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Entrevista Pascoal: “Promoções alteram tendências de consumo no bacalhau”

Por a 6 de Dezembro de 2016 as 16:01

“A disparidade de políticas promocionais que estão a ser utilizadas pela distribuição moderna aplicada ao bacalhau seco e ao bacalhau demolhado alteraram as tendências de consumo entre os dois conceitos”, revela em entrevista ao HIPERSUPER João Gonçalves Vieira, Administrador da Pascoal&Filhos

Que balanço faz do consumo de bacalhau em Portugal até setembro?
Embora se possa considerar que o consumo global de bacalhau esteve até setembro dentro das expetativas, teremos de referir que as vendas de bacalhau seco foram incentivadas por uma política promocional, desequilibrando o crescimento das vendas de bacalhau demolhado ultracongelado, onde era expectável um crescimento mais acentuado.

Relativamente à Pascoal, as vendas seguiram a tendência global, respeitando a estratégia comercial definida.

Quais as principais tendências de consumo no nosso País?

O consumo está globalmente estável.

A disparidade de políticas promocionais que estão a ser utilizadas pela distribuição moderna aplicada ao bacalhau seco e ao bacalhau demolhado alteraram as tendências de consumo entre os dois conceitos.

A tendência expetável para o consumo é para se verificar um decréscimo do consumo de bacalhau seco e um maior crescimento do bacalhau demolhado.

Onde estão as principais oportunidades de crescimento ?

Devido à conveniência associada ao conceito, entendemos que o crescimento dever-se-à verificar no bacalhau demolhado através do canal horeca, restauração coletiva e do consumo doméstico, em todas as classes com idade inferior aos 50 anos.

O setor do bacalhau está a beneficiar da tendência de consumo de alimentos saudáveis e com benefícios para a saúde que se verifica no mercado português?

O bacalhau como é um peixe selvagem, é considerado um alimento saudável e benéfico para a saúde, sendo esta tendência não só portuguesa, mas principalmente europeia, quer para o bacalhau demolhado quer para o bacalhau fresco.

Quais as principais inovações para conquistar a atenção e a carteira do consumidor português?

A melhor qualidade das peças mais nobres para conquistar as classes A e B. A adaptação dos cortes e embalagens à carteira das classes C e D deverão ser consideradas em todos os processos de inovação para estabilização ou conquista de mercado.

Pensamos também que subir na cadeia de valor acrescentado, será um caminho a seguir.

Com a época natalícia à porta, qual a vossa estratégia para recrutar novos consumidores e atrair os consumidores tradicionais?

A utilização das novas tecnologias de comunicação será, sem dúvida, um caminho para recrutar novos consumidores, mantendo a aposta na qualidade e na melhoria do compromisso preço/qualidade.

Em 2016, verificou-se uma antecipação e uma maior agressividade nas campanhas promocionais para o natal, prevendo-se igualmente fortes vendas para dezembro.

Quais as principais dificuldades para fazer crescer as vendas no mercado interno?

Num ambiente em que há uma grande preocupação na redução do consumo proteico, considerando que o bacalhau é um produto com uma vertente muito tradicional e que a população portuguesa não está a crescer, adivinha-se alguma dificuldade em manter o crescimento deste mercado.

Qual a estratégia para cada um dos canais de distribuição?

Considerando que os canais de distribuição moderna canalizam cerca de 90% das vendas de bacalhau, e considerando também que a agressividade comercial entre as diversas insígnias é muito grande, serão essas estratégias que irão definir a possibilidade de se manter as vendas, tendo a indústria pouca margem para influenciar esse crescimento.

Qual a estratégia na frente internacional? Quanto representa a exportação no volume de negócios?

A exportação na Pascoal representa cerca de 25% do volume de vendas.

Os mercados lusófonos continuam a ser muito importantes, apesar das dificuldades conhecidas no mercado angolano.

O chamado “mercado da Saudade” tem mostrado estabilidade, embora com muita sensibilidade às variações de preço.

De notar que neste mercado competimos diretamente com os fornecedores noruegueses que, como detentores de matéria-prima, têm sido comercialmente agressivos.

Poderemos concluir que os mercados internacionais poderão ser definidos por estratégias de manutenção das áreas que tradicionalmente consomem bacalhau salgado e pelo desenvolvimento de mercados novos que procuram soluções alimentares mais globais, mais inovadoras utilizando produtos conhecidos noutras culturas gastronómicas.

Neste sentido, a Pascoal com a sua análise de mercados, que considera correta, tem desenvolvido inovação suficiente para se adaptar ao mercado, tal como o fez quando apresentou pela primeira vez o bacalhau demolhado ultracongelado, criando o conceito que, ao fim de vinte anos está perfeitamente estabelecido e com tendência firme de crescimento.

 

 

 

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