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Realidade Aumentada: nova montra para marcas

Por a 19 de Dezembro de 2016 as 10:50

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O jogo Pokémon Go pôs a Realidade Aumentada na agenda empresarial e inspirou retalhistas de todo o mundo a criar novas experiências na relação com os consumidores. A tecnologia permite viver a experiência de uma marca no smartphone.

A Realidade Aumentada (RA) mostrou ter potencial para impulsionar as compras em loja, quando em meados deste ano chegou ao mercado o fenómeno Pokémon Go. O jogo que coloca os consumidores na rua à procura das personagens da série de animação juvenil, a partir do ecrã dos seus smartphones, desde logo chamou a atenção dos retalhistas. Devido à opção que permite atrair os “pokémons” para um determinado lugar, durante um período de tempo, assim que o jogo foi lançado vários comerciantes sobretudo nos Estados Unidos viram o tráfego nas lojas físicas aumentar, assim como as vendas. Em Portugal, a Worten foi uma das primeiras cadeias a utilizar a ferramenta para captar potenciais clientes às lojas.

A tecnologia permite complementar o mundo real com elementos digitais, que são projetados em 3D (três dimensões), sejam vídeo, imagem, som, gráficos ou mesmo informações de GPS. Os conteúdos podem ser visualizados através da câmara dos dispositivos móveis que, devido a técnicas de processamento de imagem, ativam os modelos tridimensionais sem recorrer a QR Codes ou outros códigos. É necessário apenas descarregar uma aplicação (app) para o efeito, no tablet ou smartphone, na qual as informações estão previamente definidas.

Quer isto dizer que um retalhista pode fabricar a sua própria app para, por exemplo, os consumidores em loja recolherem mais informação sobre os produtos à sua frente. Também no comércio eletrónico, a tecnologia pode eliminar certas frustrações reportadas pelos compradores, como o facto de não conseguirem visualizar, em tamanho real, o que estão a adquirir.

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A portuguesa IT People Innovation, especializada em inovação tecnológica, já ajudou empresas com atividades que vão desde os serviços à indústria, passando pelos meios de comunicação, a construir a sua própria aplicação com conteúdos de RA para disponibilizarem aos consumidores no mercado nacional. Através de um investimento “superior a 1,5 milhões de euros”, a empresa introduziu no mercado em 2009 a plataforma online Next Reality, vocacionada para criar aplicações móveis de RA para três setores – turismo (através da ferramenta VisitAR), arquitetura (Architect) e indústria (4Dpaper). É dentro desta plataforma que as marcas podem desenvolver a sua app.

“Os clientes adquirem uma aplicação parametrizada com o nome, a cor e o logótipo da empresa, entre outros aspetos que pretendam. Depois, a app fica guardada na ‘loja virtual’ para que o consumidor final possa descarregar e viver as experiências de uma determinada marca no seu smartphone”, explica em entrevista ao HIPERSUPER Nuno Silva, diretor de Inovação da empresa fundada no final de 2008 na Covilhã, por ocasião da terceira edição do RALI (Realidade Aumentada em Lisboa). Organizado pela tecnológica, aquele que é “o único evento em Portugal dedicado à RA” ocupou este ano 200 metros quadrados do salão de tecnologia audiovisual e multimédia Expo Sync, da Feira Internacional de Lisboa (FIL), deixando adivinhar como esta tecnologia pode transformar os negócios.

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Nuno Silva, diretor de Inovação IT People Innovation

“O Pokémon Go surgiu agora mas a tecnologia não é recente. Já há muito que na aeronáutica, os caças norte-americanos, por exemplo, recorrem à RA para identificar inimigos e aliados. Agora, com o desenvolvimento tecnológico e a democratização dos dispositivos móveis, a tecnologia torna-se muito mais acessível e permite criar novos modelos de negócio”.

CTT: Primeira marca a oferecer app de RA  

Os CTT foram “há cerca de quatro anos a primeira marca” a utilizar a plataforma Next Reality. A empresa desenvolveu a app “Filatelia”, que faz surgir um conteúdo multimédia, sempre que o utilizador aponta o smartphone para um selo.

