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Como vender em 140 caracteres?, por Pedro Fernandes (Edigma)

Por a 25 de Agosto de 2014 as 17:16

Por Pedro Fernandes, director de marketing da Edigma

A 15 de Janeiro de 2009, um Airbus levanta voo do Aeroporto de LaGuardia, Nova Iorque, com destino a Seattle. Eram quase 15h30, e o voo foi bem mais curto do que o esperado. Minutos depois de ter levantado, o piloto é obrigado a fazer uma manobra de emergência e pousa no rio Hudson. A notícia propagou-se imediatamente no Twitter, com vários utilizadores a relatar a experiência ao vivo. Apenas 15 minutos depois a notícia surgiu nos principais órgãos de comunicação social.

Foi também no Twitter que, em primeira mão, foi anunciada a morte de Osama Bin Laden, através de um ex-colaborador de Donald Rumsfeld. Outros eventos de relevo mundial, como a existência de água em Marte, a morte de Whitney Houston ou os atentados na Maratona de Boston, foram também tornados públicos através do Twitter.

Esta rede social está actualmente avaliada em quase 22 mil milhões de dólares. Os dados existentes mostram que os seus 255 milhões de utilizadores mensais utilizam a plataforma como um meio de comunicação, tornando-a numa ferramenta de partilha de informação por excelência e que frequentemente se antecipa às mais prestigiadas cadeias noticiosas.

Dentro em breve, esta plataforma poderá ser muito mais do que isso.

Comprar no Twitter

Em Janeiro deste ano, foram publicadas algumas imagens de uma ‘app’ chamada ‘Fancy’ mostrando um botão que permite comprar produtos directamente através do Twitter. Apesar de nada ter sido confirmado oficialmente, foi um indício daquilo que pode estar em desenvolvimento.

Em Maio, foi anunciada uma parceria com a Amazon que permite aos utilizadores adicionar um produto ao carrinho de compras escrevendo um tweet. Embora esta integração não permita o pagamento através do Twitter – essa componente é efectuada pela plataforma da Amazon – é mais um passo desta plataforma na direcção do e-commerce.

Mais recentemente, a 16 de Julho, o Twitter anunciou a aquisição da ‘CardSprings’. Esta empresa permite que retalhistas criem cupões online que são associados a um cartão de crédito. Quando o utilizador faz compras numa loja física, recebe o desconto associado ao cupão. Numa fase inicial, esta integração requer que o utilizador escreva uma frase específica para associar o cupão ao seu cartão de crédito. É expectável que no futuro seja apenas preciso clicar num botão.

Com esta ferramenta, o comércio local pode criar promoções geolocalizadas e captar clientes através da Internet, fazendo a transição do online para o offline. A mensurabilidade e rastreabilidade destas campanhas são outra vantagem.

Existem rumores que o Twitter irá permitir comprar produtos com um simples tweet a tempo da próxima época natalícia. Se tal vier mesmo a acontecer, podemos estar perante uma nova fase do comércio electrónico, na qual a ausência quase total de fricção neste processo de compra associada aocontexto da mesma – não é preciso visitar uma loja online, basta que o utilizador esteja numa rede social – poderá ter um impacto significativo no comportamento do consumidor. Existem três factores a contribuir para este impacto: 1) a confiança na marca que “tweeta”, 2) o carácter impulsivo deste tipo de compras e 3) um processo de compra rápido, intuitivo e sem fricção.

O sucesso desta (e de outras) iniciativas depende de inúmeros factores, alguns dos quais o Twitter não controla, e muitos dos quais este autor desconhece. Praticar futurologia em tecnologia devia ser considerado um desporto radical. Ainda assim, se fosse retalhista sentir-me-ia bastante optimista com estas notícias.

 

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