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Estudo. Logística é “cluster” prioritário para economia angolana

Por a 28 de Abril de 2016 as 15:12

AngolaA história de Angola ainda agora começou, considera Rui Miguel Santos, Presidente da CESO Development Consultants, por ocasião da apresentação do estudo “Logística em Angola”, que teve lugar recentemente no Parque das Nações, em Lisboa, para dar conta do manancial de oportunidades que aquele país oferece aos investidores dos setores agro-industrial, logístico e retalhista.

O gigante africano alcançou resultados notáveis do ponto de vista social e económico na última década, depois de colocar um ponto final na guerra que assolou o país. Reduziu a taxa de incidência da pobreza de 60% para 36%. Baixou a taxa de mortalidade infantil para metade, em cinco anos. O índice de desenvolvimento humano (fome) que registava 0,337 no início do século subiu para 0,532. Falta agora criar emprego e a estratégia do Governo passa por apostar em três setores fundamentais para alcançar este objetivo: agricultura, indústria transformadora e logística. A produtividade no setor agrícola cresceu 60% em cinco anos. A indústria transformadora, por sua vez, multiplicou a atividade em duas vezes e meia. E ambas dão emprego a três milhões de angolanos.

O último censo realizado em Angola trouxe uma surpresa. Os dados preliminares do estudo de 2014 dão conta de 24 milhões de habitantes no País. Segundo o censo anterior, moravam 17 milhões de pessoas em Angola. “O mercado é maior do que imaginávamos”, explica Rui Miguel Santos. “A esmagadora maioria são jovens, a maior riqueza de Angola. A distribuição destas pessoas pelo País é, no entanto, deficitária. Mas é essa a função da logística: encurtar distâncias e aumentar a taxa de densidade”.

O Governo tem hoje uma visão de longo prazo, assegura. “Há uma década, a visão era muito orientada para a ocupação física do território, atualmente está mais orientada para a ocupação económica do espaço. E este crescimento económico será suportado pelo investimento em logística”. Desta forma, o setor de logística e transportes é “central e estratégico” para o desenvolvimento do País. “80% do montante vai ser aplicado no que o Governo considera os ‘clusters’ prioritários, como o setor de logística e transportes que concentra o maior volume de investimento. Mesmo com a redução das receitas petrolíferas, se há setor que não vai ser prejudicado no investimento público, é este”.

O desafio da diversificação da economia

Conquistada a estabilidade política e social, e uma vez resposta a base infraestrutural do País, é tempo de diversificar as receitas e depender cada vez menos das flutuações do mercado do petróleo, que tanto afetou a economia angolana nos últimos anos. “O setor do petróleo não cria emprego e não contribui para a estabilidade. É preciso captar divisas de outras fontes e criar emprego jovem, à boleia dos setores agrícola, comércio e serviços”.

O Produto Interno Bruto (PIB) de Angola avançou 4% em 2015, mas há um novo contexto a ter em conta. “Os motores de diversificação da economia – agricultura, comércio e pesca – estagnaram no ano passado. Novas medidas nasceram em 2016 para reduzir a dependência do setor do petróleo, aumentar a produção interna e exportar mais. E mais uma vez o setor logístico é essencial para este desenvolvimento. O desafio da diversificação está, no entanto, em curso. “De 2012 para 2014, o peso do petróleo no PIB caiu de 44% para 38%. E a indústria transformadora e a agricultura acrescentaram 400 mil postos de trabalho em cinco anos”.

Angola tem em curso um plano de desenvolvimento da rede nacional de plataformas logísticas, baseadas em infra-estruturas que já existem e noutras que ainda vão ser criadas, um investimento a ser implementada ao longo da próxima década. O investimento no homem (versus betão) e na sua diversificação – é “instrumental para a estratégia do Governo”.

Para este objetivo de aumentar exportações, a logística vai precisar de uma rede de distribuição interna. “Em 2003 e 2004, quando vivia em Angola havia dois hipermercados.  Hoje, o contexto é completamente diferente. Foi criada uma rede de distribuição, há investidores e novas cadeias a preparem-se para entrar e há um processo em curso interessante: apesar do predomínio de marcas estrangeiras, a tendência, tal como no Quénia e Nigéria, é abrir marcas de base nacional.

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