Distribuição FMCG Marcas

Como será depois de 5 de Junho?

Por a 27 de Maio de 2011 as 9:44

1 – Qual deveria ser a primeira medida a tomar pelo Governo após as eleições legislativas?
2 – Relativamente ao seu sector, em particular, qual deveria ser a medida prioritária do novo Executivo?
3 – Uma ideia para o desenvolvimento do País?

Miguel Osório, Administrador de Marketing da SonaeMC
1 – A necessidade de transparência parece-me fundamental nos dias que correm, tanto ao nível do estado do País como na definição de objectivos claros que permitam aos portugueses saber para onde estão a caminhar.
2 – A Inovação é cada vez mais um factor de diferenciação e o percurso do Continente é, indiscutivelmente, indissociável de uma permanente aposta nesta área, procurando um contínuo aperfeiçoamento dos processos, produtos e serviços para melhor responder às necessidades nos nossos clientes. Neste sentido, acredito que deveria existir uma maior aposta na inovação e mais incentivos às empresas que nela investem, em especial, no sector da distribuição que tanto peso tem na economia nacional.
3 – É necessário apoiar, à semelhança do que temos feito através do Clube de Produtores, a produção nacional e os nossos produtores, contribuindo para promoção de produtos nacionais de elevada qualidade. Numa altura em que o País enfrenta grandes desafios é importante desenvolver soluções que garantam a competitividade da nossa agricultura e pescas, promovendo as melhores práticas ao nível da produção e comercialização para fazer chegar a todos os portugueses o que de melhor se produz neste sector, para equilibrar a balança de pagamentos do País e reduzir as importações.

Luís P. Santos – Global Marketing & Portugal Sales Director da Sovena
1 – Não sei se consigo responder assim tão pragmaticamente. O que sei é que antes do que quer que seja o governo tem de estabilizar as contas públicas. A forma de o fazer também não é indiferente e as metas de redução do défice devem ser cumpridas à risca para que reganhemos credibilidade nos mercados internacionais e também para que os consumidores portugueses não continuem ad eternum a reajustar o seu estilo de vida e sem confiança para apostar no seu futuro e no dos seus filhos. Creio que estaríamos todos dispostos a apertar o cinto mais uma vez e até bastante se soubéssemos que era a última.
2 – Apesar do motor do desenvolvimento em que acredito ser baseado na dinâmica das exportações e na internacionalização das empresas nacionais, julgo que o Governo tem que, antes de mais, garantir que o perfeito funcionamento do mercado interno. Para tal é absolutamente vital a monitorização próxima e eliminação eficaz das práticas de “venda com prejuízo” existentes no mercado. Estas práticas, mantidas nos termos em que existem hoje em dia acabarão por pôr em causa o tecido industrial nacional e consequentemente afectar o PIB e aumentar o desemprego. Tudo isto a bem de um, demagogicamente correcto, mas insustentável, nível de deflacção.
3 – Apostar na educação, mas de uma forma séria. Sem novas nem velhas oportunidades mas uma aposta séria, com professores sérios, seriamente avaliados, programas de formação, estabilidade curricular, apoio ao desenvolvimento dos alunos e envolvimento dos pais. Tudo feito com uma lógica de longo prazo mas começando já. Se há área governamental onde tem de haver um pacto de regime é esta … Ah e a justiça mas nessa área precisaria certamente de mais do que os 500 caracteres. Fica para a próxima legislatura!

Jorge Henriques, Director-geral da Mineraqua Portugal
1 – Não há propriamente uma só medida. Nas circunstâncias em que o país se encontra, só um conjunto de medidas combinadas poderá afastar Portugal do precipício para onde a incompetência e o oportunismo nos lançaram. Em todo o caso, direi que o futuro governo tem de ter a capacidade de dar um impulso às verdadeiras competências e coragem do povo português, mobilizar a sociedade e “ decretar”, de uma vez por todas, que a verdade triunfará sobre a mentira. Mostrar, com clareza, aos mais jovens que há verdadeiras “novas oportunidades” no horizonte.
2 – Apoiar, claramente, o sector exportador. Portugal pode exportar muito mais na área do agro-alimentar. É imperioso apoiar os projectos de fileira, premiando os que produzem com qualidade e inovação, dando condições às empresas que, mesmo em circunstâncias penalizadoras para o tecido produtivo, mantêm uma visão de longo prazo sem se resignarem. Mas, também, sinalizar o tecido empresarial com medidas que possam relançar definitivamente este sector. Não são necessárias mais leis … O que precisamos é de saber aplicar as que existem.
3 – Acreditar, sem hesitações, que Portugal não pode viver, exclusivamente, de sol e serviços. É imperioso que todos, principalmente, os decisores, reconheçam que o país necessita de uma agricultura sustentável, moderna e capaz de responder às necessidades alimentares dos portugueses. É uma questão de soberania alimentar. Necessitamos, em simultâneo, de um tecido industrial mais forte, capaz de se impor no mercado doméstico, mas voltado para o exterior, com capacidade de contribuir para o reequilíbrio da nossa balança comercial. Um país que importa mais de 70% daquilo que come, tem, urgentemente, de inverter a situação. E não vale a pena continuar a chorar sobre leite derramado. Só há um caminho: meter mãos à obra…

João Dotti, CEO da Nutricafés
1 – Dar um sinal claro e objectivo que apoia as empresas e quem trabalha com 2 ou 3 medidas eficazes e rápidas de aproveitar.
2 – Manter o IVA nos 13 %. Continuar a fomentar o turismo (não deixa de ser uma forma de exportar!!) para aumentar o consumo no sector Horeca.
3 – Apostar claramente nas exportações com medidas muito objectivas de apoio a quem exporta ou queira exportar. Tentar acordos bilaterais com países amigos (Brasil, Angola, Venezuela, etc.) para isentar ou reduzir as taxas sobre importações de Portugal.

