Destaque Distribuição Homepage Newsletter

Nobel da Economia, Paul Krugman. “Economia diz que Europa estará em crise por muito tempo”

Por a 5 de Maio de 2016 as 17:42

NYT_Twitter_Krugman_400x400O economista norte-americano Paul Krugman, vencedor do Nobel de Economia em 2008, foi um dos convidados do VI congresso da APED, que decorreu nos últimos dias 3 e 4 de maio, no Museu do Oriente.

Paul Krugman diz que “a política de austeridade europeia é esmagadora”. O norte-americano compara o modelo europeu com o dos Estados Unidos, mostrando uma política diferente perante situações de crise. Enquanto, as medidas aplicadas nos EUA passam pelo “investimento” para incentivar o desenvolvimento, na Europa há “uma obsessão com a austeridade”, considera.

“Os rigor das medidas não é apropriado dado a natureza do problema. O problema não é que os países estão a ser fiscalmente indisciplinados. Existe um difícil ajustamento perante a fraqueza atual da economia europeia”.

O responsável diz que o investimento público ajuda a impulsionar o crescimento económico, e que países como a “Alemanha e a França” deveriam estar a gastar “muito mais” nos seus mercados internos, para promover o crescimento de toda a zona Euro.

Portugal sofreu com a crise a “mesma síndrome que todos os países da periferia da Europa”, nos quais a “indústria se tornou menos competitiva e a economia quebrou”. O país “não vai chegar a uma situação extrema como a Grécia”, acredita Paul Krugman, que elogia as políticas do novo Governo no alívio à austeridade e diz que a dívida portuguesa “dá para gerir”.

“Há espaço para aliviar um pouco a austeridade. A Comissão Europeia está obcecada com os números mas os mercados económicos não vão entrar em pânico com a diferença de um ponto no PIB, o que pode fazer a diferença em tornar os custos de vida mais toleráveis e manter a situação política em geral mais estável. E se quando os grandes países violam os acordos são facilmente perdoados, os pequenos países também devem ter mais esse direito”.

Em termos da situação macroeconómica, o economista “não acredita que o Governo português possa fazer grandes diferenças. “Não há muito o que o Governo possa fazer. As alterações mais profundas infelizmente não serão possíveis sem consentimento da União Europeia. Há demasiados constrangimentos mas nada dramático. O que pode fazer é tentar tornar a vida mais fácil para as pessoas que sofrem mais com a crise e criar mais emprego”.

Os aspetos que mais preocupam o economista em relação à Europa são “deflação e o número de trabalhadores ativos”, sobretudo em Portugal, cuja taxa de mão de obra disponível está a cair a um ritmo muito abaixo da média da zona Euro. A emigração e a falta de oportunidades que afetam o País e a União Europeia formam mais motivos para “se abrandar na austeridade”.

“A partir de 2011/2012 dá-se uma queda da população trabalhadora na Europa e a deflação sobe para um patamar difícil de recuperar. O tecido empresarial e os mercados estavam convencidos que o Euro ia quebrar nessa altura e entraram em pânico. As medidas implementadas para travar a situação quebraram o ritmo de crescimento”.

Apesar de não ter entrado em ruptura, o que “a economia diz que a Europa se vai manter em crise por muito tempo”. No entanto, o norte-americano considera que a “prespetiva não tem que ser tão má” e está otimista com o crescimento. “Diria que não vivemos uma era semelhante à grande depressão mas estamos na altura logo após a grande depressão”, compara Paul Krugman.

Deixe aqui o seu comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *