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“O produto português está na moda”

Por a 24 de Abril de 2017 as 11:47

A 22ª edição do Salão Internacional do Setor Alimentar e Bebidas foi a mais participada de sempre. Cerca de 500 produtoras nacionais, que representam 12% do total das exportações lusas, marcaram presença no Meo Arena, em Lisboa.

Jorge Cardoso conversa com dois potenciais parceiros de negócio que lhe podem abrir portas na Suécia. Veio de Baião, no distrito do Porto, apresentar na SISAB 2017, entre os dias 6, 7 e 8 de março, os produtos “gourmet” da sua marca, a Casa do Vale – Flavours. “Produzimos cogumelos shiitake e transformamos”, conta o produtor. No stand avistam-se os certificados dos prémios Sabor do Ano e Great Taste, lado a lado com as suas compotas, patés, entre outras iguarias “gourmet” feitas a partir de citrinos, cebolas caramelizadas e frutos vermelhos. “Acrescentamos vinhos da nossa região às frutas. Aos cogumelos adicionamos chutney, vinagrete, fazemos farinha de cogumelos e farinha salicórnia, um substituto do sal”. A empresa do norte exporta 90% da produção. A sua compota de laranja com limão é o produto-estrela das vendas para o Reino Unido. Exporta ainda para Espanha, França, Bélgica, Holanda, Alemanha e Eslováquia, entre outros.

A Casa do Vale – Flavours está este ano na SISAB a apresentar a nova imagem, fruto de um rebranding ocorrido no último ano. Mas esta não é a primeira vez que participa no certame vocacionado para expor o que de melhor se faz no País. “A feira este ano está bastante melhor. Há mais interesse por parte dos visitantes”, destaca.

Cerca de 1700 compradores internacionais, provenientes de 110 países dos cinco continentes, percorrem os corredores da 22ª edição do salão para o setor de alimentação e de bebidas, que este ano esgotou a lotação logística. Contrastando com os elaborados stands de marcas mais conhecidas no mercado, como a Ramirez ou a Licor Beirão, e com os espaços dedicados aos agrupamentos de empresas regionais, como o da comitiva de 31 produtoras açorianas, estão muitos outros expositores de vinhos, queijos, enchidos, confeitaria, entre outros segmentos.

 “Visitantes mostram abordagem mais calorosa”

Do Baixo Alentejo, mais concretamente de Serpa, viajou para a SISAB a Monte das Louzeiras. A empresa produz “azeite de qualidade, a frio para não enfraquecer o produto”, explica Filipe Guerra, diretor de Marketing da produtora, guiando uma visita pelo stand coberto por azulejos azuis e brancos, tipicamente portugueses. A empresa tem três variedades de azeite. O mais requintado é o Gota, marca de excelência da produtora, feito com os quatro principais tipos de azeitona portuguesa – galega, cobrançosa, cor de vil e verdeal. Depois tem a marca ML, em duas versões: virgem extra e sabor moderado. Esta última variedade foi criada “no ano passado e tem sabor mais suave para uma melhor aceitação no mercado internacional”.

Além de azeite, a Monte das Louzeiras produz mel, vinagres e uma linha de cosmética, sendo que a exportação representa 100% do negócio. Os seus principais mercados são Rússia, Médio Oriente e Arábia Saudita, entre outros. “Estamos a tentar ir para a América do Sul e Estados Unidos”, desvenda o responsável, que trouxe a empresa pelo segundo ano à SISAB. “Os visitantes desta feira têm mostrado uma abordagem mais calorosa face às feiras em que temos participado, como a SIAL, em Paris. Há mais abertura para conversar. O produto português está muito na moda agora e queremos aproveitar este momento para crescer e elevar o azeite nacional face ao grego e ao italiano, que são talvez os mais reconhecidos, principalmente nos Estados Unidos, onde estamos a tentar entrar”.

O café também se encontra representado na feira, não fossem os portugueses especialistas no assunto. Três empresas nacionais ligadas ao café, a AZ do Café, a Kaffa e a Gfsc, estão pela primeira vez na SISAB juntas, a apresentar uma nova marca. A associação produz cápsulas compatíveis com as K-cups, do sistema de máquina automática Keurig, “que talvez seja a marca de café que mais vende no mundo”, explica ao HIPERSUPER Pedro Ribeiro, diretor-geral do projeto. O principal mercado da aliança é os Estados Unidos, para onde exportam a maioria das cápsulas compatíveis com as K-cup, que são as mais vendidas naquele mercado. “Este é um café mais longo. Aqui bebemos o expresso, enquanto os norte-americanos têm a tradição de beber o chamado ‘black coffee’”, dá conta. No entanto, para reduzir a dependência de marcas de distribuidores, que absorvem cerca de 95% da sua produção, a aliança desenvolveu a Cup Cap, marca com a qual a aliança quer conquistar o mercado profissional europeu. Alberga também outras variedades de café em cápsulas, para diferentes sistemas, café em grão e outras especialidades.

O Ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, aproveitou a visita ao evento para revelar que no último ano as exportações nacionais de produtos agrícolas e transformados cresceram 6%, “acima do setor do turismo”. No entanto, a balança ainda não alcançou um equilíbrio, com as exportações a corresponderem a 70% das importações do setor.

*Texto originalmente publicado na edição impressa do mês de abril do jornal Hipersuper e republicado na semana em que se assinala o Dia da Produção Nacional (26 de abril).

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