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Comércio eletrónico: oportunidade ímpar de crescimento e internacionalização para as empresas portuguesas, por Alexandre Fonseca (ACEPI)

Por a 20 de Dezembro de 2016 as 10:39

Por Alexandre Nilo Fonseca, Presidente da Direção da ACEPI (Associação da Economia Digital)

A explosão da utilização da internet (nomeadamente através dos smarthphones) e das redes sociais à escala global, tiveram como resultado o crescimento exponencial do comércio eletrónico em todo o mundo. Diversos modelos são hoje usados pelas empresas para vender a outras empresas (B2B), aos consumidores (B2C), e até ao Estado (B2G). Empresas globais como a eBay e a Amazon têm liderado o mercado global digital, mas noutras partes do mundo outros modelos e outras empresas também se têm destacado. É o caso da China, o maior mercado mundial de comércio eletrónico que deverá este ano movimentar 950 mil milhões de dólares, onde um dos modelos de negócio digital mais comuns é O2O (Online-2-Offline). É também chinesa a maior empresa de comércio eletrónico do mundo (a Alibaba) e cujas receitas das vendas e os lucros líquidos já são superiores aos da Amazon e do eBay juntos.

As disrupções nos modelos de negócio tradicionais provocadas pela digitalização centram-se sobretudo na experiência e no perfil do cliente, já que as novas tecnologias digitais impulsionaram mudanças significativas na forma como os consumidores comunicam entre si, efetuam as transações comerciais e interagem com as marcas e as empresas. Os clientes são agora extremamente exigentes e têm expectativas muito abrangentes e ainda que na sua maioria sejam utilizadores sofisticados da internet, esperam que a sua experiência seja cada vez mais integrada, coerente e consistente em todos os canais, ao longo de todo o ciclo de vida de cada compra. Por isso, a abordagem das empresas aos novos modelos de negócio terá necessariamente que incluir online, redes sociais, móvel e lojas físicas (que serão cada vez mais showrooms).

Vivemos um ambiente de transformação acelerada da economia digital quer a nível mundial (onde metade do mundo já acede à internet), quer em Portugal (onde mais de 2/3 já da população já é digital).

Os dados do estudo, realizado pela ACEPI em parceria com a consultora internacional IDC, sobre a Economia Digital em Portugal, revelam que em 2010 metade da população portuguesa já utilizava a internet e que em apenas cinco anos este número aumentou 20% (70% dos portugueses em 2015). Até 2025 este rácio deverá ser superior a 90%.

O comércio eletrónico tem vindo a crescer de forma sustentada no nosso País desde 2009, sendo que 30% dos portugueses já fizeram compras online em 2015 no valor de 4 mil milhões de euros. Até 2015 espera-se que 60% dos portugueses venha a realizar compras online e que estas venham a valer 9 mil milhões de euros.

Porém, cerca de 45% das compras online feitas pelos portugueses em 2015 realizaram-se em sites estrangeiros e apenas 18% das empresas portuguesas estavam a fazer comércio eletrónico. O que indicia uma enorme oportunidade por explorar tanto a nível nacional, como mundial, especialmente se tivermos em conta que se estima que em 2016 mais de 1,4 mil milhões de pessoas em todo o mundo farão compras online e que estas deverão valer cerca de 3 triliões de dólares. Este valor já corresponde a cerca de 10% do valor total do retalho mundial.

Em Portugal, em 2016 o comércio eletrónico deverá ultrapassar os 4 mil milhões de euros (representando 5% do valor total do retalho) e deverá alcançar os 6 mil milhões de euros em 2020.  Se as empresas portuguesas querem ser competitivas no futuro terão necessariamente que ter uma presença online forte e dinâmica, focada na captação de audiência online em Portugal, mas também e especialmente nos milhares de milhões de utilizadores da internet em todo o mundo.

A ACEPI tem dado passos relevante no apoio às empresas portuguesas que se querem internacionalizar e um desses exemplos é a recente assinatura recente de protocolos de entendimento entre Portugal e a China, visando aproximar os dois países e diminuir as barreiras às trocas comerciais. Esta é uma excelente oportunidade para as empresas portuguesas endereçarem mais facilmente um mercado de proporções incomparáveis. O sucesso dependerá de saberem usar estas possibilidades em seu proveito, alterando de forma decisiva o equilíbrio da balança comercial digital a favor de Portugal e, sobretudo, terão que compreender que a tecnologia não significa o fim do retalho tradicional, mas antes uma nova forma de os comerciantes se poderem diferenciar, evoluir e aproveitarem novas oportunidades num contexto de competitividade galopante à escala global.

Portugal teve um papel único de liderança no movimento de globalização de há cinco séculos. Hoje, como então, cabe aos empresários apostar na inovação, nas competências das suas equipas, no desenvolvimento de uma cultura empresarial internacional e vocacionada para responder aos desafios emergentes do risco e da mudança. Se o fizermos, e temos todas as condições, seremos um País mais inovador, competitivo, capaz de gerar emprego, de revitalizar por completo a sua economia e de a levar para um novo contexto de crescimento sustentado e de prosperidade.

 

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