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Alexandre Soares dos Santos (1934-2019)

Por a 19 de Agosto de 2019 as 17:58
Alexandre Soares dos Santos e o filho, Pedro Soares dos Santos

Alexandre Soares dos Santos e o filho, Pedro Soares dos Santos

Alexandre Soares dos Santos, o empresário que conduziu a expansão nacional e internacional do grupo Jerónimo Martins, faleceu na passada sexta-feira, aos 84 anos. 

“Como empresário e como Homem, o meu pai deixa um legado forte, que nos cumpre honrar e continuar”, declarou Pedro Soares dos Santos, filho e sucessor na presidência do grupo, após Alexandre Soares dos Santos ter renunciado ao cargo em 2013, pondo um fim a mais de 45 anos sob liderança.

“Como seu sucessor na liderança da empresa a que dedicou mais de 45 anos da sua vida e que conduziu com visão e coragem ímpares, sei bem o quanto este grupo lhe deve e como a força da sua liderança, e a sua integridade e determinação foram absolutamente decisivas para posicionar Jerónimo Martins entre os maiores retalhistas do mundo, mantendo como princípio fundamental o respeito por todas as pessoas, com uma especial atenção para com as que conosco trabalham”, lê-se na mensagem de Pedro Soares dos santos deixada na página da empresa.

Considerado pela Revista Forbes o segundo homem mais rico de Portugal, com uma fortuna a ultrapassar os três mil milhões de euros, Alexandre Soares dos Santos dedicou a maior parte da sua vida profissional ao comércio alimentar. 

O empresário começou o percurso profissional aos 22 anos, colaborando com a Unilever, que na altura já detinha a joint venture para o mercado português com o grupo Jerónimo Martins, fundado pelo avô do empresário.

Em homenagem ao fundador, Alexandre Soares dos Santos criou em 2009 a Fundação Francisco Manuel dos Santos,  gestora da Pordata, projeto de estatísticas certificadas sobre Portugal e que detém atualmente a concessão do Oceanário de Lisboa. 

“Ao tomar a decisão de criar esta fundação, entre muitas outras iniciativas filantrópicas realizadas em articulação com a sua família, Alexandre Soares dos Santos revelou, uma vez mais, o seu espírito visionário, o seu sentido de serviço aos outros e a sua constante preocupação com o futuro de Portugal”, destaca a administração da fundação numa mensagem emitida na sua página.

“A par da sua atividade como empresário que criou um grupo de dimensão internacional gerador de mais de cem mil empregos, a Fundação Francisco Manuel dos Santos constitui o legado cívico de uma vida exemplar, regida por princípios sólidos e valores perenes, cuja sagrada memória todos os órgãos sociais e colaboradores da FFMS irão honrar para sempre”, conclui.

Em declarações ao Hipersuper, Jorge Henriques, presidente da Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares (FIPA) lembrou que “Alexandre Soares dos Santos é uma referência para o País. A forma como dinamizou e internacionalizou  o grupo Jerónimo Martins, a aposta declarada no campo da distribuição, o reforço da imagem dos produtos portugueses cá dentro e lá fora são apenas exemplos da sua capacidade e da sua visão”.

“A FIPA lamenta o seu desaparecimento, sublinhando, com admiração, o legado de Alexandre Soares não só na indústria agroalimentar, mas na economia e na sociedade”, sublinha o presidente.

Um percurso histórico no retalho alimentar

Para a Jerónimo Martins, Alexandre Soares do Santos foi “um líder histórico”. Foi pelas suas mãos que surgiram os supermercados Pingo Doce na década de 1980, através de uma parceria com a Delhaize. Nas suas rédeas a marca ganhou notoriedade e tornou-se uma das maiores cadeias em Portugal.

Além disso, foi ele o responsável pelo processo de internacionalização da Jerónimo Martins iniciado há mais de 20 anos, na Polónia, onde atualmente a empresa ocupa o segundo lugar no ranking das maiores empresas do país. Por lá, o grupo detém a cadeia Biedronka, que chega a 79% da população polaca, segundo dados do grupo relativos a 2017.

O segundo destino internacional foi conhecido em 2013, com o grupo a inaugurar a cadeia de supermercados Ara na Colômbia. 

Ao todo, o grupo detém cerca de 3500 lojas de retalho alimentar espalhadas pelos três países, mostrando também aposta na produção alimentar quer na Polónia quer em Portugal, assim como nas lojas grossistas Recheio. A empresa encerrou o exercício de 2018 com um resultado líquido de 401 milhões de euros.

Em Portugal, a cadeia Pingo Doce foi alvo de coimas por vender produtos abaixo do preço de custo (dumping), devido às campanhas de promoção que colocaram todas as lojas com 50% para celebrar o feriado do Dia do Trabalhador.

Entre outras medidas polémicas está a decisão de deslocalizar a sede social da Jerónimo Martins para a Holanda, em 2012, com a venda por parte do grupo Soares dos Santos da sua participação maioritária de 56%  na empresa de distribuição.

Notícia atualizada a 20 de agosto com o acrescento de novas declarações.

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