Distribuição Emprego & Formação

“Alargamento de horários gerou emprego”, admite Sérgio Leote, Consultor Michael Page Commercial & Marketing

Por a 24 de Junho de 2011 as 18:00

O alargamento dos horários de funcionamento das grandes superfícies e a abertura de novas lojas levou a moderna distribuição a reforçar estruturas, explica em discurso directo Sérgio Leote, consultor da Michael Page


Hipersuper (H): Que balanço faz do emprego e recrutamento nas áreas de retalho e logística em 2010? Sérgio Leote (S.L.): Face à conjuntura o balanço é positivo mas destacam-se assimetrias entre os dois sectores. No retalho foram notórias as discrepâncias entre o comportamento dos grandes players face ao pequeno retalho. Os grandes players reforçaram claramente as estruturas, com uma contribuição bastante significativa para as taxas de emprego do sector, alavancado não só pelo facto de as empresas maiores da distribuição terem aberto mais pontos de venda como também pelo facto de a grande maioria passar a ter um horário de funcionamento mais alargado. Tudo isto contribuiu para um aumento na contratação e reforço de estruturas, sobretudo nas áreas operacionais. A isto deve ainda juntar-se a entrada de novas empresas/estruturas no País e a internacionalização de alguns players para latitudes como Turquia, Espanha, Brasil, Angola, entre outras, que também contribuíram para esta tendência de contratação e reforço. Esta tendência de crescimento e contratação é, porém, bastante contrastante com a realidade do pequeno retalho, que não recrutou, reduziu o número de elementos ou acabou mesmo por não resistir e fechou portas. Na logística houve algum recrutamento, porém a tendência no sector acabou por ser negativa.

H: Mudou muita coisa no primeiro trimestre deste ano?
S.L.: Nota-se alguma apreensão por parte das empresas quando chega a hora de avançar para o reforço das estruturas. Creio que as empresas estão muito expectantes sobre quais serão os impactos das medidas de austeridade que serão implementadas e optam muitas vezes por adiar decisões estratégicas, entre as quais o recrutamento. Não raras vezes a opção passa por recorrer a soluções internas que numa primeira análise não seriam equacionadas para a posição em concreto.

H: Quais as áreas que registam actualmente maiores níveis de empregabilidade?
S.L.: A lei da oferta e da procura é fundamental para perceber as áreas que registam maiores níveis de empregabilidade. De forma clássica, as áreas técnicas têm estado a salvo destas flutuações de mercado, e aqui as áreas de IT (Tecnologias de Informação) merecem destaque pois passaram praticamente ao lado da crise, sobretudo quando falamos de linguagens ou conhecimentos muito específicos. Nalguns casos a tendência é mesmo de pleno emprego, pois o número de pessoas que detêm conhecimentos e experiência sobre determinada área é extraordinariamente baixo. Nas funções comerciais, sobretudo nos bens de consumo, os níveis de empregabilidade são bastante elevados.

Marketeers em dificuldade
H: Quais os mercados que registam maior dificuldade?
S.L.: A área do marketing tem-se revelado bastante sensível, em virtude de se acentuar a tendência de Portugal ser cada vez mais periférico ao nível da tomada de decisão nesta área.

H: Que atributos deve ter um desempregado activamente à procura de emprego?
S.L.: Atributos como pró-actividade, polivalência, flexibilidade, formação e humildade poderão ditar o sucesso de quem está activamente à procura de emprego. A pesquisa deve ser constante e o mais abrangente possível. Deve igualmente partilhar os dados profissionais com empresas de recrutamento especializadas, que podem dinamizar as candidaturas e multiplicar as probabilidades de um novo desafio profissional. A flexibilidade para assumir um desafio que seja até um pouco abaixo daquilo que se pretende é também importante, pois é mais fácil conseguir um novo projecto estando a trabalhar. A polivalência de funções é também um ponto fulcral e cada vez mais um denominador comum nos processos de recrutamento, sendo que passa muito mais por uma questão de atitude e disponibilidade do próprio candidato. O capítulo da formação não deve nunca ser descurado, seja ao nível de conhecimentos de idiomas seja até de outros domínios mais amplos.

H: Que análise faz da comparação de Portugal com a média comunitária?
S.L.: Em termos de recrutamento, Portugal continua a ser um mercado pouco maduro quando comparado com outros países comunitários. Apesar de se começarem agora a introduzir novas formas de contratação, continua a ser uma realidade pouco flexível com impactos na competitividade.

H: Há um número cada vez maior de empresas que subcontratam as operações logísticas?
S.L.: É uma tendência cada vez maior e a principal razão passa pelo facto de poderem contar com empresas e equipas especializadas, com uma estrutura de custos flexível.

 

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