Nuno Saraiva Ponte, Director-geral da in-Store Media
1 – Mais do que medidas bandeira isoladas, que perante a situação extremamente complexa e difícil da economia portuguesa poucos frutos darão, será mais útil indicar claramente o objectivo que o Governo pretende atingir e o caminho para lá chegar. Mas isso consta já, em parte, do programa e do discurso dos partidos. Resta que os portugueses escolham o caminho, ainda que difícil, para o melhor objectivo: aquele que nos tornará mais competitivos, mais ricos e por conseguinte mais soberanos. Neste sentido, tem de se transmitir que a melhoria das variáveis económicas só se darão pelo lado da iniciativa privada, e não pelo lado das grandes obras públicas, das prestações sociais que favorecem a inactividade, ou do sobredimensionamento dos organismos públicos.
2 – Para estimular o consumo, medida da saúde da economia, e que é o que o sector da distribuição precisa, o Estado deverá rever a sua política fiscal. No IVA, todo e qualquer agravamento deve ser muito bem ponderado, sob pena de reduzirmos ainda mais o gasto dos portugueses e de criarmos economias paralelas. Pelo IRS, também não devemos penalizar a classe média que paga impostos. De referir ainda que as famílias com maior número de filhos ou com pessoas idosas a cargo deveriam ser mais beneficiadas, por uma questão de justiça social e por uma questão de eficácia económica. É que são maioritariamente estas famílias as que produzem e consomem em Portugal. Pelos impostos às empresas, concordo com a redução da TSU, exigida pelo FMI e pela UE, como forma de aumentarmos a nossa competitividade e, desta forma, criarmos emprego.
3 – Apostar na agricultura, sobretudo nos produtos que podemos exportar com mais valias e que nos possam garantir um nível mínimo de subsistência, que está longe de assegurado, dada a subida sustentada do custo das matérias-primas e dos transportes de mercadorias, que se continuarão a verificar nas próximas décadas. Da distribuição esperar-se-á também alguma abertura a este novo paradigma e uma forte contribuição.

Beatriz Capaz, Sócia-gerente das lojas ten-to-ten
1 – Reduzir em 50% o montante pago pelo Estado a título de subsídio de desemprego, bem como o respectivo prazo de atribuição.
2 – Reduzir a Taxa Social Única dos empregadores, tendo como contrapartida, o aumento do nº de postos de trabalho.
3 – Apostar em empresas exportadoras e todas aquelas que criem valor, nomeadamente, em sectores de elevada incorporação de tecnologia e know-how.

Luis Vasconcellos e Souza, Presidente da ANPROMIS
1 – É fundamental que Governo reconheça que só pela via do aumento da produção de riqueza nacional poderá melhorar as condições de vida dos Portugueses. Para tal, deve ser criado um quadro legislativo que reconheça essa capacidade de produção e crescimento e contribua definitivamente para a mudança de atitude e mentalidade dos Portugueses.
2 – O maior desafio com que a fileira do milho se depara em Portugal, é o aumento do nosso grau de auto-abastecimento em cereais, aproveitando para isso as novas áreas de regadio que vão surgindo, entre as quais se destacam as abrangidas por Alqueva cujo perímetro de rega vai disponibilizar, no final de 2013, cerca de 110.000 hectares de novas áreas.
3 – Numa altura em que o mercado mundial de matérias-primas alimentares vive uma acentuada volatilidade de preços, importa cada país apoiar de forma decidida a sua agricultura mais competitiva. Em Portugal, a agricultura que é competitiva é, e será sempre, a de regadio. É prioritário que sejam criadas condições para aumentar a produção interna e reduzir a dependência de mercados externos. Cabe ao Estado aproveitar os fundos comunitários colocados ao serviço da nossa agricultura e concertar com os produtores nacionais estratégias que permitam o desenvolvimento desta cultura de modo aumentar o grau de auto-abastecimento em cereais e contribuir para o acréscimo do nosso Produto Agrícola Bruto.

Augusto Mateus, Economista e sócio da Augusto Mateus & Associados
1 – A confirmação do total compromisso em cumprir as metas fixadas pelo memorando acordado com o FMI, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu mas num quadro de pleno aproveitamento da margem de manobra existente para apoiar as empresas a investir na renovação dos seus modelos competitivos oferecendo segurança e confiança no papel da classe empresarial.
2 – Apoiar activamente com incentivos fiscais e boas regras de regulação as famílias e empresas que contribuam para um consumo mais racional e sustentável, dinamizando a diversidade de formatos e modelos de negócio e reconhecendo o papel determinante da revitalização do comércio na regeneração urbana.
3 – Um plano de estímulo à poupança e ao desendividamento das famílias e um plano de incentivos fiscais às empresas com bons investimentos, isto é, sustentáveis, geradores de emprego qualificado e de aumentos de produtividade.

 

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