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As tendências do retalho alimentar

Por a 8 de Outubro de 2014 as 12:04

A experiência de venda a retalho passa por tempos de exigência. Com um consumidor que dispõe de ferramentas tecnológicas, a deslocação até à loja pode ser tempo desperdiçado.

Estima-se que os portugueses passem em média 34 minutos dentro da mercearia a escolher os produtos e aquele número tende a diminuir à medida que os anos passam.

Por outro lado, qualquer parte do mundo está mais acessível com o desenvolvimento dos meios de comunicação e transporte, que encurtaram as distâncias espaciais. O retalho está em fase de mudança e adaptação a um cliente difícil de fidelizar, que procura mais escolha, personalização e participação dos comerciantes no momento da compra. Eis as principais tendências para o retalho alimentar:

O sistema Drive: alimentação em versão e-commerce

O primeiro drive em supermercados surgiu em França em 2004. Actualmente, os franceses contam com cerca de 3000 drives que deverão gerar perto de 5000 milhões de euros este ano. Em Portugal, o Jumbo é o retalhista pioneiro neste conceito, que ainda não conquistou muitos portugueses. O conceito permite evitar a deslocação até ao supermercado, ao encomendar as compras pela internet. A falta de tempo leva a que as plataformas comerciais estabeleçam um ponto de recolha dos produtos encomendados, com a garantia do preço praticado em loja. Segundo dados da Kantar Worldpanel, Portugal ainda é dos países que menos compra pela internet, com apenas 8% dos consumidores a recorrer ao e-commerce. A nível mundial é esperado um aumento de 47% nos próximos dois anos. A empresa de estudos de mercado estima que em 2016 o lucro do comércio online chegue aos 39,1 mil milhões de euros.

Smartshopping e crowdshaping

O smartphone tornou-se um objecto indispensável para os consumidores. Capaz de ir buscar informações como promoções ou preços, é um importante aliado das marcas na comunicação com o consumidor. Graças a este aparelho, o cliente pode receber a ficha descritiva completa dos produtos e das lojas, facilmente em qualquer lugar. Os dados da Kantar apontam para que no final deste ano o número e dispositivos móveis com ligação à rede exceda o número de pessoas do planeta. Segundo o Fórum do Consumo, presidido pelo professor José Rousseau, consultor de distribuição, “em 2014, a multidão conectada chega à maioridade”. As alterações dos hábitos de compra levaram à definição de um perfil mais ambíguo para o comprador actual. Consumidores sempre conectados formam perfis menos personalizados. Deste modo, os dados partilhados deixam de ser as músicas ou livros preferidos do utilizador, que vagueia por aí com os dispositivos móveis e regista toda a informação que lhe salte à vista por qualquer motivo. A omnipresença de dados leva a que o indivíduo fique ligado a diferentes “nichos de públicos para uma maior captação de informação”, que respondem a necessidades em qualquer horário e situção, seja num avião, num escritório ou numa situação inesperada. Da amplitude de serviços presentes no dia-a-dia, como os meios sociais, históricos de internet, comércio electrónico, listas de leituras, audiovisuais e musicais ou serviços de GPS dos smartphones, nasceu o Crowdshaping. O serviço revolucionário na interactividade entre clientes e empresas, é capaz de detectar as preferências dos utilizadores, através dos comportamentos registados passivamente com a constante ligação à rede. A formatação de perfis pelo registo de actividade vem facilitar a vida dos comerciantes na percepção das preferências dos seus públicos, uma vez que compila os passos dados nas compras via online

Maior investimento no aspecto das lojas

Com o auge do drive e do comércio electrónico, torna-se um imperativo categórico a apresentação dos espaços. Os comerciais comprometem-se com a revalorização da experiência de compra na loja. O objectivo é trazer mais vontade às pessoas de se deslocarem até aos espaços de venda de frescos – fruta, verdura, pão e carne – os produtos mais depressa escolhidos para revitalização nos supermercados. São privilegiadas novas técnicas de disposição, recursos humanos mais competentes e produtos rigorosamente seleccionados.

