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Os segredos de recrutamento do Freeport Fashion Outlet

Por a 24 de Março de 2017 as 12:13

Natacha Villas Boas, diretora de Retail do Freeport Fashion Outlet, revela estratégia de recrutamento do maior outlet da Europa

“A função de assistente de vendas existe muita procura mas cada vez mais sentimos dificuldade em recrutar porque estamos à procura de competências que mesmo pessoas com experiência não possuem. Isto acontece porque durante muito tempo o mercado de retalho não foi tão exigente como deveria ter sido. Faltam, por exemplo, escolas de vendas que formem profissionais”

Quais as estratégias de recrutamento mais comuns no setor do retalho? Como as novas tendências digitais estão a influenciar as estratégias?

A seleção de candidatos através de CV, seguidos de entrevistas individuais ou por grupos está gradualmente a ser complementada e mesmo substituída pelas novas tendências digitais, redes socias como o Linkedin ou outras aplicações (app) mais inovadoras que começam a aparecer. Nestas, o candidato apresenta-se à empresa que ambiciona e a mesma decide se o perfil é compatível, de acordo com os valores do candidato e da empresa.

Globalização, digitalização do negócio e proliferação de ‘data’. Como é que estas três tendências influenciam as skills e competências exigidas aos candidatos?

As competências exigidas dependem muito da função desempenhada na cadeia de retalho. Tal como na maioria dos setores, mas mais vincadamente no retalho, saliento três grandes competências: adaptação, inovação e velocidade de resposta como complemento às competências tradicionais que não perderão importância.

É um grande desafio com a tecnologia e automatismos já existentes, saber interpretar tanta informação que existe disponível e ter o seu devido retorno. Nitidamente, a globalização e a digitalização deram origem à criação de novas áreas de competência no mercado de trabalho como analistas de dados e estatística, web architecture, mobile developers ou interface design, dando a conhecer novos talentos em lugares desconhecidos.

Que outras tendências influenciam o recrutamento e as skills exigidas no retalho?

Conhecimentos de línguas e soft skills como compromisso com uma visão e uma missão, a boa comunicação, a capacidade de ser positivo na adversidade e a vontade de aprender.

Que perfis de candidatos (e para que funções) serão mais procurados em 2017 no retalho?

Marketing Digital, Retail Manager, Buyer, Operacional Manager, Gerentes de Loja e Assistentes de Vendas.

Qual a média de salários em Portugal para as funções que irão ter mais procura?

Depende de cada empresa e é bastante subjetivo, mas comparado com outros países europeus existe uma baixa pressão salarial para alguma destas funções.

Em que áreas há mais escassez de recursos humanos e, pelo contrário, onde a oferta é maior do que a procura?

A problemática não se resume à relação quantitativa entre a  oferta e a procura mas acima de tudo na relação qualitativa: qualificação e especialização.

Por exemplo, para a função de assistente de vendas existe muita procura mas cada vez mais sentimos dificuldade em recrutar porque estamos à procura de competências que mesmo pessoas com experiência não possuem. Isto acontece porque durante muito tempo o mercado de retalho não foi tão exigente como deveria ter sido. Faltam, por exemplo, escolas de vendas que formem profissionais de vendas. A mudança passará também por aqui: tornar a área de retalho, nomeadamente das vendas, apelativa e profissionalizada através da construção de uma dimensão de carreira que permita atrair profissionais especializados.

Que desequilíbrios pensa existirem entre as competências que os empregadores procuram e as que os profissionais disponíveis têm para oferecer?

As empresas procuram talentos e eles nem sempre estão nos lugares mais óbvios ou disponíveis.

O que é que as empresas de retalho têm vindo a fazer para reduzir a rotatividade e reter o talento?

Uma maior exigência no recrutamento; planos de formação; planos e métodos de avaliação que vão para além dos resultados quantitativos e, claro, uma politica de incentivos. No caso do Freeport Fashion Outlet, o apoio à incorporação de talento jovem nas empresas presentes no centro é patente nos eventos de recrutamento para profissionais de retalho e moda. Na última edição, realizada em parceria com a Hays e as marcas presentes no centro, foram recrutados 60 colaboradores para preencher vagas de emprego imediatas disponíveis em mais de 30 lojas, com diversos perfis a nível de responsabilidade e funções.

Quão atrativa é exercer uma profissão no setor do retalho nas diferentes partes do mundo? Que países têm os mais elevados níveis de atração?

É difícil responder a esta questão sem cair em clichés ou numa visão superficial. Não podemos comparar países nem realidades empresariais que não são comparáveis quer em termos de dimensão, condições de vida e impacto internacional. Também não podemos falar do retalho a uma voz única sem separar os diferentes segmentos quer em termos de atividade quer em termos de posicionamento.

Tomemos como ponto de partida o retalho de moda:  Portugal é um pequeno país que não possui um grande número de marcas nacionais com dimensão internacional, pelo que podemos dizer que estamos a falar sobretudo de um modelo assente na distribuição e venda. Associado a esta questão está o nível socioeconómico do País. Todas estas questões contribuíram para um determinado perfil de profissionais. Hoje, estamos claramente num momento de viragem, pelo paradigma do consumo digital, mas também e de grande importância pelo aumento da capacidade de atração de Portugal enquanto destino turístico, nomeadamente nas regiões de Lisboa e Porto.

Considera haver diferentes estágios entre os países desenvolvidos na adoção de tecnologias e processos de recrutamento? Como se posiciona Portugal?

Neste aspeto, Portugal tem vindo a demostrar ser um país inovador.

 

 

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