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Super Bock pesa 4% nas exportações nacionais para a China

Por a 29 de Dezembro de 2017 as 14:38
Manuel Violas, presidente do conselho de administração do SBG, e Rui Lopes Ferreira, presidente executivo do SBG, receberam o Presidente da República portuguesa Marcelo Rebelo de Sousa na cerimónia em que foi anunciada a nova designação da Unicer

A cerveja Super Bock passou a ser dona de si própria e das restantes marcas do grupo Unicer para as levar consigo a viajar mundo fora, sem perder o vínculo a Portugal*

Nascido Companhia União Fabril Portuense (CUFP), em 1890, e rebatizado como Unicer, em 1977, o grupo português de bebidas muda de nome pela segunda vez na sua história para se apresentar agora ao mercado como Super Bock Group (SBG). A marca de cerveja empresta assim o nome à casa-mãe, para a qual representa 80% da faturação global – 450 milhões de euros em 2016.

Com esta mudança, a empresa visa facilitar a comunicação com os mercados externos e alavancar o crescimento do negócio através da expansão internacional, não só com a cerveja mas também com as restantes categorias “core” (águas e sidras), através de marcas como Água das Pedras, Vitalis ou Somersby.

“Apesar de determos um portefólio de marcas indissociáveis, a Super Bock é responsável pelas nossas maiores conquistas. É um símbolo embaixador de Portugal que muitas vezes se confunde com o nome da nossa empresa, sobretudo no exterior. O que conduziu a que equacionássemos alterar a nossa identidade corporativa para cumprir a nossa missão. Uma empresa mais próxima e aberta ao exterior. Mais internacional, tal como a Super Bock. É assim que nos posicionamos e que queremos ser percecionados por todos no mercado”, explica Rui Lopes Ferreira, presidente executivo do grupo, discursando perante uma extensa plateia, composta por uma parte dos 1300 colaboradores do grupo e outros convidados, que encheu a sede do grupo, em Leça do Balio (Matosinhos), durante a cerimónia de lançamento da nova identidade corporativa.

A data não foi escolhida ao acaso – 10 de novembro, um dia após se assinalarem precisamente os 90 anos decorridos desde o registo da Super Bock. A criação do mestre cervejeiro Alberto Marques Fonseca foi oficializada a 9 de novembro de 1927, como resultado de um trabalho de aperfeiçoamento das cervejas do tipo “bock”, as quais naquela altura já eram produzidas na fábrica portuense há 37 anos, desde a sua fundação.

China é segundo maior mercado

A Super Bock começou a ser exportada na década de 1970 para se tornar hoje a cerveja portuguesa mais vendida no mundo, sendo comercializada em mais de 50 países. A seguir a Portugal, a China é atualmente o segundo mercado mais importante para a marca. Segundo o presidente executivo do grupo, a cerveja Super Bock representa “4% de todo o conjunto de produtos portugueses exportados para China”, mercado cujo potencial está longe de se esgotar sendo “um dos destinos mais promissores para estratégia de internacionalização” do grupo. Na Europa, destacam-se as exportações para “Espanha e Suíça”.

Não obstante, o mercado interno ainda absorve “mais de 50%” do volume de negócios da marca, cuja produção se mantém até hoje no País, em exclusivo. Em Portugal, a marca detém uma quota de 45,2% em valor no mercado das cervejas, disse, citando números da consultora Nielsen, o diretor de Marketing de Cervejas, Bruno Albuquerque, numa entrevista concedida ao HIPERSUPER em março deste ano. No último ano, as vendas da cerveja em solo luso “cresceram 3%” face a 2015.

A nova designação do grupo vem, assim, associar a “autenticidade da Super Bock à modernidade e inovação, valores intrínsecos comuns a ambas – marca e empresa”, considera Rui Lopes Ferreira garantindo que a renovada identidade corporativa não representa “qualquer rutura com o passado”. Pelo contrário, traz “continuidade” à estratégia implícita no lema “Paixão local, visão global”, assumido pelo grupo em 2016 e que justifica também a nova assinatura que vem acompanhar o SBG: “Portuguese Brewery”. A expressão transparece as credenciais cervejeiras que estão na origem do legado de 127 anos de existência do grupo.

Estratégia multimarca inalterada

Rui Lopes Ferreira, presidente executivo Super Bock Group

Rui Lopes Ferreira, presidente executivo Super Bock Group

Ainda assim, Rui Lopes Ferreira garante que a estratégia multimarca se mantém “inalterada” e que o grupo irá continuar a desenvolver novos produtos para as três categorias definidas como estratégicas – cervejas, sidras e águas. “Queremos continuar a ganhar escala assegurando em todas as geografias onde estamos uma operação sustentável, suportada pelas nossas marcas mais fortes”.

A nova fase é um pronúncio das diretrizes delineadas pelos acionistas do grupo, detido em 56% pelo grupo nacional VIACER (Violas, Arsopi e BPI) e em 44% pelo dinamarquês grupo Carlsberg. Estes “acreditam que o futuro da empresa passa pela internacionalização, por fortalecer as atuais geografias e encontrar novos destinos”, sustenta o presidente, fazendo de imediato a ponte com a “cada vez maior aceitação” que os produtos “made in” Portugal têm conseguido. “São reconhecidos pela sua qualidade e esta é uma oportunidade que nós, empresas portuguesas, devemos aproveitar”.

Com os investimentos aplicados nos últimos anos, entre os quais está o projeto superior a 100 milhões de euros concluído em 2015 que veio aumentar a capacidade produtiva e modernizar o complexo industrial de Leça do Balio, a empresa de bebidas garante deter “uma das melhores e mais bem preparadas fábricas da Europa” para “responder aos futuros desafios comerciais”.

A empresa que atravessou as duas Guerras Mundiais, a Implantação da República, o período da Ditadura, a Revolução de Abril, a entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia (CEE), entre outros marcos importantes na história do País e do mundo, cresceu de uma produção anual de um milhão de litros, em 1927, para os atuais 936 milhões de garrafas de 33 centilitros. No último ano, o agora denominado Super Bock Group lucrou 38 milhões de euros.

*Texto publicado originalmente na edição impressa de dezembro. Leia gratuitamente a versão digital aqui

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