Dentro desta tendência surgem as Pop up stores. Criadas em 1999, são espaços de exposição temporária com edições limitadas. Acompanham a emancipação de uma geração que valoriza o “viver o momento” e os factores “aqui, agora, já”, segundo o Fórum do Consumo. As Pop up stores apostam na novidade e num aspecto mais cuidado, para “afirmar um sentido de urgência e satisfação com a compra dos bens enquanto lá estão”. O factor “novidade” é “sinónimo de divertimento e cria uma sensação de excitação e aventura nas compras”. Esta tendência acompanha uma “economia de experiência”, onde o retalho é “palco de experiências memoráveis”.

Possível fim do modelo “hard-discount”

Criado pela alemã Lidl, o conceito de “hard-discount” está a entrar em desuso. Este modo de exposição passa pela descarga directa dos artigos no local de venda, onde o cliente pode ver a oferta disponível, em qualidade e quantidade. Assim, evita-se a necessidade constante de reposição, o que gera uma poupança de recursos humanos pelas empresas. A medida agrada a países como Inglaterra e Irlanda, onde este método prossegue a sua escalada, contrariamente à tendência mundial. Com um consumidor mais exigente, com gosto por experiências sensacionais no acto de compra, este modelo não oferece o cuidado e a valorização necessários para sobreviver no actual mercado.

Guerra de preços entre marcas com a diminuição do consumo

Um estancamento do consumo afectou a venda dos retalhistas. Com o aperto financeiro, os grandes mercados mundiais presenciam um consumidor menos compulsivo e mais sensível ao preço. A fidelidade dos clientes também se torna um ponto de risco para as marcas, dado a abertura constante de novos metros quadrados comerciais com novas soluções económicas. Há menos consumo e mais oferta, o que leva a uma forte competição entre marcas, fazendo comparações de preços a toda a hora. O desespero para aumentar as vendas faz com certas empresas pratiquem o reembolso automático da diferença de custos quando o cliente encontra um preço mais barato.

Globalização e expansão

Todas as insígnias alargam cada vez mais o seu terreno operacional. Com mais meios de comunicação e transportes disponíveis, as empresas conseguem levar os seus produtos a novas áreas de incidência. Já não se fala em novas cidades ou países mas sim em novos continentes. As multinacionais Walmart, Carrefour e Casino, por exemplo, estão presentes na América, Europa e Ásia. O grupo francês Auchan realiza 60% do seu volume de negócios fora do seu mercado doméstico.

Amazon Fresh: um novo gigante no sector alimentar

A ideia é levar os produtos disponíveis dentro das cidades até casa, sem que as pessoas necessitem de se deslocar para tal. A Amazon Fresh estabeleceu uma parceria com vários retalhistas e leva até aos consumidores o seu “carrinho de compras”, que pode juntar artigos de mercearia e equipamentos tecnológicos na mesma entrega. É possível seleccionar o modo de confecção, artesanal e industrial, as marcas pretendidas e o tempo que leva a receber os produtos. Tudo isto se processa via internet, onde foi lançada a aplicação para aparelhos móveis “Amazon Fresh”, responsável por guardar as encomendas, registar as preferências e ajudar os utilizadores a fazerem a sua lista de compras em minutos, além de sugerir e disponibilizar receitas. A empresa tem parceria com vários vendedores locais e online, sendo que os produtos saem também de restaurantes, artesanato de alta qualidade e profissionais de vinhos. A retalhista mostra a intenção de expandir este serviço de recolha das compras de cada cliente, mas para já, tem apenas três pontos de negócio fixados em Seattle, S. Francisco e Los Angeles. Os custos de transporte para compras acima dos 35 dólares são grátis e a compra mínima está no valor de 10 dólares. O cliente pode escolher receber as suas compras à hora do pequeno-almoço ou ao jantar.

 

 

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