Destaque Distribuição

MDD continuará a subir em tempos de crise

Por a 16 de Novembro de 2010 as 17:19

O mais recente estudo sobre o consumo e lares consumidores da Kantar Worldpanel, apresentado hoje (Terça-feira), indica que os lares portugueses estão a comprar cada vez menos, mas em maior quantidade. Ou seja, a ida às compras resulta em cestas de compras maiores, o que para Paulo Caldeira, director de Marketing da Kantar Worldpanel, “mostra um sinal claro de racionalização e maior planeamento das compras por parte do consumidor”.

Esta conclusão de que os consumidores estão mais “afastados” dos pontos de venda é mais visível nos combustíveis (16,7%) e no têxtil (13,5%), enquanto o mercado de Fast Moving Consumer Goods (FMCG) cai 5%

Esta maior planificação e redução da ida às compras reflectem-se, igualmente, no peso das cestas em valor, verificando-se um aumento de mais de dois pontos percentuais de 2008 para 2010, passando de 26,4 para 28,6%.

Num mercado que vê o volume e valor de vendas de FMCG caírem 1,3 e 2,6%, respectivamente, os dados da consultora mostram que as cestas de compras desceram 5,5% de Agosto 2009 para o mesmo mês de 2010, salientando ainda que o preço médio também desce 1,6%.

Beneficiadas com esta conjuntura de crise – em que o desemprego é a maior preocupação por parte dos lares portugueses (62%) – saem as Marcas da Distribuição (MDD) que continuam a sua ascensão, com a quota das MDD (FMCG sem Frescos, em valor, a subir para os 33,6% no final do primeiro semestre de 2010, subida que é, aliás, corroborada por idêntico comportamento do 1.º Preço que chega aos 4,4%.

O peso da distribuição moderna nos gastos dos lares portugueses é notório, indicando os números da Kantar Worldpanel que o sector já representa 86% do valor total gasto em FMCG. Destaque ainda os números que indicam que 39% dos lares não foram às compras no comércio tradicional, sendo que os Frescos são a principal razão para esta descida do canal tradicional.

Este reforço das compras de FMCG efectuadas por parte dos consumidores na distribuição moderna reflecte-se num aumento generalizada das quotas de mercados dos players, embora as principais subidas aconteçam nos dois principais grupo – Sonae e Jerónimo Martins – com a insígnia Continente a subir 1,2 pontos percentuais (para 16,5%), enquanto o Pingo Doce cresce 0,8 pontos percentuais (para 16%), ficando o terceiro lugar reservado para o Modelo que sob 1,2 pontos percentuais (para 12,3%).

Paulo Caldeira destaca, aliás, que o “investimento em Brand Building efectuado pelos grupo está a dar os seus frutos”, salientando mesmo que “o consumidor actualmente já não fala em conceitos ou formatos, mas por insígnias”.

Destaque ainda para os números apresentados pela directora da Kantar Worldpanel, Sónia Antunes, que revelou que, em 2010, 73% dos lares portugueses sentem a crise, embora existam 13% dos lares que são da opinião que 2010 está a ser pior que 2009, grupo que é, contudo, suplantado pelos que dizem que 2010 foi melhor (16%).

A responsável da Kantar revelou ainda que para o grupo que detém opinião mais negativa referente ao presente exercício, o preço mantém-se como factor mais importante, admitindo 86% a comparação de preços entre as diferentes marcas.

A transferência de consumo de fora para dentro do lar continua a ser um facto e deverá manter-se em 2011, reforçada pelas refeições que os lares preparam em casa para levar para o local de trabalho e pelo aumento das refeições congeladas e prontas.

Apesar das principais conclusões da Kantar Worldpanel indicarem uma subida de quota das MDD, um apertar do cinto por parte dos lares nacionais e um previsível aumento dos preço, também os fabricantes poderão ter a sua oportunidade, já que “mais refeições em casa, poderá significar para alguns segmentos compras de produtos melhores e mais sofisticados para obter uma experiência de refeições do lar”. Por outras palavras, “uma oportunidade para o crescimento das categorias com valor acrescentado e para as marcas de fabricante”.

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