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ADN da Distribuição: O Sexto Sentido, por José António Rousseau

Por a 28 de Julho de 2014 as 17:50

Por José António Rousseau, consultor e docente no IPAM/IAD

ADN da Distribuição

20º e último gene: Processos/Tecnologias

O sexto sentido – 4ª parte

O futuro não é ficção, o futuro é sempre o amanhã, e o depois de amanhã, do presente. Por vezes, existem visões que até parecem estar para além do futuro revestindo uma auréola de impossibilidade total de um dia acontecerem que, com um ar resignado ou consternado, nos fazem pensar que já não seremos nós ver, talvez os nossos filhos.

Também na área da Distribuição, algumas das soluções ou propostas apresentadas em termos de novas tecnologias, parecem quase ficção científica, do género daquelas que quando jovens líamos na colecção Argonauta.

Um destes casos foi recentemente apresentado por Patty Maes e o seu aluno Pranav Mishy, no MIT, onde ambos trabalham, em projectos do departamento de Media Lab, fortemente apoiados pela IBM e cuja sessão de demonstração em vídeo circula na Net. O projecto, a que chamaram de Sexto Sentido, pretende facilitar o acesso das pessoas a informações que possam ser relevantes para a suas tomadas de decisão, em diferentes áreas das suas actividades diárias, pessoais ou profissionais.

É verdade que nos dias de hoje, todos nós já podemos abrir o computador, navegar na Internet e obtermos num site ou através do Google ou outro qualquer motor de busca, muita da informação mais comum ou da meta-informação que necessitamos para construir os nossos processos de decisão mas, nem sempre a Internet está acessível quando e onde dela necessitamos.

Patty e Pranav, para ultrapassar esta limitação, propõem-nos um pequeno equipamento constituído por uma câmara web, munida de um sistema de projecção e de um espelho que permite a qualquer pessoa fazer verdadeiros actos de magia, de sonho ou de fantasia. Por exemplo, se virmos algo que gostássemos de registar, com um simples gesto de enquadramento de dedos, tipo foco, podemos fotografar e depois projectar as fotos obtidas numa das paredes da nossa casa ou escritório e seleccionarmos ou manipularmos as que pretendemos guardar.

Se necessitarmos de fazer uma mera operação matemática ou um telefonema e não tivermos connosco uma calculadora ou o telemóvel, poderemos simplesmente projectar um teclado na palma de uma das nossas mãos e fazer as contas ou digitar os números pretendidos para efectuar o telefonema. Se, no supermercado onde estamos a fazer as compras, tivermos dúvidas sobre algum dos produtos que pretendemos adquirir, podemos projectar na sua própria embalagem as informações adicionais que pretendermos, inclusive, a comparação do seu preço com o preço praticado nos supermercados concorrentes da mesma zona de influência.

Numa livraria, ao folhear um qualquer dos livros expostos, poderemos, na sua capa ou ao virar das páginas, ler comentários críticos ou ver anotações sobre a obra ou suas personagens e conteúdos. Ao ler um jornal poderemos igualmente nas suas próprias páginas e sobre o texto das notícias que estivermos a ler, ver as imagens vídeo dessas mesmas noticias como num se dum ecrã se tratasse.

E, se quisermos saber as horas e não tivermos como o fazer, poderemos sempre desenhar com os nossos próprios dedos um relógio no nosso próprio pulso e saber que horas são naquele preciso momento. E, porventura a mais perigosa porque demasiado intrusiva, ao encontrar alguém na rua ou em qualquer outro sítio, podermos ver projectado na roupa dessa pessoa informações sobre ela que estejam disponíveis, por exemplo, no seu blog ou no Facebook.

É terrível, não é? É, mas ao mesmo tempo tem a atracção do abismo e do desconhecido tão difícil de resistir. Trata-se de uma nova forma de interacção entre o mundo real e o mundo da informação, hoje disponível sob tantas formas. Trata-se de um produto que, se for desenvolvido em série, irá concorrer com o telemóvel, em muitas das funções hoje por ele desempenhadas e até em preço, pois prevê-se que possa custar cerca de 350 dólares. No interior das lojas os consumidores disporão, através deste novo dispositivo, de um potencial inimaginável de informação que poderá mudar totalmente os actuais processos de decisão de compra, transferindo-os quase em absoluto para dentro do ponto de venda e ampliando ainda mais a importância da compra por impulso. E não é ficção, é a mais pura das realidades (continua…)

Leia AQUI a 3º parte do gene Processos/Tecnologias, da série ADN da Distribuição

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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