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Portugal “menos ladrão”

Por a 19 de Outubro de 2010 as 17:20

Portugal é o 6.º país com um índice de taxa de perda desconhecida mais baixa na Europa, ao atingir um valor de 340 milhões de euros, equivalente a 1,24% das vendas totais no retalho contra os 1,6% de 2009, contrariando, assim, as expectativas que apontavam para um possível aumento das quebras, resultado da recessão económica e do aumento do desemprego.

Este valor de340 milhões de euros significa que cada família portuguesa tem um custo acrescido equivalente a 100 euros por ano. Estas são as principais conclusões do Barómetro Global do Furto no Retalho, estudo independente patrocinado pela Checkpoint Systems que monitorizou os custos da perda desconhecida na indústria global do retalho entre Julho de 2009 e Junho de 2010.

Esta taxa de 1,24% mantém Portugal longe dos 1,29% da média europeia e ainda mais distante dos 1,36% da média global encontrada pelo Centre for Retail Research (CRR), entidade responsável pela autoria deste estudo anual.

Segundo indicou Paulo Borges, Marketing Manager Europe da Checkpoint Systems, durante a apresentação do Barómetro Global do Furto no Retalho à imprensa nacional, estes resultados demonstram “o esforço dos retalhistas, a operar no mercado nacional, no combate contra este fenómeno, tanto ao nível das estratégias implementadas como do investimento em sistemas de prevenção inovadores e eficientes”.

Em Portugal, os custos de crime no retalho atingiram os 383 milhões de euros, dos quais 286 milhões de euros correspondem a crimes por furto e 97 milhões de euros ao investimento efectuado em soluções de protecção dos artigos. Isto significa, que actualmente já existem grandes profissionais a trabalhar na questão da perda desconhecida sob supervisão da administração das empresas. Outro dado a destacar provém, do carácter europeu do estudo, e que faz uma comparação de Portugal com os restantes países, onde é possível verificar que Portugal está entre os países mais avançados nesta questão.

Relativamente a Portugal, o furto por parte dos clientes, incluindo pequenos furtos e furto organizado, foi a principal causa da perda desconhecida em Portugal dos países, ao atingir uma taxa de 48,7% (165,6 milhões de euros). Em segundo lugar surge o furto proveniente dos empregados que chega aos 97,9 milhões de euros, o que representa uma taxa de 28,8%. Por último, os fornecedores com 6,5% (22,1 milhões de euros) e os erros internos que valem 54,4 milhões de euros (16,0%).

Na apresentação, os jornalistas tiveram a possibilidade de colocar algumas questões ao director do CRR e autor do estudo, Joshua Bamfield, que admitiu que “no próximo ano a quebra no retalho irá aumentar”, salientando que “quem rouba vai continuar a roubar e a crise vai agravar esta realidade nos próximos dois ou três anos”.

Quando questionado sobre se as mais recentes medidas anunciadas pelo Governo e inscritas no Orçamento de Estado (OE) para 2011 poderá ter reflexos nesta realidade, Bamfield admitiu que “não se deverá verificar uma grande alteração nos artigos sujeitos a roubo”. Ou seja, a crise e a recessão que todos os analistas e economistas vaticinam para 2011, não significará que se furta menos artigos de vestuário para os alvos passarem a ser artigos alimentares. “Poderá registar-se uma ligeira subida no furto desses artigos, mas não será substancial”.

De acordo com o autor do estudo, “as pessoas roubam os artigos para revenda”, colocando o ênfase em produtos como calças, perfumes, leitores MP3, DVD, CD, entre outros.

Apesar deste testemunho do autor do estudo, Paulo Borges admite que Portugal sempre esteve na frente no que diz respeito à prevenção do fruto no retalho. “Os retalhistas que operam em Portugal possuem e aplicam as melhores tecnologias. Este é um problema transversal a todo o sector retalhista”.

Quanto à velha questão do RFID, o Marketing Manager da Checkpoint Systems admite que esta é uma tecnologia de mais fácil aplicabilidade no retalho especializado. “Nos retalhistas alimentares será muito difícil vermos a massificação do RFID, já que será muito difícil proteger-se todos os artigos que podemos encontrar no hiper ou supermercado, já que provêem de vários fornecedores”. Assim Paulo Borges admite que O RFID verá com mais rapidez a sua aplicabilidade no retalho especializado, mas não em todo. Ou seja, é possível que uma cadeia de lojas – tipo Zara, H&M, Massimo Dutti – que recebem os artigos de um só fornecedor ou que seja controlado directamente por eles, aplique com mais rapidez e facilidade a tecnologia.

Finalmente, a análise dos resultados do Barómetro, ao longo dos últimos 10 anos, mostra-nos que Portugal, após um período de sucessivo aumento do índice da perda desconhecida, entrou desde 2004 num ciclo descendente até 2010, apresentando inclusive, nos últimos três anos, taxas inferiores à das médias europeia e global. O desempenho positivo do mercado nacional explica-se pela maturidade do negócio do e pela adopção de medidas que articulam processos, tecnologia e pessoas, destacando Paulo Borges que “os maiores retalhistas procuram novas formas de integrar os dados dos seus sistemas de prevenção com outras aplicações de back-office, para tomar decisões mais ‘inteligentes’ contra o furto”

E concluiu: “nenhum formato retalhista, bem como nenhum artigo, estão imunes a quebras, pelo que novos desafios são esperados à indústria de retalho nos tempos que se avizinham e, como sempre acontece, por consequência à gestão de perdas, componente indispensável à protecção da rentabilidade”.

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