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Banca e Governo apostam na “transformação do sector agro-alimentar” em Portugal

Por a 16 de Março de 2015 as 18:25

O sector agro-alimentar português está “mais competitivo”, depois de em 2014 as exportações terem atingido os “seis mil milhões de euros”. Com um crescimento de 7,7%, representaram um terço da produção alimentar em Portugal.

“É relevante para a indústria agro-alimentar a ajuda de uma entidade financeira para desenvolver o sector”, disse o Secretário de Estado da Alimentação e da Investigação Agro-alimentar, Nuno Vieira e Brito, no passado dia 13 de Março, nas instalações do Banco Popular, que tem vindo, “nos últimos quatro anos”, a apostar no apoio ao investimento na agricultura portuguesa. Neste sentido, o banco acolheu nas suas instalações, em Lisboa, a conferência “O sector agro-alimentar português: do campo às mesas”, organizada em parceria com a Food & Nutrition Awards.

No ano passado, o “investimento no desenvolvimento subiu 0,9%” para o sector agro-alimentar, que “cresceu 3,9% em inovação”. Portugal exportou mais 7,7%, reduzindo o “défice alimentar em 600 milhões de euros”. Enquanto as exportações atingiram o total de “seis mil milhões de euros”, as importações neste sector “cresceram 2,5% em 2014” para Portugal, revelou o Secretário de Estado presente na sessão, onde destacou o apoio regional.

O Governo quer “posicionar-se mais junto dos agricultores”, e apoiar a internacionalização num sector que “é cada vez mais global”. A industrialização é o foco do investimento, “até 200 mil euros”, a serem aplicados no “desenvolvimento regional” do agro-alimentar, sector que corresponde “16% a agricultura e 52% a indústrias de transformação”.

Com as exportações a representarem um terço da produção, no último ano o País registou crescimento de “80% dos produtos com destino ao Médio Oriente” e a Venezuela importou de Portugal “mais 96%” no sector alimentar. O Azerbeijão foi para onde as exportações portuguesas mais aumentaram, com um crescimento superior a 200%, assim como para Turquia, onde o volume cresceu acima dos 60%. Ao contrário do esperado, a Rússia, que significou uma “quebra para as exportações portuguesas em 2012”, no ano anterior aumentou 40%.

O representante do Governo revelou ainda que, no último ano, Portugal foi o “país que mais cresceu” no ranking mundial de competitividade do Fórum Económico Mundial. O País subiu 15 posições para o 36º lugar. “Um dos departamentos em que Portugal mais avançou em 2014, relaciona-se com os indicadores de sofisticação empresarial”.

Na próxima sexta feira, dia 20 de Março, o Ministério da Agricultura e do Mar vai apresentar a estratégia para a investigação e inovação agro-alimentar e florestal até 2020, projecto para o qual conta com quatro mil milhões de euros de fundos europeus.

Na sexta feira da semana passada, o Banco Popular juntou em debate, ainda na conferência, António Jorge do Grupo Sugalidal, produtor mundial de concentrado de tomate, Lourdes Hill do IAPMEI, Pedro Queiroz da Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares (FIPA), Domingos Santos, da Federação Nacional das Organizações de Produtores de Frutas Agrícolas (FNOP), Humberto Teixeira, CEO do grupo Hubel que está a apostar na produção de framboesas no Algarve, e Carlos Freire Coordenador Executivo de Marketing do Banco Popular.

É unânime entre os oradores que, em 2014, o referido sector foi o que registou “mais desemprego em Portugal” e que, mais do que apostar na produção dos alimentos, é necessário acompanhar os “jovens produtores” para que saibam o que o mercado precisa.

Humberto Teixeira destacou que quando a empresa iniciou a produção de framboesas no Algarve, teve dificuldades em encontrar mão-de-obra disponível, tendo até que importar. “O que não se compreende, dada a taxa de desemprego actual”.

O Banco Popular antevê uma “transformação no sector para os próximos tempos”, estando a trabalhar no “conceito de proximidade e especialização dos profissionais”. O responsável pela entidade bancária, activa em Espanha e Portugal, destacou que o grupo “aborda e analisa de forma diferente as propostas para este sector, desde a produção à distribuição, em comparação com as de outros serviços”.

A nível da promoção, no exterior, a conclusão dos vários agentes na indústria foi de que é necessário unir os produtores para “elevar Portugal como uma marca de confiança e qualidade”. Como é papel da Portugal Sou Eu, cuja organização esteve representada por Lourdes Hill, revelando que, para atribuição do selo que reconhece a produção nacional, as empresas necessitam de “30% de origem nacional”, valor que sobe para os “50% no caso do arroz”.

Pedro Queirós destacou as micro e pequenas empresas como “as mais fortes” lá fora. “Há pequenas empresas que tem muita actividade no exterior e precisam de matéria-prima para produzir que têm dificuldade em encontrar em Portugal”, como foi o caso de uma “empresa em Bragança que teve que importar alhos para produzir e poder exportar”, revela a Lourdes Hill.

O responsável da FIPA insistiu ainda numa “política conjunta, estruturada e continuada, que evidencie a marca Portugal”, através da união entre sectores, evidenciando que o País “tem dificuldade em comunicar o seu valor”.

 

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