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Ervideira quer passar os €2milhões de faturação com novo vinho criado nas profundezas do Alqueva

Por a 25 de Maio de 2016 as 15:33
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Duarte Leal da Costa, sócio e diretor da Ervideira

A Ervideria inovou no conceito de amadurecimento dos vinhos. A produtora alentejana afundou milhares de garrafas nas águas do Alqueva, deixando-as submersas durante seis meses. Deste processo emergiu o Vinho da Água, que vem reforçar o objetivo de ultrapassar este ano os “dois milhões de euros” de faturação, que está estagnada “desde 2007”.

Algumas quebram-se, outras não chegam a ser encontradas nas águas da albufeira do Alqueva. A produtora alentejana Ervideira lançou, em outubro do ano transato, 32 mil garrafas de vinho para as profundezas do lago sustentado pela barragem erguida no rio Guadiana. Seis meses depois, o Cond’Ervideira Reserva Tinto 2014 veio à superfície, emergindo uma nova marca no mercado – o Vinho da Água.

A inovação representa uma nova forma de estágio no setor vitivinícola nacional. A Ervideira apresentou a nova referência no passado dia 16 de abril, quando começou a retirar as primeiras caixas, no cais da Amieira Marina, no concelho de Portel, Évora. Até ao final da manhã, tinham sido encontradas 14 mil das garrafas afundadas e os mergulhadores envolvidos no processo procuravam as restantes seis caixas, dispostas entre 22 metros a 36 metros de profundidade.

4E1C8206No fundo do rio, o vinho permanece a uma temperatura 17 ºC. “Podemos dizer que o estágio debaixo de água dá uma maior integração a todos os parâmetros do vinho. Nota-se um maior potencial de envelhecimento”, explica ao HIPERSUPER, Duarte Leal da Costa, sócio e diretor da Ervideira.

“A ideia não é nova. Já foram feitas experiências semelhantes no Mediterrâneo com ‘champagnes’. Começamos a colocar as primeiras garrafas em outubro de 2014. Quatro caixas com 12 garrafas cada do Cond’Ervideira Reserva de 2002. Procuramos um vinho mais velho para prevenir alguma interferência no estágio. Quando retiramos e provamos, eu e o enólogo – Nelson Rolo – pensamos que este processo teria grande potencial de desenvolvimento. E resolvemos colocar em outubro do ano passado um grande volume de caixas”.

O Vinho da Água segue agora para o mercado, a 19 euros por unidade, acima dos 14 euros do valor de mercado do Cond’Ervideira Reserva Tinto 2014. Para o diretor, “a margem de diferença entre os vinhos não é muito grande. Não traz nenhuma vantagem financeira. Seguramente que o diferencial de preço entre os dois não compensa o valor investido neste processo. Mas vai compensar brutalmente o consumidor”´. O público-alvo da casa alentejana passa pelas classes “média alta e muito alta”.

4E1C8219Ervideira fatura 350 mil euros com ‘wine shops

A nova marca vai estar à venda no El Corte Inglés, mas destina-se principalmente a “restaurantes e garrafeiras especializadas, canal que representa cerca de 95% das vendas”. Onde certamente se poderão encontrar é nas três ‘wine shops’ próprias da Ervideira. A produtora abriu a primeira loja em 2012 na adega, junto a Reguengos de Monsaraz, e a segunda em Évora. A mais recente inauguração deu-se também em Reguengos de Monsaraz, em fevereiro de 2015, vocacionada para o afluxo de turistas naquela pequena vila alentejana. “No ano passado tínhamos uma previsão de faturação das ‘wine shops’ de 190 mil euros e faturámos mais de 350 mil. Este ano queríamos atingir um pouco mais”.

Além disso, já chegaram notas de encomendas do novo vinho para mercados como “China, Brasil, Luxemburgo, Bélgica, Holanda, Alemanha e Suíça”, desvenda o diretor da produtora. A empresa 4E1C8256exporta o seu vinho praticamente desde que nasceu. “Começamos a produzir vinhos em 1998 e em 2000 começamos a exportar para o Luxemburgo, EUA, Hong Kong e Macau”. E este ano aposta no desenvolvimento no mercado dos Estados Unidos, que tem sido um mercado “fraco”.

No último ano, a Ervideira atingiu uma faturação de 1,8 milhões de euros, valor que tem estado estabilizado desde 2007. “Estamos já a crescer em preço médio de garrafa, o que nos deve indicar que vamos crescer em faturação. O nosso objetivo para este ano é passar os dois milhões”.

Existe a possibilidade de no futuro a Ervideira fazer nascer novas variedades do Vinho da Água. O diretor pretende continuar com a experiência, alargando a testes “com brancos, espumantes e por aí fora. Vamos sonhando”.

Esta inovação tem ainda o privilégio de se desenvolver junto da Barragem do Alqueva, empreendimento com “mais de mil quilómetros de costa”. “Todas as entidades, como a ARH (Administração da Região Hidrográfica), a Comissão Vitícola, a EDIA (Empresa de Desenvolvimento e 4E1C8263Infraestruturas do Alqueva), entre outras, tiveram que ter conhecimento do processo e autorizar. Todas estas entidades foram motivadores e alavancadoras deste processo. Tiverem interesse neste processo avançar”.

A produtora tem uma relação histórica com a região, por ter “trazido do Dão a casta touriga nacional para o Alentejo”. “Era proibida aqui. Quando a trouxemos, em 1991, plantamos e apelidamos de trincadeira nacional. Só a partir de 2000 é que esta casta passou a ser autorizada nesta zona do País”.

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