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Uva sem grainha ganha adeptos no País

Por a 25 de Março de 2011 as 14:51

O maior produtor português de uva de mesa e de algumas variedades de uva sem grainha na Europa, está a preparar uma ofensiva em Portugal. É que até há bem pouco tempo os portugueses desvalorizavam a uva sem grainha que começa agora a estar na moda no nosso País. Atenta a esta realidade, a Herdade Vale da Rosa vai lançar uma campanha de charme para divulgar as uvas sem grainha junto de grandes superfícies e distribuidores, aos quais a empresa de Ferreira do Alentejo já vende diversas variedades de uva de mesa com grainha, assim como junto de cadeias gourmet e restaurantes que valorizam e promovem a produção portuguesa. Mas, a Vale da Rosa não despertou agora para este mercado com potencial. A Herdade iniciou a exportação de uva sem grainha em 2005 e actualmente vende cerca de 80% da produção no estrangeiro, sobretudo na Grã-Bretanha. “Os ingleses só querem uva sem grainha. O consumo é muito comum no Norte da Europa. Exportamos para cadeias de distribuição com muito peso no Reino Unido, como a Marks & Spencer e a Tesco”, revelou ao Hipersuper Ricardo Costa, responsável pelo marketing e recursos humanos da Herdade Vale da Rosa. Apesar de não haver números que precisem o consumo de uvas sem grainha no nosso País, Ricardo Costa afiança que está a crescer a olhos vistos e que dentro de pouco tempo vão estar no topo das preferências dos consumidores. “Apesar de existirem há muito tempo, as variedades de uva sem grainha não eram conhecidas porque tinham bagos muito pequenas. Mas, nos últimos anos, desenvolveram-se técnicas que permitiram aumentar o bago para dimensões atractivas. O consumo em Portugal está a crescer, sobretudo nas grandes superfícies. Em 2009, apenas 12% da nossa produção ficou em Portugal, cifra que cresceu para 25% em 2010”.

Destino 2011: Angola
Além da campanha de divulgação da uva sem grainha no mercado interno, a Vale da Rosa tem como grande desafio em 2011 conquistar Angola. “Iniciamos a exportação para Angola no final do ano passado. Correu muito bem e este ano vamos alicerçar este mercado. Estamos a ultimar uma campanha de marketing para divulgar a marca Vale da Rosa junto de distribuidores locais mas também do consumidor angolano, com investimento em publicidade na televisão”. Para chegar a 2012 com este país africano a valer entre 15 a 20% das exportações, a Vale da Rosa já estabeleceu parcerias com distribuidores locais e conta ainda com “a ajuda das cadeias de distribuição portuguesas que se estão a implementar” naquele mercado. No topo da lista dos países mais atractivos para a marca estão ainda a Rússia e a Polónia. “Para a Rússia estamos ainda a enviar as primeiras amostras de uva sem grainha, mas na Polónia o negócio vai avançar com o abastecimento de grandes superfícies”. Além de Inglaterra e Angola, a empresa exporta para os mercados italiano e francês, especialistas europeus, a par de Espanha, na produção de uva sem grainha e os grandes concorrentes da empresa portuguesa além-fronteiras. É através da qualidade que a Vale da Rosa se distingue no mercado. É o segredo do sucesso, garante o responsável do marketing da Herdade. “Fazemos bordado com as uvas. Se uma planta dá 30 cachos, seleccionamos metade. Se os cachos dão 200 bagos, retiramos 100. Tudo para permanecerem os melhores cachos e bagos. Por isso, precisamos de muita mão-de-obra. Em média, temos 350 colaboradores, embora na época de colheita a cifra cresça para 600. Somos um dos maiores empregadores na Agricultura em Portugal”. Se, na Europa, Itália e Espanha são os países mais conceituados na produção de uva de mesa, Israel e Chile destacam-se fora do Velho Continente. A Vale da Rosa recebe técnicos destes países que se deslocam ao Alentejo para dar formação e assessoria aos profissionais portugueses na área de controlo de qualidade, entre outras. E também proporciona aos seus técnicos estadias em empresas de referência na produção de uva de mesa. “Privilegiamos este intercâmbio, a formação do quadro técnico é uma aposta estratégica”.

História de sucesso
Localizada no coração do baixo Alentejo, a empresa 100% capitais nacionais plantou as primeiras videiras na década de 60 do século passado. A primeira exportação remonta a 1972, precisamente para Inglaterra, o país mais importante para a marca nos palcos internacionais. Embora o grande pulo se dê quando António Silvestre Ferreira, actualmente à frente dos destinos da Herdade, após um período no Brasil, regressa a Portugal para dar seguimento ao negócio do pai e aplica os conhecimentos adquiridos no estrangeiro na herdade alentejana, beneficiando do clima e solo ímpares da região. Uma das principais inovações, à época, é a adopção do sistema de condução em Pérgola, vulgarmente designado por latada horizontal. As vinhas altas são cobertas por plásticos e redes para antecipar a produção e prolonga-la para lá da campanha. A estratégia dura até aos dias de hoje. “Trouxemos recentemente da Sicília um sistema de estufa sofisticado, um investimento de 400 mil euros, que permitiu antecipar a produção em cerca de três semanas. Plantámos cerca de 9 hectares com as novas coberturas e começamos a colheita em Junho e terminamos em Novembro”, sublinha Ricardo Costa. A empresa tem cerca de 230 hectares de vinha (15 variedades), em dois campos de produção: Herdade Vale da Rosa e na Herdade do Pinheiro (onde produz o vinho com o mesmo nome). Cerca de 100 hectares são de uvas sem grainha. Entre as principais variedades, destacam-se as Crimson e Sugraone (sem grainha) e as Cardinal, Victoria, Palieri e Red Globe (com grainha). Cerca de 8% do total da produção tem como destino o mercado externo. A Herdade Vale da Rosa alcançou um volume de negócios de 6,5 milhões de euros em 2010. Nos últimos dez anos, plantou 130 ha de vinha, parte da qual inicia agora produção. O aumento da produção vai permitir à empresa aumentar a facturação em 2011 para cerca de 8 milhões de euros e chegar aos 400 postos de trabalho.

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