“Propusemos o desafio à empresa de distribuição postal. Os jovens hoje não sabem o que são selos e esta tecnologia, não os substituindo, complementa-os com conteúdos digitais para que os mais novos se interessem em adquirir uma pagela e ter acesso, por exemplo, a um jogo, a um vídeo exclusivo da Mariza a cantar ou a um vídeo com o Eusébio a dar toques na bola”, dá conta o diretor de inovação. A tecnologia possibilitou “não só uma maior atração junto do público jovem como dos próprios filatelistas”, que conseguem ter acesso a conteúdos exclusivos.

Por sua vez, a associação de defesa do consumidor Deco criou uma aplicação através da qual, ao apontar para um produto, o utilizador descobre características como locais de venda, preço, comparações entre locais de venda, entre outras informações úteis.

Na área dos revestimentos e pavimentos, a Revigrés lançou uma app a partir da qual o cliente consegue visualizar virtualmente as diferentes opções para um novo soalho ou uma nova parede em ambiente real, por exemplo no lar, antes de adquirir um dos materiais.

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Já o Jornal Económico foi “a primeira publicação em Portugal” a utilizar a RA. Neste caso, foi a MTG, a primeira startup que nasceu na incubadora da IT People Innovation, a Tadem Incubator, que criou a solução. Permite que, a partir de uma aplicação móvel, o consumidor consiga apontar a câmara do dispositivo para a edição impressa e obter mais informação sobre os assuntos tratados, com recurso a infografia, vídeo, imagem ou som. “Mais do que inovação, é importante que os produtos sejam úteis. A utilidade gera a necessidade”, sublinha o responsável.

Primeira aplicação lusa para Hololens

A empresa de telecomunicações detida pela Sonae, a NOS, desenvolveu também através desta empresa um produto para os óculos de RA da Microsoft, os Hololens, que ainda não estão disponíveis em Portugal. O responsável ainda não pode “falar sobre esta solução” mas destaca as potencialidades dos óculos de RA, conjeturando que, no futuro, “vão ser cada vez mais leves até se reduziram apenas a lentes de contacto que se sobrepõem aos olhos”.

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Os óculos não são essenciais para aceder aos conteúdos de RA, ao contrário do que acontece na Realidade Virtual (RV), tecnologia para a qual os óculos, como os Gear VR da Samsung, por exemplo, são o instrumento crucial na ligação do utilizador à experiência, transportando-o para um outro mundo completamente virtual. “Não acreditamos numa experiência totalmente imersiva, como acontece com a RV, mas sim na introdução de um elemento digital no ambiente natural dos seres humanos, como na RA”, desabafa Nuno Silva.

Assim, ao substituírem os dispositivos móveis, os óculos de RA permitem uma utilização “hands free” (mãos livres) e aproximam a tecnologia aos nossos próprios olhos, evolvendo o utilizador com os conteúdos de forma mais “fluída e natural”.

Os Hololens chegaram à Europa no último mês de outubro mas ainda não estão à venda em território luso, apesar de algumas empresas nacionais já estarem a desenvolver conteúdos para os mesmos. A aplicação ARchitect da IT People Innovation tornou-se “a primeira app portuguesa” a estar disponível na “store” do produto de RA da Microsoft.

Projeto para retalho em 2017

Se a RA dota o consumidor final com mais informação, pode também ajudar a obter mais dados sobre os clientes? No caso desta empresa, que trabalha com Big Data e Internet das Coisas (IoT), é possível identificar, sem recorrer aos dados pessoais, quais as experiências mais visualizadas, em que tipo de dispositivos, em que horário, entre outros dados.

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Nesta área dos dados sobre o consumidor, a tecnológica está “a desenvolver um projeto para o retalho ligado aos iBeacons (sistema da Apple que através da tecnologia de comunicação em curtas distâncias Bluetooth Low Energy localiza o utilizador e emite uma mensagem previamente definida numa aplicação móvel para determinada posição). “É um produto para ambiente de loja, que permite conhecer os hábitos dos clientes. Está neste momento em fase de desenvolvimento e chegará ao mercado em 2017”, desvenda o diretor de Inovação sem, no entanto, adiantar mais pormenores.

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