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A mercearia de bairro onde cabe o mundo inteiro

Por a 24 de Março de 2017 as 11:00

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Uma pequena mercearia a escassos metros do Jardim da Estrela, em Lisboa, traz para o mercado nacional os mais diferentes e distantes sabores internacionais, difíceis de encontrar à venda por cá.
A variedade é a alma do negócio.

Instalada numa das esquinas da rua que une o Largo do Rato e o Jardim da Estrela, em Lisboa, a Flavers – International Flavours Shop privilegia produtos que os clientes não conhecem. Esta mercearia de bairro vende alimentos que não fazem parte dos tradicionais hábitos gastronómicos dos portugueses nem cabem, por norma, nos lineares das grandes superfícies.

Das especiarias mais exóticas aos molhos e iguarias orientais, passando pelos coloridos cereais norte-americanos, salsichas inglesas, tacos mexicanos até à goiabada brasileira, os milhares de produtos remontam a mais de 20 regiões dos cinco continentes. Estão identificados com as bandeiras dos países de origem, refletindo as diferentes culturas gastronómicas do mundo.

O conceito transporta os clientes por uma viagem de sabores internacionais enquanto circulam pelos corredores da loja. Além disso, a mercearia de 36 metros quadrados vende também marcas familiares dos consumidores nacionais, como Kinder, Pringles ou Nestlé, mas procura incorporar apenas as variedades diferentes que não se encontram com facilidade no mercado. São exemplos os molhos para barbecue da marca de whisky Jack Daniel’s, a Coca-Cola de baunilha e de cereja ou os novos chocolates M&M com sabores a “smores” ou a café, que acabaram de ser lançados nos Estados Unidos da América e já estão disponíveis na Flavers, conta ao HIPERSUPER João Fonseca, o jovem formado em engenharia alimentar que montou este projeto.

João Fonseca, proprietário Flavers

João Fonseca, proprietário Flavers

“Sempre tive algum gosto por comida e culinária e em 2013 decidi embarcar num negócio próprio. Fiz inclusivamente um pequeno inquérito de rua, para averiguar junto dos residentes do bairro se fazia sentido abrir aqui este tipo de conceito, e a resposta foi muito positiva, sobretudo a dos mais jovens porque sabiam que podia trazer-lhes doces diferentes e chocolates internacionais”, explica.

Projeto iniciou em regime de franchising

A loja abriu inicialmente em regime de franchising sob alçada da empresa Glood, quando esta detinha ainda três lojas em Lisboa (hoje existem nove espaços). No entanto, João Fonseca quis ir mais longe e em setembro do ano passado, a sua loja adotou a própria marca, com nova imagem e oferta alargada. “Continuamos a oferecer produtos de países como Reino Unido, Estados Unidos ou África do Sul, mas estendemos a outros. Incrementámos a parte de produtos chineses e japoneses, aumentámos a gama de produtos brasileiros e estamos sempre à procura de países aos quais podemos dedicar pequenas secções. Como os produtos holandeses que vão desde waffles a bolachas mais diferentes, com especiarias por exemplo, passando pelos doces e as gomas com alcaçuz, que têm muita saída. No fundo, tentamos ter os produtos mais característicos de cada país”, dá conta.

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Além dos doces, a oferta envolve categorias como cervejas internacionais e outras bebidas, congelados, especiarias, molhos, extratos de plantas, refeições pré-cozinhas, condimentos para preparação de pratos indianos, japoneses ou marroquinos, por exemplo, azeites ou até limpeza e higiene pessoal. Há inclusivamente produtos que representam novos segmentos de mercado em Portugal, como a mostarda em pó, o vinagre de malte, o creme de marshmallow para barrar ou a carne seca e curada com especiarias, um snack sul-africano à base de carne de vaca ou de veado. “A variedade é o que diferencia este projeto”.

Sair da estrutura de franchising fez o empresário afincar-se na busca por produtos diferenciadores. Chegam todos os meses novidades à loja, muitas delas sugeridas pelos próprios clientes. “Ainda há pouco passou por cá uma senhora que nos mostrou uma fotografia de um chá solúvel da Nestlé que provou nos Himalaias. O próximo passo é ir atrás de fornecedores para encontrar o produto. Pode ser que venha a ter sucesso”, projeta João Fonseca.

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Num negócio com aposta assente em produtos de nicho, o desafio passa por encontrar os fornecedores certos e, para isso, as feiras do setor alimentar são um importante ponto de partida. “Fomos no ano passado à Alimentaria, em Barcelona [Espanha], e conseguimos muitos contactos, sobretudo do Reino Unido. Mesmo que não seja a origem dos produtos, grande parte dos distribuidores exportam a partir de lá”.

Ainda assim, e com a incerteza que surgiu com o Brexit, o responsável quis diversificar a base de fornecedores, sobretudo abrangendo empresas mais próximas. “Se os produtos que procuramos existirem em Portugal, efetuamos compras localmente. Se não, tentamos recorrer a distribuidores de Espanha ou França. Mas não só. Recentemente, estabelecemos contacto com um fornecedor alemão, que nos abriu portas a produtos bastante diferenciadores”.

Tendência de alimentação saudável 

Indo também ao encontro das tendências de mercado, a Flavers dispõe de uma vasta oferta relacionada com alimentação saudável. Quase todas as categorias englobam produtos para intolerantes ao glúten. Há compotas para diabéticos, snacks biológicos, uma gama de refeições congeladas para vegans e também uma secção com quinoa, sementes de chia e produtos relacionados. As granolas e os muesli contrastam com os cereais açucarados Lucky Charms ou Toffee Crisp posicionados à entrada.

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De origem portuguesa são os vinhos, que ganharam espaço nos lineares da mercearia “por uma questão de conveniência” e os recém-chegados produtos regionais da Madeira, como o bolo e as broas de mel, os rebuçados de funcho e o refrigerante Brisa de maracujá, “que é um sucesso” e fez com que a “oferta semelhante de uma marca internacional fosse descontinuada”. Ainda assim, o empresário pensa apostar, no futuro, em mais produtos portugueses, uma vez que a loja se situa numa zona muito procurada por turistas, que procuram sobretudo artigos lusos, embora “encontrem na Flavers produtos que também nos seus países não se vendem com facilidade”.

Sem revelar números, João Fonseca explica que o projeto tem vindo a crescer em vendas e, pelos pedidos que tem recebido, lançará brevemente uma loja online. O negócio pode também expandir a uma nova loja, ainda este ano. “O objetivo é encontrar um espaço maior que nos permita construir uma mercearia mais completa, com produtos frescos e ainda maior diversidade de produtos, difíceis de se encontrar por cá”, conclui o responsável.

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