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O livro de um “cientista” do retalho

Por a 17 de Maio de 2018 as 12:34

JoaoFerreiraHMJoão Ferreira já passou por várias cadeias de retalho, como Leroy Merlin, Lidl, Decathlon, Sonae e H&M. Em “A Ciência de um retalhista – Guia para um espírito construtivo” relata o quotidiano dos trabalhadores da área do retalho

João Ferreira acredita que viver o retalho é uma ciência intensa. O diretor de loja da H&M, 31 anos, deixa no seu primeiro livro o testemunho do quotidiano de um trabalhador do retalho. Tendo já dado inúmeras formações na área, João Ferreira foi desafiado por um colega a escrever um livro sobre a sua experiência profissional. “A Ciência de um retalhista – Guia para um espírito construtivo”, publicado pela Chiado Editora, é um relato na primeira pessoa. Mas para um profissional que já passou pela Leroy Merlin, Lidl, Decathlon, Sonae e, agora, H&M, este é um livro de imensas pessoas. “Não somente as que fazem parte da obra, mas de todos os retalhistas, pois relata o nosso dia a dia. Partilho frequentemente com as minhas equipas que sozinhos não vamos a lugar nenhum”, começa por dizer.

A obra, com lançamento simultâneo em Portugal e no Brasil, surge de um conjunto de apontamentos com base em experiências, memórias e ensinamentos deixados por João Ferreira em algumas formações sobre a área do retalho e que foram sendo recolhidos por um colega. “Esta obra nasceu no seguimento de um conjunto de formações no âmbito de loja, ou seja, como todas as pessoas no mundo do retalho, já recebi e dei imensa formação. Certo dia, um colega disse para escrever um livro. Enquanto trabalhámos juntos, o meu colega foi tirando apontamentos dos meus ensinamentos. Mais tarde, quando decidi publicar essas ideias, ele gentilmente cedeu-me essas ideias que tinha guardado num pequeno caderno no armário”, conta. O livro demorou quatro meses a ser escrito. Nas 114 páginas, o diretor de loja da H&M propôs-se a fazer um resumo da vida dos trabalhadores retalhistas, “retratando com exemplos reais que a nossa vida pessoal e profissional está inteiramente ligada”, conta.

Uma das histórias relatadas tem origem numa situação vivida com Diogo Santos, o colega de João Ferreira que recolheu os apontamentos. Diogo Santos, a trabalhar então recentemente na mesma empresa que o autor, desesperava com a falta de tempo para executar as tarefas ordenadas pelo diretor. O último deixou um conselho: “Tu sozinho não consegues chegar a todo o lado. Tens uma equipa. Delega! Não lhes tens dado formação? É para se tornar autónoma e para permitir que tu tenhas tempo para outras coisas”. O autor acredita que experiências como esta é que diferenciam a obra editada pelo Chiado Editora de outros livros. “Existe de facto imensa teoria, mas muito pouca prática, ou seja, poucos testemunhos reais”, acredita. “O segredo do sucesso está realmente em saber gerir e manter o equilíbrio, por muito difícil que seja”, acrescenta.

CapaOperação em loja: “ciência intensa e exigente”

Sendo “A Ciência de um retalhista – Guia para um espírito construtivo” um retrato sobre a operação de loja, João Ferreira está neste momento a escrever a “A Arte de um Retalhista”, trabalho mais focado na componente da estratégia. Sobre a vertente operacional, o autor afirma tratar-se de uma “ciência intensa, exigente e verdadeiramente dinâmica”. “Costumo dizer que nós retalhistas somos verdadeiramente sofredores”, diz, entre risos. O único objetivo que o autor diz querer atingir com o lançamento do livro é o reconhecimento pelo seu trabalho e das equipas por onde passou. “Quando lancei este livro, foi apenas com a intenção de partilhar conhecimento e experiências. Sendo uma forma de retribuir a novos colaboradores do retalho aquilo que fizeram também por mim por onde passei ao longo da minha carreira”, confessa.

Com o lançamento do livro, João Ferreira conta ter-se comprometido apenas a obter o retorno do investimento. Algo que revela ter conseguido “em apenas três semanas”. “Para mim já foi uma vitória. Todas as críticas que tenho recebido têm sido imensamente construtivas, até para aperfeiçoar a minha obra”, afirma. Para já, a sua meta é terminar o próximo livro. Mas tem como projeto de longo prazo escrever uma obra com caráter mais académico. “Creio que o retalho é uma área e um mundo imensamente dinâmico e em constante mudança, que ainda tem imenso por explorar e que ainda não tem o reconhecimento merecido na sociedade”, termina.
*Texto originalmente publicado na edição impressa de maio do Jornal Hipersuper

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