O plano da Nescafé para vingar no consumo fora de casa

1200 toneladas. É a quantidade que a Nescafé prevê produzir em Portugal, este ano, da sua nova gama de café em grão. A marca assinala os 60 anos de presença no mercado nacional com a expansão a um novo canal de distribuição

A Nescafé deu uma reviravolta à sua estratégia de vendas. A marca da Nestlé, que assinala este ano seis décadas de presença no mercado português, lançou a sua primeira gama de café torrado em grão para o canal horeca. “Este ano de 2018 marca a expansão de Nescafé para o consumo fora de casa, através do lançamento da gama de café torrado em grão no horeca, canal onde procuramos proporcionar novas e diferentes experiências de café aos consumidores”, declara ao Hipersuper Vítor Manuel Martins, business executive officer da direção de cafés da Nestlé Portugal.

A gama de café em grão, constituída por quatro variedades, é produzida na fábrica da Nestlé no Porto. “Portugal é o primeiro e – até agora – o único país do mundo a produzir Nescafé café em grão”, conta Vítor Manuel Martins. A multinacional escolheu a fábrica portuguesa para a produção mundial desta nova linha de produtos. Uma aposta que veio reforçar a capacidade de exportação da unidade industrial localizada no norte do país. “Esta tem sido uma aposta ganha também do ponto de vista de produção e exportação nacional. Este lançamento veio aumentar a capacidade exportadora da nossa fábrica do Porto, totalizando agora 25% da produção total de café”. A partir da cidade invicta, a Nestlé exporta um quarto da produção de café para países como a Áustria, África do Sul, China e Malásia, entre outros.

Na fábrica portuguesa foram já produzidas este ano 800 toneladas de café em grão Nescafé e as expetativas da marca passam por ultrapassar as 1200 toneladas no final do ano em curso. “Esta é uma das fábricas mais eficientes a nível europeu para a Nestlé”, garante. Na unidade industrial do Porto são produzidas ainda as quatro marcas de café portuguesas da multinacional: Buondi, Sical, Tofa e Christina.

Quatro blends, dois certificados

São quatro os produtos que a marca desenvolveu para conquistar o novo canal de vendas: cafés, bares, restaurantes e hotéis. Nescafé Intenso, Espresso, Selezione e Superiore, os dois últimos provenientes de campos de cultivo certificados pela Rainforest Alliance. E como estão os operadores do canal horeca a receber a nova proposta? “Apesar de ainda estarmos no início desta expansão para o canal horeca, a marca está a responder bem às expectativas”, garante Vítor Manuel Martins, acrescentando que a Nestlé tem, “no global, ligações com mais de 400 unidades hoteleiras e de restauração em Portugal e a aceitação dos clientes, parceiros e consumidores tem sido excelente”.

Concretamente nos restaurantes, a marca tem vindo a acompanhar as tendências ligadas ao consumo de café artesanal. “Seja em balão, chemex ou slow brew, [o café artesanal] é uma tendência recente que temos acompanhado de forma pioneira. Nos restaurantes com os quais trabalhamos é possível os consumidores terminarem ou acompanharem a suas refeições com uma experiência de café artesanal como estas que referi, isto além do tradicional expresso. E toda esta inovação tem sido muito bem aceite pelos donos dos restaurantes”, remata.

Uma história com 80 anos

Brasil, 1930. A história da Nescafé começa com um pedido do governo brasileiro à Nestlé. O executivo brasileiro pediu ajuda à Nestlé para encontrar uma solução para escoar o excedente de café gerado pelo crash da bolsa de Wall Street, ocorrido um ano antes. Não foi, no entanto, desenvolvida uma solução para aquele problema particular. Mas foi o desafio lançado pelo governo brasileiro que levou a multinacional a investigar durante os oito anos seguintes a fórmula do primeiro café solúvel Nescafé, que lançou em 1938. “E este foi também o começo de uma relação próxima da marca e da Nestlé com os cafeicultores brasileiros e que permanece até hoje”, conta em Vítor Manuel Martins, business executive officer da direção de cafés da Nestlé Portugal. A marca está atualmente à venda em 180 países.

*Texto originalmente publicado na edição impressa de novembro do Jornal Hipersuper