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“Long Live the Physical Store!”

Por a 4 de Abril de 2018 as 12:41

Entrevista a Paulo Magalhães, CEO da Tlantic e curador da “The Everywhere Store”
Tem sede em Nova Iorque mas este ano terá também lugar em Madrid e em São Paulo. A conferência “The Everywhere Store” é já “uma comunidade global de retalho” e é promovida pela portuguesa Tlantic. Em entrevista, Paulo Magalhães, CEO da tecnológica presente em cinco mercados, adivinha uma vida longa para as lojas físicas

A primeira edição da TES foi em 2014, no Porto. No ano seguinte viajou para Madrid e em 2017 e 2008 teve lugar em Nova Iorque. Porquê estas localizações?

Sempre tivemos vontade de fomentar os temas relacionados com a loja física e virtual e falar de inovações para a experiência do consumidor. Estamos inseridos neste setor e a ideia de nos unir a retalhistas e académicos veio para reforçar este desejo.

Para tirar o projeto do papel, nada melhor do que o fazer “em casa”, no Porto. Desta forma, pudemos reunir os nossos parceiros com sinergias de longa data, a Sonae e a Porto Business School. Como a primeira edição foi bem-sucedida, com a presença de nomes como David Bell, da Whartoon School, por exemplo, uma nova edição se impôs. Havia, da nossa parte e principalmente dos retalhistas da comunidade, a vontade de levar o evento para outras praças e assim veio o convite para a edição em Madrid. Lá tínhamos a relação com a IE Business School e também é onde está um dos criadores do evento, o Daniel Corsten. Já Nova Iorque surgiu como forma de fortalecer uma relação natural que se foi criando: a comunidade “The Everywhere Store”. Com o decorrer dos anos, Tlantic, académicos e retalhistas passaram a ser uma única coisa, ou seja, uma verdadeira comunidade global de retalho, que gera conteúdo, informação relevante e procura partilhar o que há de mais inovador no nosso setor. A cidade americana foi, então, escolhida como sede para o maior encontro da conferência, aproveitando o momento único que acontece anualmente, o NRF Retail’s Big Show. A Tlantic já participa no evento há cinco anos e com esta aprendizagem percebemos que, unir ambos, seria uma forma de trabalhar parcerias, relações e atingir a comunidade retalhista com maior impacto.

A escolha das cidades prende-se, em grande parte, com as geografias onde temos maior presença.

Quais os principais objetivos destas conferências?

Queremos estar mais próximos dos nossos clientes e do setor retalhista como um todo. No fundo, o que criámos foi um espaço de partilha e co-criação de soluções para problemas e desafios muito específicos do setor, pois juntos, com um formato de comunidade, é muito mais fácil dividir as boas práticas e pensar o futuro do nosso mercado. Queremos perceber a fundo as dores do retalhista, o que procura e como o desafiar a pensar em formas e caminhos para melhorar as suas operações e lojas.

Este ano, vão organizar, a 10 de maio, uma conferência em Madrid e outra, em setembro, em São Paulo. É a primeira vez que fazem mais do que uma conferência num ano?

É verdade, este ano será atípico. Mas é simplesmente a nossa resposta para a comunidade TES: mais encontros, mais atualizações e, com isso, mais sinergias entre os diferentes mercados. A tendência é mesmo reforçar o número de encontros por ano.

Que temas serão a espinha dorsal do encontro?

Como tema macro, a espinha dorsal dos encontros é a criação de mundos de experiência nas lojas físicas e virtuais. O foco é sempre a melhoria operacional das lojas de forma a beneficiar o consumidor e a criar experiências únicas e transformadoras para o cliente.

Já tem oradores confirmados?

Estamos em fase de fecho da programação ainda. Mas podemos dizer que contamos já com nomes de retalhistas internacionais, de diferentes segmentos e tamanhos, e com casos de sucesso muito interessantes e inspiradores. Muito em breve vamos divulgar a agenda completa do evento.

Longa vida à loja física

Que papel está reservado à loja física no futuro do retalho?

“Long Live the Physical Store!”: Acreditamos que a loja física será, cada vez mais, um ponto de encontro de tribos (grupos segmentados) de consumidores, que procuram experiências muito específicas que o mundo digital ainda não é capaz de suplantar. Veja o caso da Fnac, que reinventou o seu negócio para criar momentos de lazer e de encontro entre os seus clientes, adeptos do consumo de cultura. Nós acreditamos que a experiência promovida pela loja física segue com força e diferenciais próprios.

Em traços gerais, como se constitui o portefólio da Tlantic para o retalho?

O nosso portefólio é dividido em software e serviços. Fazemos a divisão do software em três áreas macro de produtos: Mobilidade, Gestão de Colaboradores e Pontos de Venda. Em serviços, temos Consultoria, Suporte Pós-Venda, Tlantic Mobile Assessment e Kaizen.  Os principais produtos e soluções são o Mobile in Store (MRS), o Workforce Management (WFM) e a consultoria e implementação da metodologia Kaizen Lean.

