedo. Contudo, o site pratica preços mais convidativos nos produtos de drogaria e no cabaz sem carne, frutas e legumes. O estudo efectuado pela Deco conclui assim que ficar em casa sai caro, com as compras pela net a ficarem cerca de três e um por cento mais caras para o cabaz 1 e 2, respectivamente.

No caso do El Corte Inglês, o caso afigura-se um pouco mais reconfortante. Apesar dos preços praticados serem mais caros que os registados no Continente, com excepção para o cabaz de drogaria, diz a Deco, a loja virtual do El Corte Inglês pratica preços mais vantajosos do que a loja física, com o cabaz 1 e 2 a serem mais baratos 11 e um por cento, respectivamente.

Mil euros mais ricos

Se o consumidor optar pela loja certa, o estudo da Deco revela que é possível poupar aproximadamente 1.000 euros no final do ano. Braga continua a ser a região mais favorável à poupança nas compras anuais, seguida da região do Porto e Lisboa, esta última acompanhada por Setúbal. Com a concorrência a ser cada vez maior, também Aveiro, Viana do Castelo e Vila Real, estas duas últimas regiões classificadas como das mais caras nos últimos anos, parecem ter despertado e apresentam preços mais convidativos a quem se desloca às lojas para efectuar as suas compras. No fundo da tabela, apresentando-se como as regiões mais caras, encontramos Guarda e Viseu, acompanhadas por Beja e Bragança. Os preços, contudo, não variam somente de região para região, verificando-se que dentro da mesma cidade existem também diferenças de preços. Na cidade de Faro, por exemplo, estas diferenças de preços chegam a atingir 47 por cento, aconselhando a Deco para se fazer bem as contas e escolher cuidadosamente o local para realizar as suas compras. O estudo da Associação dá um exemplo: um consumidor de Albufeira, supondo que gasta 250 euros mensalmente em compras e o supermercado onde habitualmente faz as compras é dos mais caros (Sipel), se optar pelo mais barato (Continente), poderá poupar mais de 76 euros todos os meses. Isto significa que, no final de cada ano, poderá poupar aproximadamente 912 euros no cabaz 1. Outro exemplo dado pela Deco está mais a Norte, na cidade de Lisboa. Supondo que se gasta 250 euros no A. C. Santos, optando pelo Pingo Doce, poder-se-ão poupar todos os meses 53 euros, significando isto no final de cada ano, quase 640 euros. Assim, o estudo apresentado na revista Proteste de Maio de 2005 conclui que, «para poupar centenas de euros, basta fazer mais alguns metros ou entrar na loja do outro lado da rua».