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Edge Computing: Um dos grandes desafios das TI

Por a 12 de Junho de 2018 as 10:40

JoseFonseca_SASJosé Fonseca, Data Management Expert no SAS

Basta olhar para o mundo que nos rodeia para entendermos rapidamente que o volume de dados informáticos vai continuar a crescer durante os próximos anos, de forma exponencial. Segundo a Gartner, este volume irá aumentar 800% nos próximos cinco anos, sendo que 80% desta informação vai estar relacionada com dados não estruturados. Este desafio é facilmente explicado não só pela transformação digital que estamos a acompanhar, pela quantidade de informação que recebemos e partilhamos pessoalmente, mas também pela informação gerada por máquinas e sensores.

Nós e todo o nosso quotidiano está, constantemente, ligado e monitorizado. E isso vem, evidentemente, aumentar as necessidades de potência computacional já que existem cada vez mais dados para processar, mas também a necessidade de maior conectividade e capacidade de armazenamento da informação. Se não atuarmos corretamente, o desafio que a transformação digital nos vai trazer é simples: processar mais rápido um maior volume de dados, sem no entanto que com isso consigamos melhorar o desempenho das nossas organizações!

O objetivo passa por trazer capacidade computacional mais próxima de onde estão a ser gerados os dados, processar os dados de forma mais eficiente e alavancar esta capacidade para nos auxiliar na tomada de decisão.

Estamos a falar de computação localizada, estamos a falar de edge computing – considerado como um dos grandes desafios para as TI [Tecnologias de Informação]– que ao permitir a aquisição de conteúdos e dados, o seu controlo, armazenamento e processamento, vem trazer grandes benefícios a diversas áreas, inclusive para o retalho. Entre outros, um desses benefícios é poder tirar partido, em tempo real, de tudo o que são dados enviados por dispositivos e ter a capacidade analítica para efetuar uma tomada de decisão no momento sem necessitar de recorrer a informação centralizada.

É sabido que no retalho o cliente está no centro das análises de IoT [Internet das Coisas], existindo empresas a recolher e processar dados sobre o comportamento de milhares de consumidores em loja. Esta “radiografia” feita à loja e aos seus clientes, alimentada por sensores e vídeos, capta não só o tempo exato que cada consumidor passou nos vários pontos da loja, o tempo que demorou em cada uma das secções, como aquilo que acabou por comprar.

Através desta informação, podemos otimizar os layouts da loja, identificar e rentabilizar espaços, mas também podemos, a par com a computação localizada, os sensores e de algoritmos analíticos, direcionar os consumidores para as promoções existentes, criar novas promoções geradas em tempo real para o consumidor em questão ou “desviar” os clientes para zonas menos povoadas da loja.

Os retalhistas podem também pedir aos consumidores opiniões, usando dados da IoT para iniciar essa interação, personalizando assim a experiência de compra e aumentando a lealdade.

Diria que, neste momento, qualquer empresa que tenha já delineada a sua estratégia de transformação digital, deverá ter em conta a importância do acesso rápido e eficaz aos dados. Felizmente, o edge computing e a tomada de decisão em tempo real deixou de ser apenas acessível para as empresas de maior dimensão, estando agora também ao alcance das pequenas e médias empresas. E a verdade é que temos vindo a assistir a uma adoção crescente deste tipo de soluções, adoção esta incrementada pela implementação de soluções de IoT.

Se quisermos definir edge computing poder-se-à dizer que são ferramentas que facilitam, simplificam e permitem que os dados produzidos ou recolhidos por rede de IoT sejam processados mais próximos de onde são criados. E isto significa também descentralizar a capacidade de processamento, que fica mais próximo do local onde os dados são gerados, menos movimentação de dados e tomadas de decisão mais rápidas e assertivas.

O edge computing tem vindo, assim, a impor-se como uma tendência, e com a avultada quantidade de dados produzidos pela IoT, com a evolução da inteligência artificial e do blockchain, acredito que isto seja somente o início de um logo caminho. Não posso, no entanto, deixar de referir a questão dos riscos, que normalmente vêm com as novas tecnologias, sendo a meu ver a segurança um ponto a não negligenciar.

 

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