Quais as soluções mais avançadas?

Os três últimos porque acrescentam valor ao negócio dos retalhistas. Permitem atingir rapidamente o ROI [Return On Investment] e levam a resultados como a redução de custos e a melhoria comprovada em termos operacionais, entre outros.

O que acrescentam ao mercado?

O MRS oferece apoio eficaz aos colaboradores da loja, elimina desperdício na execução das operações, incrementa as vendas, reduz até 50% os tempos de operação, reduz em 15% ruturas e quebras de stocks e até 95% as divergências de preço, além de integrar e otimizar tarefas.

O WFM incrementa os níveis de satisfação dos clientes, melhora os horários através de um planeamento dinâmico, atende à previsão de atividade para cada loja, garante o cumprimento das leis laborais, diminui riscos e ajuda a melhorar a satisfação e qualidade de vida dos trabalhadores através da previsibilidade e estabilidade das escalas de horário.

Já a parceria entre a Tlantic e o Kaizen Institute tem ajudado retalhistas de todo o mundo a aumentar em 15% as vendas e em 7% a satisfação de clientes, segundo casos reais.

Como se diferenciam da concorrência?

Através dos produtos e do conhecimento de mercado. Nós somos retalhistas por natureza. Não somos uma empresa de tecnologia, somos uma empresa de retalhistas, que trabalha com soluções. A nossa equipa entende a fundo as dores do retalho, por já termos experiência prévia neste setor. O que já desenvolvemos foi como resposta às necessidades encontradas nas histórias profissionais e trajetórias dos nossos diretores. Quando afirmamos que somos uma empresa de retalhistas para retalhistas, estamos a retratar a nossa realidade. É muito diferente saber, de dentro para fora, a real dor deste mercado, por vezes tão complexo e com necessidades tão específicas.

No que diz respeito aos produtos, são desenvolvidos por nós e estão em constante evolução. O desenvolvimento, a manutenção, a implementação e o suporte são inteiramente nossos. Os benefícios e resultados alcançados, em casos reais de clientes, mostram a eficácia não só das soluções e da tecnologia, mas também do nosso atendimento e equipas de projetos, timing de implementação e suporte ao cliente.

Operações em mais de 2300 lojas

Que retalhistas utilizam as vossas soluções?

A nossa atuação está principalmente divida entre o mercado ibérico e o brasileiro. Podemos citar a Sonae, principalmente Sonae MC, Worten e Sportzone, e a Parfois, entre outros. No Brasil, destaque para uma das principais cadeias de supermercado do país, o GPA-Pão de Açúcar, uma das maiores redes de farmácia, a Drogaria Araujo, a retalhista CSD (Companhia Sulamericana de Distribuição) e o grupo Boticário, entre outros.  Em Espanha e França temos a expansão das lojas Parfois, além da Condis e outros.

Quantos trabalhadores têm?

São 100 colaboradores, entre os escritórios no Porto, em Barcelona, Porto Alegre e São Paulo. A Tlantic fechou 2017 com operações em mais de 2300 lojas, entre Portugal, Brasil, Espanha e França, em 24 clientes.

Qual o volume de negócios no ano passado?

No nosso mercado global tivemos em 2017 uma faturação superior aos sete milhões de euros.

Quais as principais apostas para 2018?

Seguir com o projeto de internacionalização, atuando nos nossos mercados foco, Ibéria e Brasil, mas sem fechar as portas aos outros mercados, como o Chile, onde temos um cliente ativo, e o Reino Unido, país onde temos um parceiro de tecnologia criado por nós. Vemos claramente o foco na oferta do MRS e WFM, soluções que estão em constante evolução, de acordo com as necessidades do retalhista. Estamos sempre a analisar as tendências, as inovações e as necessidades de mercado. A curadoria e promoção da conferência TES é um exemplo. Queremos estar sempre um passo à frente do que é atualmente necessário para suprir as dores do retalhista.

Que desafios enfrenta a empresa?

O desafio é estar sempre à frente das tendências no retalho e procurar promover o que há de mais inovador em termos de tecnologia, para ajudar o retalhista com as suas necessidades. Também podemos pontuar como importante desafio a internacionalização. É um processo no qual já estamos avançados nos mercados onde queremos atuar, mas é sempre desafiador, pois são culturas, necessidades e profissionais com perfis muito próprios.

Onde estão as oportunidades de crescimento?

Entre as oportunidades de crescimento destacamos a loja física e a inovação necessária para preparar as equipas para atender clientes que vão à loja cada vez mais interessados em obter experiências diferenciadas. Os grandes players do mundo online estão preocupados com presença física. Prova disso é a Amazon, que entrou também para o setor das lojas físicas. Essas tendências cruzadas é que darão forma ao retalho dos próximos anos.

 

 

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