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Entrevista ViniPortugal. “Exportações para Angola caem €53 milhões em ano e meio”

Por a 7 de Dezembro de 2016 as 15:18

Apesar da quebra de vendas em Angola, as exportações acumuladas de vinho em 2016 deverão alcançar mais de 730 milhões de euros, em linha com o ano anterior. Em entrevista ao HIPERSUPER, Jorge Monteiro, Presidente da ViniPortugal, faz um balanço das exportações dos néctares nacionais e levanta um pouco o véu do plano de marketing para 2017

Que balanço faz da execução do plano de marketing em 2016, no montante de 7,3 milhões de euros?

Embora ainda decorram diversas ações o balanço é positivo. É claro que se trata de um balanço baseado na forma como plano foi concretizado e nos indicadores de eficácia dessas ações. Das 180 ações previstas foram já realizadas ou serão realizadas até ao final do ano quase 90%. No entanto, avaliar resultados não é ainda possível até porque a intervenção da ViniPortugal visa promover a imagem de Portugal o que significa um resultado de médio, mais provavelmente longo, prazo.

Quais os projetos mais emblemáticos?

Dependendo do mercado podemos referir que o grande momento é a Grande Prova Vinhos de Portugal que tiveram lugar num elevado número de cidades dos EUA, Japão, Coreia, China, Singapura, Reino Unido, Alemanha, Angola e Brasil, entre outros.

Em termos de carácter e relevância estas Grandes Provas são as mais emblemáticas. Atingindo o maior número de pessoas destacaria apenas o Rio Vinhos de Portugal que contou com a presença de 8.000 pessoas das quais 4.500 tiveram acesso a provas de vinhos.

Mas as ações de formação, pela sua natureza discretas, foram também muito importantes não só pelo número de formandos, mas também porque praticamente percorreram todos os mercados onde estamos a trabalhar.

Quanto representa o consumo de néctares nacionais naqueles mercados alvo?

Em 2015 foram exportados quase 2,8 milhões de hectolitros [Hl], dos quais 2,2 milhões foi vinho engarrafado. Aquele valor representa cerca de 45% do total produzido no mesmo ano (6,2 milhões de Hl). No entanto, em valor a fatia que se exporta é superior a 50% do valor total do setor.

Por sua vez, daquela quantidade 60% destinam-se aos 13 mercados onde estivemos presentes durante o ano e os restantes 40% são distribuídos por mais de 100 destinos.

Qual o plano de marketing para 2017?

Se uma estratégia tem sucesso deve ser mantida e isso acontecerá em 2017. O orçamento será ligeiramente inferior por razões que se prendem essencialmente com a capacidade global do sector e dos seus agentes privados em nos acompanharem.

No entanto iremos, em 23 de novembro, iniciar um processo de reflexão da estratégia para 2018/2020 embora não se espere nenhuma rutura com a estratégia atual.

Qual a estratégia para promover no exterior um País com tantas castas?

A promoção dos nossos vinhos centra-se muito na criação de momentos que permitam aos profissionais, mas também aos consumidores, tomarem contato com o produto. Como não fazemos melhor nem pior, mas fazemos com qualidade consistente, a proposta é “vivam experiências diferentes” com uma excelente relação preço/benefício.

As provas são disso exemplo mas também o são as visitas a Portugal dos diferentes públicos profissionais e o extenso programa de formação que levamos a cabo em todos os mercados. Não é a comunicação de massa mas sim a oportunidade de experimentar, explicando, a diferença dos nossos vinhos. É uma aproximação difícil, de resultados mais demorados, mas indubitavelmente de ganhos duradouros.

Quanto representou até à data a exportação?

Portugal exportou 737 milhões de euros em vinho em 2015, dos quais 386 milhões em vinho e 351 milhões de fortificados, a maior parte Porto. Até agosto de 2016 aqueles valores eram respetivamente de 428 milhões e 188 milhões. Estes dados significam que deveremos fechar o ano com os mesmos números de 2016 o que, atendendo à elevadíssima queda acumulada verificada em Angola (menos 23 milhões em 2015 a que se somam cerca de 30 milhões em agosto de 2016) será um bom resultado.

Aliás creio mesmo que o grande objetivo dos agentes económicos muito centrados em Angola tem sido o expandir as exportações em mercados alternativos ou mesmo encontrar novos mercados. Angola veio demonstrar a elevada resiliência, dinâmica exportadora e capacidade de adaptação a situações imprevistas do setor português do vinho.

Quais os mercados onde os néctares nacionais são mais consumidos?

Com base nos dados até agosto deste ano, a França é o maior destino, em volume e valor, muito por efeito do Vinho do Porto, seguida da Alemanha em volume e dos EUA em valor.

Se nos detivermos exclusivamente na categoria Vinho (excluindo os fortificados e espumantes) os principais destinos são, em volume, a Alemanha, seguida dos EUA e da França. Já em valor a ordem altera-se sendo 1º os EUA, seguidos da Alemanha e do Canadá em 3º lugar.

Já os mercados mais dinâmicos, com maior crescimento em valor, são China, Japão e Canadá.

 

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